A segunda edição do Cine Debate, promovida pela Associação Paulista de Medicina, foi realizada no último dia 27 de junho, com a exibição do clássico “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas” (1967), protagonizado pelos atores Faye Dunaway e Warren Beatty. O longa retrata a trajetória de um jovem casal de criminosos, que aterrorizou uma região dos Estados Unidos durante a década de 1930.

Logo após a exibição do filme, o psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura Júnior, coordenador do Cine Debate há 28 anos, agradeceu a presença dos participantes e convidou para o debate híbrido, transmitido também pelo Youtube, a psicóloga Sonia Maria Estácio Ferreira e o psiquiatra e psicoterapeuta Alfredo Augusto Toscano.
Reflexões
Sonia Ferreira agradeceu o convite edestacou o prazer de revisitar a história de “Bonnie e Clyde”com um olhar mais voltado para a Psicologia e para o tema do debate “As aparências enganam”.
“Importante refletir um pouco mais sobre esses dois jovens que nasceram em famílias humildes. Pensar em tudo o que eles viveram e o que estava por trás desta necessidade de buscar prazer em momentos de tanto desprazer – época marcada por seca, necessidades financeiras e a Grande Depressão nos Estados Unidos”, expressou.
Sonia também comentou o comportamento de Bonnie logo no início da trama, ao se mostrar com raiva e tédio até observar Clyde pela janela – momento em que ele tentava roubar o carro que estava estacionado na porta de sua casa. “Ela percebe ali uma possibilidade de sair da realidade difícil em que vivia. Então, vai em busca de ação, desafios e prazer, e encontra tudo isso em alguém que acabou de sair da prisão – e que também viveu o mesmo drama que ela e aprendeu a sobreviver roubando. Infelizmente, eles morreram muito jovens, ela com 24 e ele com 25 anos”, explicou a psicóloga.
O psiquiatra Alfredo Toscano também agradeceu o convite e elogiou a retomada do Cine Debate com as mesmas características de antes. “Este é um ótimo evento que acontece em plena sexta-feira, no início de um fim de semana, e que nos permite pensar e sentir sobre este filme. Quero ressaltar que estou muito satisfeito por retornar a esta casa, na qual atuei durante muito tempo em comitês e departamentos científicos, principalmente em Psicossomática de Álcool e Drogas”, comentou.
De acordo com ele, o filme Bonnie e Clyde tem um enredo marcante, revolucionário e com 58 anos de história. “Baseado em personagens reais, o longa quebrou barreiras e rompeu o conservadorismo do cinema. Um filme com muitas impressões, muito premiado e que fez muito sucesso”, destacou.
Toscano acrescentou o impacto da mídia que, segundo ele, fazia propaganda do filme na época. “Isso mobilizou muito a população, especialmente os jovens. A obra foi inovadora em alguns aspectos, mas também criou a coisa do ídolo. Eu que trabalho com adolescentes e usuários de drogas, muitas vezes no início do consumo de drogas, eles têm ídolos e seguem como modelos. E esta história mostrou o quanto esse casal bandido serviu de modelo e a mídia pôde reforçar determinadas coisas, dando ênfase a determinados comportamentos humanos em detrimento de outros”, concluiu o psiquiatra.


Texto e fotos: Alessandra Sales