Aumento da resistência a antibióticos

Uma das prováveis consequências da guerra na Ucrânia para a saúde pública é a resistência a antibióticos. Um estudo da Universidade Ruhr Bochum publicado na revista Eurosurveillance mostrou que, desde o início do conflito, microorganismos hospitalares que evadem muitos antibióticos foram detectados, com frequência significativa, em instituições da Alemanha, país que tem recebido refugiados ucranianos

O que diz a mídia

Uma das prováveis consequências da guerra na Ucrânia para a saúde pública é a resistência a antibióticos. Um estudo da Universidade Ruhr Bochum publicado na revista Eurosurveillance mostrou que, desde o início do conflito, microorganismos hospitalares que evadem muitos antibióticos foram detectados, com frequência significativa, em instituições da Alemanha, país que tem recebido refugiados ucranianos.

Cepas da bactéria Klebsiella pneumoniae, detectadas em grande número em amostras de hospitais alemães desde a primavera de 2022, produzem uma combinação de duas enzimas que aumentam a resistência antimicrobiana.

“Percebemos que muitas dessas amostras tinham uma conexão com a Ucrânia: eram de alemães que fugiram de lá, por exemplo, ou de refugiados hospitalizados na Alemanha”, explicou, em um comunicado, Niels Pfennigwerth, um dos autores. Investigações posteriores provaram que realmente havia uma conexão, destacou.

A descoberta alemã vai ao encontro de um estudo publicado na revista BMJ Global Health que relatou um “aumento catastrófico” da resistência a antibióticos no Iraque, após décadas de guerras e conflitos.
As implicações são sérias e podem afetar não só a região, mas todo o mundo, advertiram os autores.
Embora a principal causa da resistência antimicrobiana seja o uso excessivo e, muitas vezes, indevido de antibióticos, fatores como contaminação por metais pesados também contribuem para um problema que, segundo a OMS, pode causar 10 milhões de mortes por ano até 2050. Explosivos, por exemplo, contêm grandes quantidades de chumbo e mercúrio, que persistem no meio ambiente, enquanto cromo, cobre, níquel e zinco são usados para revestir balas, mísseis, canos de armas e veículos militares. Segundo os autores do estudo, muitas espécies bacterianas desenvolveram resistência justamente para combater a toxicidade desses elementos.

“Em conjunto, uma infraestrutura de saúde destruída, terapias microbianas inadequadas, recursos limitados, alta contaminação por metais pesados em humanos e no meio ambiente e falta de água limpa, saneamento e higiene provavelmente desempenham papéis decisivos no aumento catastrófico de resistência microbiana no Iraque e, por extensão, regional e globalmente”, afirma Antoine Abou Fayad, pesquisador da Universidade de Beirute e principal autor.

“Entender essas ligações entre resistência a antibióticos e conflito armado, especialmente ao longo do tempo, é essencial para uma resposta global, principalmente porque há pouca indicação de que esses conflitos, em todo o mundo, diminuirão nos próximos anos.”

Fonte: Correio Braziliense/Paloma Oliveto