Meningite: país pode perder milhões de vacinas

O Ministério da Saúde poderá ser obrigado a descartar 3.684.704 de doses da vacina meningocócica C, imunizante usado contra o tipo mais grave de meningite, que estão em seu estoque e perderão a validade até o dia 31 de agosto

O que diz a mídia

O Ministério da Saúde poderá ser obrigado a descartar 3.684.704 de doses da vacina meningocócica C, imunizante usado contra o tipo mais grave de meningite, que estão em seu estoque e perderão a validade até o dia 31 de agosto. As doses foram adquiridas pela pasta entre 2021 e 2022, mas não chegaram a ser distribuídas aos municípios por falta de procura. O valor estimado dos produtos é de aproximadamente R$ 173,7 milhões. A pasta afirmou que busca uma solução com secretarias municipais e estaduais de saúde para evitar que os imunizantes vão para o lixo.
Segundo dados do próprio ministério, concedidos via Lei de Acesso à Informação, outras 442.320 vacinas compradas em 2020 já venceram em abril deste ano e deverão ser incineradas, conforme protocolo da pasta. De janeiro a maio deste ano, 1,8 milhão de doses da meningocócica C foram
aplicadas no país. No mesmo período no último ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) havia aplicado 2,6 milhões de doses.
O imunizante faz parte do calendário nacional de vacinação infantil desde 2010. É indicado para crianças a partir de 2 meses, adolescentes e adultos como um reforço ou em dose única para a prevenção da doença invasiva causada pela bactéria meningococo do soro- grupo C, que pode causar infecções graves, e às vezes fatais, como a meningite avançada e a sepse.
A cobertura vacinai para a doença está em 51,48% no país, segundo os últimos dados da Saúde. A taxa está aquém da meta de 95% preconizada pelo Ministério da Saúde para tentar barrar o crescimento da meningite meningocócica pelo país.
Em 2022 e 2021, a cobertura vacinai também não atingiu a meta, ficando em 78,62%e 72,17% no Brasil, respectivamente. Também nos últimos dois anos, o país registrou mais de 6 mil casos e 700 mortes em decorrência da doença.
Do total de doses vencidas, mais de 33 milhões de imunizantes já foram incinerados. Nos próximos 90 dias, mais 5 milhões de doses vencem e outras 15 milhões terão a validade expirada dentro de 180 dias.
Em nota, a pasta afirma que “busca uma solução pactuada com o conselho de secretários estaduais e municipais de saúde —Conas e Conasems —para um esforço conjunto para evitar novos desperdícios”. “Outras ações também estão sendo pactuadas dentro do Movimento
Nacional pela Vacinação”, argumenta a pasta.
A meningite é uma inflamação das meninges —as três membranas que envolvem o cérebro e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. A doença pode ser causada por bactérias
ou vírus. Mais raramente, é provocada por fungos ou pelo bacilo de Koch, da tuberculose. Pessoas de todas as idades podem desenvolver o quadro, que costuma afetar mais crianças.
ALTA GRAVIDADE
Entre as formas mais comuns, a meningite meningocócica tipo C é a mais grave, tem evolução rápida e pode ser letal em 24 horas. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maior será a chance de cura.
A doença pode ser transmitida pelo portador através das vias respiratórias, porgotículas e secreções da nasofaringe. O período de incubação varia de dois a dez dias.
Entre os principais sintomas estão febre, dores, mal- estar, dificuldade para encostar o queixo no peito e, nos quadros mais graves, manchas vermelhas pelo corpo. Essas manchas indicam que a bactéria se alastrou pelo organismo, podendo desencadear uma infecção generalizada (sepse). A taxa de letalidade é alta, de cerca de 30%.

Fonte: O Globo/Karolini Bandeira