Na última semana, o Ministério da Saúde publicou uma nova edição do Boletim Epidemiológico que mostra o panorama dos casos de hanseníase no Brasil e apresenta informações estratégicas destinadas a orientar as ações de saúde pública no âmbito nacional. Além disso, no último domingo, 28 de janeiro, foi celebrado o Dia Mundial Contra a Hanseníase, e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase é celebrado em 31 de janeiro.
De acordo com o documento, a doença infecciosa crônica é causada pelo Mycobacterium leprae que afeta a pele, os nervos periféricos, os olhos e a mucosa nasal. Aponta ainda que o Brasil é um dos países que fazem parte do ranking mundial em número de casos novos, visto que, junto com a Índia e a Indonésia, reportaram mais de 10 mil casos novos cada em 2022.
O estudo aponta que entre 2013 e 2022, foram notificados 316.182 casos de hanseníase no País, sendo que neste período houve uma redução de 28,9% no número de casos notificados, especialmente de 2019 a 2022, nos quais a redução foi de 28,4%. Nos anos que antecederam a Covid-19, houve uma queda de 0,8%.
Perfil dos mais atingidos
Conforme indica a pesquisa, 55,6% dos atingidos entre 2013 e 2022 são indivíduos do sexo masculino, correspondendo a 254.918 novos casos. Em comparação com o sexo feminino, no início do estudo, 12 homens para cada dez mulheres eram infectados pela doença, porém, este número aumentou no último ano da sondagem, passando para 13 homens para cada dez mulheres.
No que se refere à idade das pessoas infectadas, segundo o documento, 53,9% (137.379 pessoas) tinham entre 30 e 59 anos; 24,6% (62.693 pessoas), 60 anos ou mais; 15,3% (38.899 pessoas), 15 a 29 anos; e 6,3% (15.947 pessoas) tinham menos de 15 anos – sendo que, nesta faixa etária, houve uma diminuição de 44,2% na quantidade de casos, passando de 7,7% em 2013 para 4,3% em 2022. No entanto, em indivíduos acima dos 60 anos, foi notado um aumento de 30,1%, saindo de 22,6% (2013) para 29,4% (2022).
Em relação à raça e cor, foi observado pelo Ministério da Saúde que a maioria dos novos casos atingiu pessoas pardas, afetando 148.552 pessoas (58,3%), seguida das brancas, com um total de 623.387 novos casos (24,5%) e pretas, com 30.912 pessoas atingidas (12,1%).
Taxa de detecção regional
No Boletim, a Região Centro-Oeste apresentou taxa de detecção alternando de “muito alto” a “hiperendêmico” no período do mapeamento; em 2013, surgiram aproximadamente 40 casos novos por 100 mil habitantes, fechando 2022 com pouco mais que 25 novos casos por 100 mil habitantes.
Ao contrário da Região Nordeste, que apresentou a maior redução de novos infectados, caindo de 35,89 casos novos por 100 mil habitantes no início do estudo para 18,53 casos novos por 100 mil habitantes em 2022 (queda de 48,4%). A Região Sul aparece em último lugar, com a menor quantidade de novos casos, aproximando-se de zero caso por 100 mil habitantes.
A pesquisa do Ministério acrescenta ainda que os estados de Mato Grosso e Tocantins apresentaram um perfil hiperendêmico, com as maiores taxas de detecção, respectivamente, 66,20 casos novos por 100 mil habitantes e 50,88 casos novos por 100 mil habitantes. Já o Rio Grande do Sul possui a menor incidência, com taxa de 0,81 caso novo por 100 mil habitantes.
Por fim, o órgão salienta que a implementação da rede de vigilância da resistência antimicrobiana na hanseníase – que tem como objetivo tornar a assistência à Saúde mais efetiva – é considerada uma importante estratégia preventiva pela Organização Mundial da Saúde (OMS), principalmente no monitoramento da resistência à rifampicina devido à escassez de fármacos de substituição.