Ministério da Saúde divulga dados sobre acidentes escorpiônicos no Brasil

Informações são referentes a 2023, ano que teve mais de 202 mil notificações

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O novo Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, analisa a epidemiologia dos acidentes escorpiônicos no Brasil em 2023. Segundo os dados do documento, no ano de análise houve a notificação de 344.138 acidentes por animais peçonhentos no País, sendo que, destes, 202.714 foram ocasionados por escorpiões, totalizando 58,90% do total de registros.

Neste contexto, São Paulo é o estado com o maior número de notificações de acidentes ocasionados por escorpiões, acumulando 48.655 casos, 24% do total notificado em todo o País. As demais unidades federativas que se destacam neste cenário são Minas Gerais, com 38.946 casos – sendo este estado a fonte da principal espécie causadora de acidentes no Brasil, a Tityus serrulatus, que se expandiu para as demais regiões brasileiras; Bahia, 22.642 casos; Pernambuco, 15.258 casos; Alagoas, 11.890 casos; Ceará, 7.384 casos; Goiás, 7.283 casos; e Paraíba, 7.158 casos.

Aproximadamente 85% das notificações por picadas de escorpião estão concentradas nas regiões Nordeste e Sudeste e os maiores coeficientes de incidência são de Alagoas (365,42/100.000 habitantes); Minas Gerais (182,13/100.000 habitantes) e Paraíba (172,62/100.000 habitantes).

Sobre o perfil dos pacientes acometidos por acidentes escorpiônicos, observa-se que as notificações são semelhantes para ambos os sexos, totalizando 50,13% dos casos em mulheres e 49,85% em homens – estudos indicam que o risco de exposição é semelhante para pacientes do sexo feminino e masculino por conta de o escorpionismo ser um acidente urbano e doméstico.

A faixa etária com o maior número de acidentes registrados foi a dos 20 aos 29 anos, totalizando 30.820 casos, ou 15,20% das notificações. Todavia, crianças de até nove anos de idade foram as que tiveram maior notificação de óbitos, 44 mortes, com estimativa de evolução para óbito de 5,89.

No caso de pessoas pretas, as chances de evolução para óbito são 2,33 vezes maiores que nos autodeclarados brancos e os registros demonstram que 52,38% dos casos de escorpionismo e 56,49% dos óbitos foram provenientes de pacientes pardos – o Ministério da Saúde reforça que a prevalência de casos e óbitos de pretos e pardos acontece pela dificuldade de acesso desta parcela da população aos serviços de Saúde, se comparados com brancos.

No total, foram notificados 131 casos que evoluíram para óbito. Os estados com as maiores taxas de mortes foram Minas Gerais (67 óbitos, 51,14%), Bahia (28 óbitos, 21,37%), Goiás (8 óbitos, 6,11%), São Paulo (6 óbitos, 4,58%) e Rio Grande do Norte (6 óbitos, 4,58%). O Sudeste foi a região que notificou o maior número de óbitos, 73 deles, seguido pelo Nordeste, com 41.

Características
De acordo com o Boletim, os efeitos da picada de escorpiões dependerão da espécie, tamanho, idade, nutrição, condições climáticas, quantidade de veneno e demora para buscar tratamento. Na maior parte dos acidentes, os sintomas são de náuseas leves, agitação e taquicardia, porém, nos casos mais graves os pacientes podem apresentar náuseas, taquicardia, bradicardia, hipertensão e hipotensão. Os óbitos são ocasionados por edema pulmonar e choque cardiogênico.

É comum que os acidentes ocorram em maior frequência durante o período da noite, no verão e no interior das residências – por este motivo, pacientes que moram em áreas rurais e que têm mais dificuldade de acesso aos serviços de Saúde têm mais chances de evoluírem a óbito se comparados aos moradores de áreas urbanas.

Dos acidentes notificados, observa-se que as picadas se concentram em maior parte nas mãos e nos pés dos pacientes, salientando que os acidentes são intradomiciliares, que acontecem durante a realização de atividades como limpezas, arrumações e ao se vestir e se calçar.

Durante 2023, os acidentes escorpiônicos foram mais constantes nos meses de janeiro e julho, de modo que as notificações passaram a ter aumento a partir de setembro e novembro foi o mês com o maior número de registros no ano, totalizando 20.656. Apesar de estudos indicarem que em outras regiões do planeta os acidentes escorpiônicos são mais comuns nos meses quentes e secos, a literatura aponta que, no Brasil, os acidentes têm mais frequência nos meses mais quentes e chuvosos.

O Ministério da Saúde reforça que ações de conscientização, como limpeza urbana, saneamento, obras públicas e educação são fundamentais para implementar medidas de controle e diminuir a incidência de acidentes ocasionados por escorpiões.