O Brasil já registra mais de 5 mil casos confirmados de varíola dos macacos (ou monkeypox), segundo informações do último boletim do Ministério da Saúde. O país é o terceiro em número de infecções no mundo. Também já foram registradas duas mortes em decorrência da doença: uma em Minas Gerais e outra no Rio de Janeiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo já ultrapassou 50 mil diagnósticos.
Na última semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Ministério da Saúde a importar e utilizar a vacina Jynneos/Imvanex, fabricada pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. A expectativa é que as primeiras doses cheguem ao país ainda este mês. A seguir, O GLOBO esclarece as principais dúvidas sobre o imunizante.
Quantos tipos de vacina existem para a varíola dos macacos?
Atualmente, existem três vacinas contra a varíola dos macacos: ACAM2000, LC16 e MVA-BN (Jynneos/Imvanex). A ACAM2000 é considerada uma vacina de segunda geração, feita com vírus replicante. Isso significa que ele pode se reproduzir dentro das células humanas e causar eventos adversos graves como miocardite, pericardite e inchaço do cérebro ou da medula espinhal. Essa vacina praticamente não é usada atualmente, devido a esses efeitos colaterais e à existência de vacinas mais modernas. A LC16 é um imunizante minimamente replicante desenvolvido pela japonesa KM Biologics. Ela é feita com baixa capacidade de replicação. Já a MVA-BN, também conhecida pelos nomes comerciais Jynneos (EUA) ou Imvanex (Europa) é a mais moderna entre os imunizantes disponíveis e a mais utilizada no surto atual. Ela é feita com uma versão modificada do vírus Vaccínia Ankara (MKA), que não é capaz de se reproduzir nas células humanas. Esse é o imunizante aprovado pela Anvisa e adquirido pelo Brasil.
A vacina para varíola dos macacos é a mesma da varíola humana?
Todas as vacinas disponíveis, incluindo a Jynneos/Imvanex, foram originalmente desenvolvidas para proteger contra a varíola humana. Mas devido à proteção cruzada, elas também protegem contra outro vírus da família ortopoxvírus, incluindo o monkeypox, causador da varíola dos macacos.
Quem tomou a vacina contra a varíola humana está protegido?
Estudos mostram que, na época de aplicação, havia proteção. Entretanto, de acordo com infectologista Julio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e pesquisador da Fiocruz, não se sabe a duração dessa proteção. Vale lembrar que a campanha de vacinação contra a varíola no Brasil se encerrou em 1973, segundo informações do Ministério da Saúde. Portanto, se ainda houver proteção, ela está restrita a pessoas com mais de 50 anos.
Que países já começaram a vacinar contra o vírus?
A lista inclui Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e países da União Europeia.
O uso pós-exposição funciona?
Sim. Segundo Croda, quando aplicada em até quatro dias após a exposição, há interrupção do desenvolvimento da doença.
— Se a aplicação ocorrer entre 5 e 14 dias, é possível minimizar a gravidade do quadro —diz Croda.
Isso é possível devido ao longo período de incubação do vírus monkeypox.
Para quem a vacina é indicada?
A epidemiologista Ethel Maciel afirma que quem deve tomar a vacina são pessoas de maior risco de desenvolver a doença. Em geral, o grupo inclui homens que fazem sexo com homens, pessoas que tiveram contato com casos confirmados e profissionais de saúde.
Qual é a eficácia vacina?
Estima-se que os imunizantes disponíveis apresentam cerca de 85% de eficácia.
Quando vai começar a vacinação no Brasil?
A chegada das 50 mil doses da vacina compradas é esperada para este mês ainda. A primeira remessa terá 20 mil unidades, e o restante deve chegar até novembro. Porém, a pasta não informou quando começará a aplicação no público-alvo.
Fonte: O Globo