Webinar APM: Como utilizar a Cochrane Library na pesquisa e na prática clínica

O webinar reuniu especialistas para debater a utilização da Cochrane Library na pesquisa e na prática clínica

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Na última quarta-feira, 9 de agosto, a Associação Paulista de Medicina realizou mais uma edição de seus webinars, reunindo especialistas para debater a utilização da Cochrane Library na pesquisa e na prática clínica. O encontro foi apresentado pelo presidente da entidade, José Luiz Gomes do Amaral, com moderação do diretor de Economia Médica e Saúde Baseada em Evidências, Álvaro Atallah.

Os palestrantes convidados para ministrar as aulas foram Maria Eduarda dos Santos Puga, bibliotecária da Cochrane Library; Aline Rocha, coordenadora de ensino da Cochrane; e Jorge Sayum, ortopedista e traumatologista.

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Conforme explicou Maria Eduarda Puga, a Cochrane Library é uma coleção de bancos de dados de Medicina e outras especialidades em Saúde. A biblioteca possui mais de dois milhões de ensaios clínicos, 149 editoriais e 23 coleções especiais, com revisões sistemáticas atualizadas a cada dois anos.

“Entre todas as bases da área de Saúde, a Cochrane é a principal, pois quando entramos buscando por algo, já temos os dois melhores lugares de busca: revisões sistemáticas e ensaios clínicos. A partir da busca, já é possível ver o cenário da pergunta com relação às melhores evidências no mundo. Esse é um grande diferencial da Cochrane Library”, explica a palestrante.

Na aula, a bibliotecária especificou o mecanismo de busca utilizado na plataforma, bem como a pesquisa por autor, palavras-chave, tipo de publicação e linguagem, entre outros. A ferramenta disponibiliza ainda um mecanismo avançado, saindo da busca simples e partindo para pesquisa mais complexa. Mas, para utilizar o recurso, é necessário ter o Termo MeSH – uma linguagem única na indexação de artigos de revistas científicas e livros.

“Se o profissional pesquisar um assunto como o TDAH, em vez de buscar diversas revisões sistemáticas sobre o tema, a revista Diagnóstico & Tratamento – da Associação Paulista de Medicina – publica a junção das revisões sobre o tratamento e intervenções que funcionam, ou seja, vem de forma otimizada para o leitor e usuário”, destaca Puga.

Maria Eduarda Puga

Metodologia e Revisão

Aline Rocha iniciou apresentando a linha do tempo do Centro Cochrane. E de acordo com dados apresentados por ela, os periódicos começaram a ser publicados em 1989, pela Universidade de Oxford. No Brasil desde 1996, o banco de dados chegou por meio de Álvaro Atallah. Em 2018, cresceu e passou a incluir 13 mil membros e 50 mil apoiadores de mais de 130 países, tornando-se a maior organização em seu campo. Hoje, continua a expandir e a traduzir o conteúdo para 14 idiomas.

“A Cochrane tem como objetivo melhorar os desfechos em Saúde em todo o mundo ao produzir e disseminar evidências, garantir que a nossa pesquisa seja relevante e impactante ao focar nos objetivos e desenvolvimento sustentável, além de fortalecer a capacidade e expertise em países de baixa e média renda, capacitando aqueles com conhecimento local para enfrentar desafios locais”, salientou a coordenadora de ensino.

Segundo a palestrante, as revisões sistemáticas buscam reunir evidências que se encaixam em critérios de elegibilidade pré-especificados para responder a uma pergunta determinada, destacando que este ponto é um dos diferenciais da Cochrane – pois é necessária a elaboração de um protocolo clínico descrevendo todas as variáveis e metodologias que serão utilizadas, quais estatísticas, como serão reportados os desfechos e quais ferramentas serão avaliadas.

“No processo de construção da revisão, é necessário definir primeiramente uma pergunta, depois identificar se já existem revisões com esse tema, verificar se há ensaios clínicos. Assim que os critérios básicos são atendidos, deve-se entrar em contato com a Central Cochrane, acessar um manual para desenvolver um protocolo e conseguir publicar o material do estudo e seguir para a revisão sistemática”, especificou Aline.

Os manuais são métodos padrões utilizados para revisões sistemáticas de intervenção, e a biblioteca possui o Handbook para auxiliar na consulta dos dados utilizados, na revisão de diagnóstico e prognóstico, além do MECIR – que dita como deve ser escrita a revisão.

Aline Rocha

Utilização

O último palestrante da noite, Jorge Sayum, mostrou algumas indicações de uso da Cochrane Library: examinar como a pesquisa é conduzida sobre um determinado tópico ou campo, identificar as principais características ou fatores relacionados a um conceito, bem como identificar e analisar lacunas de conhecimento.

“Há algum tempo, foram propostos seis estágios de conduta para a realização deste tipo de estudo. O primeiro é especificar a questão de pesquisa; identificar literatura relevante, selecionar os estudos; mapear os dados; incluir pesquisa a especialistas; resumir, sintetizar e apresentar os resultados. E existem programas que orientam para a revisão de títulos, abstract, introdução, objetivos e o que mais for necessário no trabalho”, disse o especialista.

Em conclusão, Sayum apresentou uma análise realizada em 2016 sobre o mapeamento dos temas mais abordados em pesquisas, na qual foi encontrado número significativo de artigos relacionados aos cuidados paliativos em Oncologia, que destacam principalmente assuntos relacionados às práticas profissionais e de equipe, diagnósticos, prognósticos e a qualidade de vida do paciente.

Jorge Sayum

Texto: Ryan Felix (sob supervisão de Giovanna Rodrigues)

Fotos: Reprodução Webinar APM