Ministra da Saúde quer ‘revogaço’ de decretos que contrariam ciência

Na gestão Jair Bolsonaro, a Saúde foi ocupada por uma ala ideológica que defendeu, por exemplo, o uso de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid, como a cloroquina

O que diz a mídia

A nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, assumiu o cargo ontem prometendo “revogaço” em normas da pasta que “ofendem” a ciência. Na gestão Jair Bolsonaro, a Saúde foi ocupada por uma ala ideológica que defendeu, por exemplo, o uso de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid, como a cloroquina.

“Serão revogadas nos próximos dias as portarias e notas técnicas que ofendem a ciência, os direitos humanos, os diretos sexuais reprodutivos e que transformaram várias posições do Ministério da Saúde em uma agenda conservadora e negacionista da ciência”, disse.

“Nossa gestão será pautada pela ciência, pelo diálogo com a comunidade científica.” Segundo a ministra, que presidiu a Fiocruz, integram a lista de normas que serão revogadas “toda a parte de saúde mental que contraria os preceitos que defendemos, como humanização, luta antimanicomial”.

Também cairão notas técnicas que contrariem orientações científicas, tais como recomendação de cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid.

A ministra falou por cerca de uma hora em um auditório da sede do ministério, em Brasília. O discurso de Nísia, que é socióloga, tratou de questões técnicas da pasta e de temas como racismo, violência, desigualdade social e democracia.

Segundo ela, Lula citou “grande preocupação” com o represamento de exames, cirurgias eletivas (não urgentes) e outros procedimentos, cenário que se agravou durante a pandemia.

ESTRUTURA.
Será criada no ministério a Secretaria de Informação e Saúde Digital, sob comando da professora Ana Estela Haddad, mulher do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nísia anunciou a volta do Departamento DST/Aids e Hepatites Virais e a criação dos departamento de Imunização e de Saúde Mental e Enfrentamento de Uso Abusivo de Álcool e Outras Drogas.

Fonte: O Estado de S.Paulo/JULIA AFFONSO