No dia 26 de maio, o diretor Institucional da Comissão Especial de Médicos Jovens da Associação Paulista de Medicina, Yuri Franco Trunckle, participou do podcast Médico de Quê?, apresentado pelas médicas Ana Gandolfi e Rachel Teixeira, para falar sobre o tema “História da Medicina”.
Para Yuri, compreender o passado é a base de tudo, já que se os médicos não souberem de ondem vieram, estarão fadados a cometer os mesmos erros anteriores. Segundo ele, o desenvolvimento das associações médicas tem um vínculo histórico direto com o aprimoramento da Medicina. “Nós temos uma história muito ampla. Eu vou falar da história do Brasil, especialmente do estado de São Paulo, que foi o local de florescimento dessas instituições, mas antes disso, precisamos lembrar dos primórdios, lá do comecinho mesmo.”
Trunckle relembrou que, na Pré-História, a Medicina era vista como algo místico e sobrenatural – como ele próprio descreve, um período arcaico perto de todos os conhecimentos que viriam a ser obtidos. O médico pontua que a Ciência e, consequentemente, a Medicina só passaram, de fato, a se desenvolver após o Renascimento.
No caso do Brasil, tal desenvolvimento veio por meio das universidades instaladas no País, primeiro na Bahia e, posteriormente, no Rio de Janeiro. “O desenvolvimento da Saúde no Brasil era muito pela caridade e isso era feito pelas Santas Casas de Misericórdia. Elas eram o polo de atendimento à população em Saúde e havia ali todo um contexto histórico envolvendo o desenvolvimento médico e tecnológico.”
Educação e associativismo paulistas
No mesmo período de aprimoramento da Medicina brasileira, houve um acontecimento marcante que se consolidou como o ponto de inflexão para a criação de diversas outras instituições. Foi a fundação da Academia de Medicina de São Paulo, em 1895 – naquela época, Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. “Foi a primeira instituição, aqui no estado de São Paulo, que visava um fórum de debates de casos de forma acadêmica e ética.”
Em seguida, houve a criação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a primeira escola médica do estado, em 1912. “Se formos ver no contexto do Brasil, a regulamentação da Medicina não existia, então havia um monte de atores querendo interferir na profissão – assim como acontece hoje. Os médicos daquela época já viam esse problema e a Academia e a Faculdade de Medicina da USP são pontos lincados para serem referências para a sociedade. O desenvolvimento da FMUSP está diretamente ligado ao desenvolvimento da Medicina nacional.”
É por meio da Faculdade de Medicina da USP que surgiu a Escola Paulista de Medicina, em 1933, e a Santa Casa era uma instituição que, naquela época, conectava todas essas instituições. Neste mesmo contexto de fundação de instituições médicas notáveis, também foi inaugurada a Associação Paulista de Medicina.
“Com o desenvolvimento da Academia, veio a necessidade de uma entidade que representasse a classe médica e a defesa profissional. Assim, veio a Associação Paulista de Medicina, em 1930. A intimidade dessas duas instituições vem até hoje, tanto que a sede da Academia é na APM”, relembra.
O médico também reforça de que modo se consolida a atuação da APM. “É uma instituição que visa a defesa da profissão e do médico em todas as suas instâncias e no que o envolve eticamente e judicialmente, além da questão da luta por melhorias nas condições de trabalho. A APM foi muito importante nesse período e é até hoje.”
De acordo com Yuri, exemplificar quais são os objetivos das associações e dos conselhos é um grande desafio para as instituições médicas. “Defender a qualidade de trabalho do médico e delimitar o que compete a ele e aos demais profissionais da Saúde é intimamente relacionado a esta área e isso é interesse de todo mundo, não só nosso. Infelizmente, vivemos em uma era em que tudo isso fica muito mal propagado, fica uma discussão que é muito contaminada, não se demonstra essa importância e perspectiva, porque é muito difícil para a população compreender”, concluiu.
Foto: Reprodução Podcast Médico de Quê?