O ano de 2024 foi desafiador no quesito vacinas. Estudo realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre novembro e dezembro apurou que, dos 2.895 municípios participantes do levantamento, 65,8% estão sofrendo com falta de vacinas – em setembro do último ano, o percentual era de 64,7%. A carência de imunizantes traz reflexos diretos na Saúde pública e na assistência à população, já que permite que doenças facilmente prevenidas por meio da vacinação possam estar em circulação.
Os dados da pesquisa revelam que 52,4% das cidades (1.516) não possuem estoque da vacina contra a varicela (catapora); a vacina contra Covid-19 para a população adulta ocupa o segundo lugar na lista, estando em falta em 25,4% (736) dos municípios ouvidos. Não obstante, 18% deles (520) não têm a DTP, responsável pela prevenção contra difteria, tétano e coqueluche.
Vale ressaltar que o Brasil vem, continuamente, enfrentando surtos graves de coqueluche. Comparando com 2023, os casos confirmados no País cresceram aproximadamente 2.000% no ano passado, atingindo o maior patamar da doença nos últimos dez anos, com 4.395 notificações e 17 óbitos, 16 deles em crianças menores de um ano.
Além disso, outras vacinas muito importantes também sofrem com o desabastecimento, como é o caso da Meningocócica C, contra a meningite, faltando em 12,9% das cidades (375); Tetraviral, contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, indisponível em 11,6% dos municípios analisados (337); e o imunizante da febre amarela, afetando 9,8% das localizações (280).
Das unidades federativas mais afetadas pela situação, Santa Catarina lidera a lista, indicando que 199 dos seus 230 municípios apontam falta de vacinas, o que totaliza 87%. Em seguida, estão os munícipios que constituem o estado do Ceará (86%), do Espírito Santo (84%) e de Minas Gerais (83%).
O presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, evidencia a gravidade deste contexto no qual o Brasil, que sempre foi um exemplo em vacinação, está inserido atualmente, reforçando a necessidade de ação por parte do Ministério da Saúde para garantir a compra e a distribuição dos imunizantes por todo o território nacional, regularizando, assim, a falta de vacinas para a população e contribuindo para que os erros cometidos em 2024 não sejam repetidos em 2025.
“O Governo Federal nos surpreende novamente quando notamos que há um déficit no estoque de vacinas fundamentais. Urge que isso seja denunciado e que nós, da Associação Paulista de Medicina, junto de outras entidades médicas, cuidemos da Saúde da população e façamos o necessário para que esta situação seja reparada de imediato. Estamos atentos e vamos lutar por isso”, destaca.