Na última semana, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, divulgou Boletim Epidemiológico sobre os casos de Hantavirose – zoonose viral aguda – no Brasil, entre 2013 e 2023.
Neste período, foram confirmados 758 casos, com média anual de 69 registros da doença. Os anos com mais casos confirmados foram em 2013 e 2015, com 137 (18,1%) e 113 (4,9%), respectivamente.
Em relação à evolução dos casos confirmados, 299 (39,4%) resultaram em óbito, enquanto 17 (2,2%) faleceram por outras causas. Além disso, em 42 casos (5,5%), a informação sobre o desfecho estava ausente e, por isso, não foram incluídos na análise.
A taxa de letalidade no período avaliado foi de 39,4%, evidenciando a gravidade da doença, com variações entre 25,9% e 53,5%, sendo o maior índice registrado no ano de 2016. As maiores taxas de letalidade observadas ocorreram nos estados do Maranhão (100%), Distrito Federal (69,2%), São Paulo (57,8%) e Goiás (52,8%).
Doença
Hantavirose é causada por um vírus RNA, pertencente à família Hantaviridae, gênero Orthohantavirus. Os hantavírus possuem como reservatórios naturais alguns roedores silvestres, que podem eliminar o vírus pela urina, saliva e fezes. Os roedores podem carregar o vírus por toda a vida sem adoecer.
No Brasil, a infecção em humanos se apresenta na forma da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH). A tosse é um sinal de alerta para evolução da forma clássica de SCPH, que em geral é seca no início, acompanhada por taquicardia, taquidispneia e hipoxemia, nos casos mais graves da doença.
Tais manifestações podem ser seguidas por uma rápida evolução para edema pulmonar não cardiogênico, hipotensão arterial e colapso circulatório. Os sinais clínicos e sintomas mais frequentes são febre, mialgia e cefaleia. Já nos casos com evolução ao óbito, foram identificados a dispneia e a insuficiência respiratória.
Balanço
Desde os primeiros registros de Hantavirose no Brasil, em novembro de 1993, até dezembro de 2012, foram 1.602 casos confirmados da doença – sendo que 869 evoluíram ao óbito, com uma taxa de letalidade de 54,2%.
Entre 2013 e dezembro de 2023, foram notificados 13.087 casos suspeitos de Hantavirose, com média anual de 1.190 registros. Como ocorreu com a maioria das doenças em 2020, devido à Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela Covid-19, ocorreu uma redução nas notificações, como 509 casos suspeitos naquele ano.
De acordo com as informações do boletim, a diminuição dos casos suspeitos em áreas de ocorrência da SCPH pode ser explicada pela similaridade dos sintomas iniciais da Hantavirose com os da Covid-19 ou de outras infecções, como a Dengue, a Gripe e a Leptospirose.