O Ministério da Saúde divulgou, em seu mais recente boletim epidemiológico, os dados da síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ) no Brasil, entre 2015 e 2022. A SCZ é caracterizada por um conjunto de anomalias congênitas, estruturais e funcionais, com repercussões no crescimento e no desenvolvimento dos embriões ou dos fetos expostos ao vírus durante a gestação.
Para monitorar a ocorrência de casos e qualificar a assistência às crianças afetadas, foi estabelecida no País, em 2015, a vigilância epidemiológica desta síndrome, a partir de notificações de casos suspeitos e confirmados da doença no Registro de Eventos em Saúde Pública.
Entre os anos de 2015 e 2022, foram notificados ao Ministério da Saúde 21.196 casos suspeitos de SCZ, dos quais 3.732 (17,6%) foram confirmados para alguma infecção congênita – sendo que desse total, 1.857 (49,8%) foram classificados como síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika.
No segundo semestre do ano de 2015, observou-se no Brasil um aumento expressivo no número de recém-nascidos diagnosticados com microcefalia em locais onde ocorria a circulação do vírus Zika (ZIKV). Na época, o País declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). Posteriormente, em fevereiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).
A infecção pelo ZIKV pode causar febre, exantemas e dores articulares – sinais e sintomas comuns, muito embora evidências mostram que aproximadamente 80% dos indivíduos infectados sejam assintomáticos. Quando essa infecção ocorre durante o período gestacional, é preconizado que a investigação dos casos suspeitos ocorra preferencialmente por critérios laboratoriais específicos.
O vírus Zika é um arbovírus da família Flaviviridae, que pode ser transmitido ao ser humano por meio da picada da fêmea de mosquitos do gênero Aedes, especialmente da espécie Aedes aegypti. A maioria das crianças com confirmação de SCZ nasceu durante o período de ESPIN, entre 2015 e 2017, sendo o Nordeste a região que apresentou a maior concentração de casos neste período.
Óbitos e investigação
Entre 2015 e 2022, 258 casos confirmados com SCZ foram a óbito. No período, foram confirmados 43 óbitos fetais em decorrência da infecção congênita pelo vírus Zika. A maioria dos óbitos ocorreu na Região Nordeste, em 2016. Em 2022, foram registrados cinco óbitos de casos confirmados com SCZ, sendo três de nascidos em 2015, um em 2016 e um em 2020.
Do total de casos notificados, entre 2015 e 2022, 3.187 (15,0%) permanecem em investigação para SCZ, com a seguinte distribuição anual: 160 (4%) do total de notificações de 2015, 665 (8%) de 2016, 338 (13%) de 2017, 345 (20%) de 2018, 497 (33%) de 2019, 355 (34%) de 2020, 338 (42%) de 2021 e 489 (66%) de 2022.
Os cinco estados com mais casos em investigação são Bahia (606), Tocantins (463), São Paulo (358), Espírito Santo (280) e Rio de Janeiro (211).