O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, nesta quinta-feira, que a mpox continua a representar uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII), nível mais alto de alerta da autoridade sanitária. A decisão de Tedros seguiu a recomendação do Comitê de Emergência da organização, que se reuniu na terça-feira e orientou o diretor-geral a estender a ESPII.
Em nota, a OMS afirma que o comitê se baseou “no aumento contínuo dos números (da mpox) e na sua expansão geográfica, na violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) – que dificulta a resposta – e na falta de financiamento para implementar o plano de resposta”. O país africano é o mais afetado pelo surto atual.
Essa foi a segunda reavaliação desde que a OMS decretou novamente emergência para a mpox, em agosto do ano passado. Na época, Tedros Adhanom citou como motivos para a ESPII a explosão de casos na RDC, a expansão da doença para novos países e a identificação de uma nova versão da cepa mais letal do vírus, chamada de Clado 1b, que passou a se disseminar por vias sexuais.
Ao todo, 16 especialistas participam do grupo que aconselha o diretor-geral sobre a emergência do mpox. Entre eles, dois brasileiros: a coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, e o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz) Eduardo Hage Carmo.
De acordo com a última atualização da OMS, neste ano a República Democrática do Congo (RDC) registrou sozinha mais da metade dos casos identificados em todo o continente africano. Além disso, diversos países, como Burundi, Quênia, Ruanda, Uganda, Zâmbia e Zimbábue, que não tinham relatos da mpox, registraram diagnósticos da infecção viral pela primeira vez.
A vacinação, no entanto, demorou a chegar ao continente, que historicamente sofre com epidemias causadas pelo vírus. Na RDC, a campanha teve início apenas no dia 5 de outubro com apoio da Unicef, Gavi, OMS e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC), dois meses após o decreto de emergência internacional.
Com isso, a doença, considerada endêmica em regiões do continente africano, voltou a um cenário de atenção depois de ter se disseminado globalmente pela primeira vez em 2022. Naquele ano, a OMS também decretou emergência pela doença. Desde então, aquela versão da mpox continua em diversos países, como no Brasil, porém causa menos casos e é a cepa mais branda, chamada de Clado 2b.
Fonte: O Globo