A mudança na forma de pagamento dos prestadores de serviços dos planos de saúde, principalmente aos hospitais e clínicas, pode ser uma das explicações por trás do bom resultado da saúde suplementar. Olhando por dentro os dados financeiros das operadoras médico-hospitalares fica claro o aumento do atendimento em rede própria, a chamada verticalização, que avançou de 6,84%, em 2019, para 15,05% no ano passado e o crescimento do pagamento por pacote, que saltou de 3,8% para 13,22% do montante desembolsado pelas operadoras com assistência no mesmo período.
O pagamento por serviço, conhecido no jargão de mercado como fee for service, ainda é aplicado majoritariamente, mas perdeu bastante espaço nesse intervalo de seis anos: caiu de 83,8% para 64,4%.
A mudança de modelo vem sendo discutida por operadoras e prestadores de serviços há mais de uma década, como uma alternativa de maior controle de gastos e busca de uso eficiente de recursos. No entanto, o ritmo de substituição de formato custou a engrenar.
– Ainda tem rede grande que é resistente a trabalhar com outra forma de pagamento que não seja por conta beta ou fee for service. Mas o desejo das operadoras é reduzir essa modalidade de pagamento. No pagamento por pacote, a alternativa mais moderna seria o pagamento baseado em valor e aí a discussão é mais profunda porque tem que medir desfechos. Quando se faz isso, verifica-se que um resultado ruim num atendimento em saúde é praticamente inaceitável. A tendência é que uma modalidade de remuneração por conta aberta vá recuando – avalia Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS.
Outro ponto que chama atenção ao olhar a divisão de gastos é o percentual despendido com reembolso, que saltou de 3,46% do total das despesas dos planos de saúde para 6,11%, em 2022. As operadoras vêm fazendo um pente-fino nessa rubrica na alegação de reduzir fraudes, muitas delas que foram parar na Polícia, mas também criando maior burocracia para o acesso ao benefício de receber por procedimento pago pelo usuário. O resultado foi uma queda do montante gasto com reembolso para 4,59%.
Fonte: O Globo