No Sul do país, como ocorreu no litoral de Santa Catarina, alguns casos estão associados à infecção pelo norovírus, um patógeno transmitido por meio de alimentos e água contaminados ou através do contato com outras pessoas contaminadas —o que pode favorecer seu espalhamento em creches e escolas. Já no Nordeste, o alerta é para a “virose da mosca”. Os insetos podem carregar uma série de vírus em suas patas e depositá-los em comidas (como frutas) e até mesmo na água, gerando a contaminação.
Os hospitais do Grupo Prontobaby no Rio, cujos pacientes são crianças, registraram um aumento de 47,4% nos atendimentos de casos de gastroenterite no início deste ano. Em dezembro de 2022, foram 712 registros, contra 1.050 no mês de janeiro de 2023.
A prevenção da gastroenterite é feita pelos cuidados higiênicos no preparo dos alimentos —tudo o que for consumido com casca deve ser lavado — e, especialmente, pela lavagem das mãos. Além disso, deve-se consumir apenas água mineral ou filtrada e fervida.
Entre os sintomas da gastroenterite, estão febre, que pode ser muito alta no 29 e 39 dia de infecção, mas que depois costuma arrefecer; náusea e vômitos; diarréia com dores na barriga; falta de apetite; erupções na pele ao final da infecção.
Hidratação
Aumentar ingestão de água é uma das indicações dos médicos Segundo Becker, é muito importante reforçar a hidratação da criança durante o período da infecção, já que ela perde muito líquido pelos vômitos e a diarréia, além da transpiração. O pediatra orienta oferecer água a cada 15 a 30 minutos. Podem ser ofertados também água de coco, suco diluído, soro caseiro ou soro hidratante comercial. Não se deve oferecer bebidas esportivas (como isotônicos) nem refrigerantes.
— Normalmente a aceitação é boa. Se a criança não aceita, pode ser sinal de doença mais grave, e é bom levar para o atendimento hospitalar —recomenda.
A desidratação pode ser notada por alguns sintomas, como olhos sem brilho ou fundos; prostração; sonolência ou irritabilidade; boca seca; choro sem lágrimas; saliva espessa; pele seca e sem elasticidade (quando beliscada na barriga, demora a voltar ao normal); redução na frequência e volume da urina; e urina mais escura. Nos bebês, a moleira pode ficar persistentemente baixa.
Bebês pequenos, abaixo de 6 meses, são mais sensíveis à desidratação. Devem ser amamentados em livre demanda, tomar soro caseiro, mas é fundamental consultar o pediatra ou levar para o atendimento médico, pontua Becker. Para os que usam fórmula também é preciso verificar se o pediatra propõe mudanças.
O risco de desidratação é a principal justificativa para se levar a criança à emergência.
—Se a criança está perdendo muita água por causa da diarréia e dos sucessivos vômitos, e não está conseguindo repor pela hidratação, ela deve ser levada ao médico. Quanto menor, maior é o risco de desidratação. Então, se você tem crianças abaixo de 2 anos, principalmente abaixo de 6 meses, é preciso ficar muito atento aos sinais. Provavelmente, ela vai precisar de reidratação venosa —explica Daniel Becker.
ABATIMENTO
Febre alta somada a sangue nas fezes ou muco nas fezes também são motivos para levar ao pronto-socorro. Se a criança está muito abatida, isso significa doença mais grave, e ela deve ser avaliada por um médico.
Becker afirma que é normal a criança não querer se alimentar enquanto enfrenta uma gastroenterite. Ele recomenda oferecer ao pequeno a quantidade de comida que conseguir comer: não precisa forçar, depois de recuperada, a criança volta a comer normalmente.
A canja é o melhor prato para esses tipos de situação, afirma o médico. O caldo hidrata, o alho e a cebola têm ação anti-infecciosa e “limpam” o intestino, o arroz e a cenoura são carboidratos e dão energia, e o frango é uma proteína simples e de fácil absorção pelo corpo. Para crianças vegetarianas e veganas, a canja pode ser feita com tofu. Alimentos ultraprocessados devem ser evitados no período.
Fonte: O Globo/Evelin Azevedo