Treine no ar poluído e você pode perder alguns dos benefícios do exercício para o cérebro, de acordo com dois novos estudos que relacionam atividades físicas, qualidade do ar e saúde cerebral.
As pesquisas, que envolveram dezenas de milhares de britânicos, descobriram que, na maioria das vezes, as pessoas que corriam e pedalavam vigorosamente tinham volumes cerebrais maiores e riscos menores de demência do que seus pares menos ativos. Mas se as pessoas se exercitavam em áreas com níveis moderados de poluição do ar, as melhorias cerebrais esperadas quase desapareciam.
Os novos estudos levantam questões sobre como equilibrar os inegáveis benefícios à saúde ao se exercitar com as desvantagens de respirar um ar poluído. E ressaltam que nosso ambiente pode mudar o que o exercício faz – e não faz – por nossos corpos.
Um grande conjunto de evidências demonstra que, em geral, o exercício aumenta nosso cérebro. Em estudos, pessoas ativas geralmente ostentam mais massa cinzenta em muitas partes de seus cérebros do que pessoas sedentárias. A massa cinzenta é composta pelos neurônios essenciais e funcionais do cérebro.
Pessoas em forma também tendem a ter a massa branca mais saudável, ou seja, as células que apoiam e conectam os neurônios. A massa branca geralmente se desgasta com a idade, encolhendo e desenvolvendo lesões semelhantes a um queijo suíço, mesmo em adultos saudáveis. Mas a massa branca das pessoas em forma mostra lesões menores e em menor quantidade.
Parcialmente como consequência dessas alterações cerebrais, o exercício está fortemente associado a riscos menores de demência e outros problemas de memória que ocorrem com a idade.
Mas a poluição do ar tem efeitos opostos no cérebro. Em um estudo de 2013, americanos mais velhos que vivem em áreas com altos níveis de poluição do ar mostraram uma massa branca suja em tomografias e tendiam a desenvolver taxas mais altas de declínio mental do que pessoas mais velhas que moram em outros lugares.
ALERTA
Poucos estudos, no entanto, exploraram como o exercício e a poluição do ar podem interagir dentro de nossos crânios e se o ato de treinar em um ar poluído protegeria nossos cérebros de gases nocivos ou prejudicaria os benefícios de treinar.
As análises mais recentes foram desenvolvidas por pesquisadores da Universidade do Arizona e da Universidade do Sul da Califórnia.
“A observação de que a poluição do ar anula os efeitos benéficos do exercício na saúde do cérebro é alarmante e aumenta a urgência de desenvolver políticas regulatórias mais eficazes”, disse Pamela Lein, professora de neurotoxicidade da Universidade da Califórnia, Davis, que liderou estudos anteriores sobre o tema.
Fonte: O Estado de S.Paulo