Secretário da Saúde apresenta perspectivas do setor em evento na Fiesp

Na última quarta-feira, 15 de março, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu o secretário de Saúde do estado, Eleuses Paiva, para apresentar as principais perspectivas do setor para os próximos anos de sua gestão

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Na última quarta-feira, 15 de março, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu o secretário de Saúde do estado, Eleuses Paiva, para apresentar as principais perspectivas do setor para os próximos anos de sua gestão. O evento foi acompanhado pelo presidente da Associação Paulista de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral; pelo presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), Francisco Balestrin; e pela diretora da Faculdade de Medicina da USP, Eloísa Bonfá, entre outras lideranças.

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Ruy Baumer, anfitrião do evento, explicou que é costume da Fiesp abrir espaço para que os dirigentes do governo contem sua trajetória e principais planos, de modo que a instituição, periodicamente, os recebe para ter uma atualização de como está cada etapa mencionada. “Eleuses Paiva apoia o setor da Indústria há muitos anos. Sempre nos atendendo, direcionando e acompanhando as nossas demandas. O fortalecimento da Saúde fomenta a Indústria e o fortalecimento da Indústria ajuda a melhorar a atenção à Saúde da população”, relatou.

De acordo com Paiva, Saúde é um tema que deve ser pensado de forma suprapartidária, entendendo que o Sistema Único de Saúde se constitui como um projeto de Nação, e não de Governo, evidenciando, assim, a importância de Estado, União e Município atuarem conjuntamente, por meio de muito diálogo. No entanto, ele salientou que uma das maiores dificuldades identificadas neste cenário é como melhorar o acesso da população ao sistema público.

“Não adianta só ampliar o acesso, precisamos garantir a resolutividade, que as pessoas não apenas possam estar no sistema, mas que também tenham os seus problemas resolvidos. Além disso, outra questão era a da sustentabilidade e do financiamento. Nos primeiros 100 dias de governo, separamos três ações que julgamos totalmente importantes. Elas se dividem entre imunização, filas e saúde digital”, explicou o secretário.

Vacinação   

Para Eleuses Paiva, a vacinação é uma pauta fundamental e deve continuar sendo prioridade. Ele relembrou que o estado de São Paulo já foi um exemplo em cobertura vacinal para o mundo – chegando aos 95% na época de seu ápice. No entanto, hoje este número está em volta de 70% a 80%. Não obstante, há municípios em que a cobertura de imunização está abaixo de 50%, situação que se configura como um cenário de alarme para as autoridades.

“Quando falamos sobre determinadas doenças, muitas pessoas as desconhecem. Por conta da extrema competência que tivemos na vacinação no nosso País, podem achar que esses problemas não existem mais, mas as doenças estão em circulação”, disse. Uma forma de contribuir para a população retornar aos postos de vacinação e respeitar as campanhas é levar a discussão correta sobre vacinas, combatendo notícias falsas.

Um exemplo disso é a campanha Vacina100Dúvidas, que reuniu uma série de pesquisadores e especialistas em um portal que visa responder as 100 dúvidas mais frequentes a respeito deste tema. Além disso, em um trabalho conjunto com a Secretaria da Educação, a Saúde busca levar informações sobre a importância das vacinas aos jovens e às crianças.

“Recentemente foi inaugurado o Museu da Vacina do Instituto Butantan, então a ideia é que as crianças vão, tenham essa interação, entendam como a vacina age no nosso corpo. Nosso objeto é tentar, ainda este ano, retornar a uma cobertura vacina de 90%. Começamos a primeira parte e vamos esperar as respostas dos municípios para darmos continuidade e seguirmos para o próximo passo nessa questão da discussão sobre a imunização, para, assim, tentarmos atingir o nosso objetivo”, manifestou.

