Tempo e Medicina

Estudos apontam que o conhecimento em nossa área é renovado quase que completamente em dez anos

Artigos

Rubens Gagliardi, presidente da Associação Paulista de Neurologia (Apan)
José Luiz Pedroso, 1º tesoureiro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN)

Publicado na edição 725 – mar/abr de 2021 da Revista da APM
Fotos: Arquivos APM e pessoal

No dicionário, ele aparece como “relativo à ideia de presente, passado e futuro”, e/ou como significância de “determinado período”. No dia a dia, é sujeito de frases de domínio público, de letras de música, de pensamentos filosóficos.

Tempo! É dele que falamos. Aliás, que nos perdoe o poeta, o tempo não para – realmente.

Na Medicina, há o lado bom: minutos e horas passam às badaladas de novas descobertas, de avanços científicos. Todos ganhamos com isso, a assistência em Saúde evolui, diagnósticos e tratamentos crescem
em precisão e em eficácia.

De fato, o tempo é revolucionário para nós, os médicos. Veja a área da Neurogenética, que tem se destacado demais em anos recentes. É imenso o valor da descoberta de novos genes relacionados a doenças que previamente tinham sua etiologia desconhecida; é um marco da Ciência.

Outro exemplo de transformação da Medicina, tendo a passagem de tempo como pano de fundo: há
menos de um ano, a Telemedicina, as teleconsultas e teleorientações nem eram regulamentadas. Hoje,
temos normatização em caráter de excepcionalidade, é fato. Só que os médicos já incorporaram essas
ferramentas como forma de qualificar e ampliar acesso e atendimentos.

Por outro lado, o tempo também cobra um preço. Você estuda seis anos, faz mais até cinco anos de uma
residência e vira médico especialista. Perfeito? Não, quase perfeito. Se não estudar mais, se não participar
de eventos de atualização, em uma década, quando muito, poderá ser um historiador da Medicina antiga.
Médico especialista, não mais.

Estudos apontam que o conhecimento em nossa área é renovado quase que completamente em dez anos. Em cinco, metade das publicações caducam.

Daí, a imperiosidade de uma atualização científica permanente, de alto nível e balizada por bons mestres. Neste sentido, as associações médicas investem fortemente no desenvolvimento continuado dos profissionais, sempre com eventos de excelência.

O tempo pode ser benéfico sempre, desde que façamos bem nossa parte de rever os conhecimentos por toda a trajetória profissional.