APM: Cine Debate 2025 estreia com clássico “Butch Cassidy e Sundance Kid”

Evento marcou o retorno das sessões presenciais após a pandemia de Covid-19

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Na última sexta-feira, 30 de maio, a Associação Paulista de Medicina promoveu a estreia da edição de 2025 do Cine Debate, com a exibição do filme de faroeste “Butch Cassidy e Sundance Kid” (1969). O evento marcou o retorno das sessões presenciais após a pandemia de Covid-19 e reuniu especialistas para análise da obra – com transmissão do debate também pelo YouTube.

Protagonizado por Paul Newman, Robert Redford e Katharine Ross, o filme narra a história de dois criminosos do Velho Oeste, Butch Cassidy e Sundance Kid. Após uma série de assaltos, eles fogem para a Bolívia com a companheira de Sundance. Lá, o trio encara novos e inesperados desafios.

Análise dos especialistas

O psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura Júnior, coordenador do Cine Debate há 28 anos, iniciou o bate-papo falando da importância do reencontro presencial e reforçando o valor do debate como ferramenta de construção do conhecimento. “Quero agradecer a presença de todos vocês. Estou muito feliz em retornar presencialmente e rever pessoas que nos acompanham há tanto tempo. Este filme nos traz uma reflexão sobre os perigos do cinema, com um belo roteiro, ótimos atores e uma bela trilha sonora. Uma história bem contada e de forma divertida, que faz a gente torcer para o bandido”, destacou.

Para ele, todos os que assistem ao filme têm impressões diferentes, muitas vezes contraditórias e outras vezes complementares. “O fato é que quando se discute algo, a gente acaba se aproximando mais do que é a verdade.”

Bottura explicou também sobre os conceitos de aprendizado direto e indireto. “O aprendizado direto é aquele que você aprende batendo a cabeça, é fiel à sua dor, mas é perigoso porque você pode não sobreviver da experiência. Já o aprendizado indireto é o que você aprende com a experiência do outro, é potencialmente mais seguro, mas é possivelmente infiel, porque o que os outros trazem nem sempre é verdade e nem sempre não tem distorções”, pontuou.

A psicopedagoga Maria Cristina de Carvalho Saraiva foi uma das debatedoras convidadas. Para ela, o filme é uma obra brilhante que trata temas pesados com leveza, ressaltando a amizade e a cumplicidade entre os protagonistas. “É uma história suja contada de forma limpa. A entrega dos atores é natural e a ausência de música em vários trechos ressalta a emoção das cenas. Os diálogos são muito interessantes, um roteiro maravilhoso. Além disso, mostra a forma diferente de cada personagem perceber as mulheres de forma muito sutil”, detalhou.

A especialista afirmou que o filme é bom, mas passa uma mensagem de que o bandido é o astro maior.  “A gente acaba torcendo por eles, porque entramos naquilo que o filme está passando para nós. O fim dessas pessoas não é legal, a perseguição aumenta e a liberdade acaba. Importante ressaltar que a vida não se resume em ter bens materiais sem ter liberdade”, acrescentou.

Complementando os debatedores, o psiquiatra Ezequiel José Gordon fez uma breve leitura dos personagens principais. “Há muitas coisas complementares entre eles. Butch é entusiasta, cerebral, falador, muito sedutor, com prospecção para o futuro, afável, galante, astuto e um fora da lei. Já Sundance é um cara de ação, intimidador, rude, hábil, com potencial assassino e é um criminoso. Os dois são como mente e corpo, reflexão e ação. Uma unidade perfeita, com duas faces, mas com individualidade – uma não funciona sem a outra”, concluiu.

Em quase três décadas, o Cine Debate mantém como proposta promover sessões de filmes seguidas de discussões enriquecedoras com especialistas de diferentes áreas do conhecimento — psiquiatras, psicólogos, cineastas, jornalistas, entre outros — para discutir temas humanos, sociais e existenciais.

Texto e fotos: Alessandra Sales