Desmistificando a renda fixa

De forma ampla e genérica, conceituamos a renda fixa como sendo aquela modalidade de investimento na qual se tem uma previsibilidade de rentabilidade, pois as regras são definidas antes

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No artigo anterior, adiantei que falaríamos sobre a Renda Fixa (RF), tão em voga nos dias de hoje e no nosso passado inflacionário. De forma ampla e genérica, conceituamos a renda fixa como sendo aquela modalidade de investimento na qual se tem uma previsibilidade de rentabilidade, pois as regras são definidas antes. Ao aplicar, o investidor já conhece de antemão o prazo e a taxa de rendimento, ou o índice que será usado para valorizar o dinheiro investido.

Como sempre, tentei buscar um paralelo com a Medicina, mas esta não é uma ciência exata, na qual até mesmo as leis ponderais da química são fruto de estudos empíricos em generalizações, obtidos em sistemas fechados. Desta forma, restou-me tentar tecer esta analogia com algo mais corriqueiro, como as opções de um médico recém-formado em relação à sua carreira.

Cabe ao profissional decidir entre fazer residência, trabalhar como clínico, seguir a carreira militar ou iniciar uma pós-graduação. Da mesma sorte, temos à nossa disposição para escolha, de forma não excludente, uma variedade de títulos, os quais podemos classificar quantos aos emissores: privados, bancários e públicos.

Os títulos de crédito privado são emitidos por empresas e instituições privadas com o objetivo de captar recursos para financiar seus projetos. Os CRIs – certificados de recebíveis imobiliários, e os CRAs – certificados de recebíveis agrários, além das debêntures de infraestrutura, são muito demandados em função da isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital para as pessoas físicas. Nestes investimentos, é importante ter o conforto com relação ao crédito emissor.

Títulos bancários são ativos emitidos pelos bancos com o objetivo de levantar capital para financiar as suas próprias atividades, sendo que os mais comuns são o CDB (certificado de depósito bancário) e as Letras, que podem ser financeiras (LF), de crédito agrícola (LCA) ou de crédito imobiliário (LCI). Cabe observar que as LCI e LCA também contam com isenção de imposto de renda para pessoas físicas. Além disso, os títulos bancários possuem garantia do fundo garantidor de crédito. 

Os Títulos Públicos são emitidos pelo Governo Federal com o objetivo de captar recursos para o financiamento da dívida pública e das atividades governamentais (LFT, LTN e NTN). Estes são considerados com o menor risco de mercado e quase incipiente o risco de crédito.

No que tange aos títulos, estes podem ter sua remuneração Pré ou Pós-Fixada e indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

É possível montar uma carteira de investimento em RF com as diversas modalidades de emissores, calibrando entre eles montantes e prazos. Importante conhecer que os títulos públicos são os mais líquidos. Títulos privados e bancários ficam sujeitos a regras e preços do mercado secundário.

Assim, entendendo o seu leque de opções e as suas particularidades, não existe o binômio de certo e errado, e sim as escolhas adequadas ao seu momento de vida e seus objetivos futuros. A grande ciência consiste em encontrar o equilíbrio, quer seja na sua vida pessoal, quer seja nos investimentos.

No nosso próximo encontro, falaremos dos fundos multimercados.

Roberta Figueira tem 28 anos de carreira, com passagens por grandes bancos do mercado, como CCF, HSBC, Merril Lynch, UBS e Safra. Tem experiência em Gestão de Operações, Valores Imobiliários, Gestão de Ativos e Fundo de Fundos. É planejadora financeira com certificação internacional CFP®, aderindo assim ao código de ética e conduta da profissão com padrão internacional. Em 2022, conquistou o exclusivo selo de Assessoria Private Wealth Planning pela XP Investimentos.