Filas de espera

Outro tópico do encontro esteve relacionado à questão das filas de espera. O secretário de Saúde de SP expressou que assim que assumiu a pasta, lhe foi passado um dado de que havia, aproximadamente, 570 mil pessoas em filas de espera por atendimento. Porém, o médico destacou que, em seu ponto de vista, é possível calcular que o número já tenha ultrapassado um milhão de pacientes, evidenciando que é um desafio calcular a dimensão deste problema já que municípios, hospitais e os próprios médicos possuem filas diferentes.

Ao analisar o problema, Paiva fomentou que havia pacientes de Oncologia com até nove meses de espera por atendimento. “Falando em Oncologia, conseguimos perceber que talvez esse problema já pudesse ter sido resolvido. Um sistema de Saúde não é para ter tudo isso de tempo com fila. Então, os hospitais universitários nos ajudaram muito neste primeiro momento, contribuindo para a elaboração de uma estratégia conjunta com a nossa meta de garantir a responsabilidade do estado de atender e iniciar o tratamento em no máximo 60 dias e no prazo de 30 dias para começar a fazer exames.”

O secretário disse que o apoio vem sendo abrangente, e até hospitais privados de São Paulo, que não trabalham com o SUS, se mostraram dispostos a ajudar o projeto. Como resultado, ele apontou que a ampliação ao acesso já está sendo notável e as filas estão andando, contribuindo para diminuir o tempo de espera e conseguindo fazer com que os pacientes sejam atendidos antes de completar 60 dias de espera.

Saúde Digital

O interesse da atual gestão é transformar São Paulo em um polo de referência na utilização da Saúde Digital ao redor do País. Paiva relembrou que, atualmente, o Ministério da Saúde tem como prioridade para esta área propostas muito semelhantes às que estão sendo pensadas pela Secretaria e pelo governo do estado de SP e, por isso, uma série de reuniões já foram realizadas entre os dois órgãos no intuito de traçar estratégias em conjunto.

“Acredito que temos o que há de melhor, que são as nossas universidades públicas, com pessoas pensando e tentando evoluir. A Faculdade de Medicina da USP tem financiado o projeto de TeleUTI, iniciado em fevereiro, que interconecta o Hospital do Mandaqui com o Hospital das Clínicas. Escolhemos o Hospital do Mandaqui pelo seu grande porte, com 40 leitos adultos de UTI, em que nós temos residentes e é um hospital de ensino. A ideia é qualificar e unir esses dois hospitais como centros de apoio, principalmente melhorando a resolutividade da Unidade de Terapia Intensiva”, descreveu.

Tal projeto já havia sido realizado em outros locais no período em que a pandemia de Covid-19 estava no ápice. No entanto, teve uma baixíssima resolutividade, demonstrando ser necessário reaproveitar a ideia no estado de São Paulo por meio de estratégias efetivas que contribuirão para resultados frutíferos – que já estão sendo observados, tendo em vista que os primeiros dados, recebidos na segunda-feira (13), demonstraram que o tempo de internação já pôde ser reduzido em 20%.

“Não tenho dúvidas de que o projeto de Saúde Digital é a grande novidade que temos hoje na área da Saúde, e isso também vai afetar diretamente diversos outros setores. Não só aumentando a resolutividade, mas a acessibilidade, melhorando a gestão e dando, principalmente, sustentabilidade para o sistema”, pontou.

Outras propostas

Dentre os projetos para médio e longo prazo, Eleuses Paiva relembrou a regionalização da Saúde, assistência farmacêutica, saúde mental, atenção primária à Saúde, urgência e emergência, média e alta complexidade, Centro Estadual de Controle de Doenças, pessoas com deficiências, indústria da Saúde, saúde da mulher, saúde do idoso, profissionais da Saúde e burn out.

“Temos que ter a humildade e o discernimento de saber as limitações de cada um de nós. Precisamos entender que não sabemos de tudo e estamos procurando quem sabe, para que possamos desenvolver neste País um projeto de Saúde mais social e humano. Acho que o Brasil espera que possamos entregar na área social aquilo que entendemos para que uma Nação seja mais respeitosa, principalmente com os mais necessitados”, ponderou.

Fotos: Reprodução Evento Fiesp