A dor na mulher é assunto de evento médico

Especialistas se reúnem na Associação Paulista de Medicina para debaterem o tema dor na mulher de forma interdisciplinar e apresentarem suas experiências

Últimas notícias

O tratamento do paciente com dor aguda ou crônica exige imparcialidade, rapidez e eficácia. No entanto, evidências robustas demonstram que as decisões dos profissionais de Saúde para controle da dor desfavorecem as pacientes do sexo feminino em comparação ao sexo masculino. Habitualmente, queixas dolorosas semelhantes em homens e mulheres são tratadas de forma diferente. Estudos clínicos mostram que nas mulheres a dor tem o estereotipo de ser julgada como menos intensa do que nos homens, além dos seus relatos serem menosprezados e ironizados

Sabe-se que as mulheres apresentam mais dores crônicas do que os homens, conforme demonstraram diversos estudos sobre o assunto. Segundo a prevalência nacional e mundial as mulheres apresentam mais dores na região cervical e lombar, no abdômen, além de de enxaqueca, fibromialgia, entre outros quadros dolorosos.

Desta forma e com esta preocupação, a Associação Paulista de Medicina (APM) realizara a sexta edição da Jornada de Dor na Mulher, para contemplar a mulher, suas dores e comorbidades, sob o ponto de vista multidisciplinar.

Apesar de ser condição comum a todos os seres humanos, as mulheres se relacionam e percebem a dor de maneira diferente dos homens, em função de peculiaridades físicas, emocionais, hormonais, sociais e culturais. Estima-se que 50% das mulheres têm maior probabilidade de receber diagnóstico e tratamento incorreto quando relatam dor (National Institutes of Health), provavelmente devido a esta combinação das peculiaridades citadas e dos vieses no sistema de saúde. A disparidade no atendimento da equipe de Saúde se estende aos médicos (as), que prescrevem analgésicos menos potentes e mais prescrições de antidepressivos para alívio da dor.

A visão dos especialistas

“O modelo biopsicossocial de dor é especialmente relevante para o sexo feminino, da infância até a senilidade. As dores agudas e/ou crônicas comprometem as atividades diárias, profissionais, o lazer e a qualidade de vida das mulheres. Por isso, é extremamente importante que os profissionais da saúde de diferentes áreas reconheçam as peculiaridades da dor feminina e possam orientá-las com maior discernimento”, explica Telma Zakka, médica ginecologista especialista em dor crônica, presidente do Comitê Científico de Dor da Associação Paulista de Medicina e responsável pela organização do evento.

Sobre a VI Jornada

Sono, endocrinopatias, alterações articulares, dores em gestantes e lactantes e dependência química são alguns dos temas que serão discutidos por especialistas de diferentes áreas, como neurologia, reumatologia, sono, endocrinologia, anestesiologia, ginecologia e ortopedia. 

Além disso, este evento preza pelas trocas de experiências entre profissionais da Saúde, discussão de casos clínicos e resolução de eventuais dúvidas. Para complementar a jornada, Hélio Plapler, médico especialista em cirurgia geral, Livre Docente do Departamento de Cirurgia da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, consultor em projetos em Humanidades Médicas e escritor, brindará o evento com reflexões sobre a mulher, dor e saúde.