Presidente da APM concede entrevista ao programa Aqui Doutor Saúde

Antonio José Gonçalves falou sobre “O futuro do ensino da Medicina”

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Na última quinta-feira, 8 de maio, o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, foi recebido pelo programa Aqui Doutor Saúde, do Portal Aqui Vale, de São José dos Campos, para conceder entrevista sobre o tema “O futuro do ensino da Medicina”. A conversa foi conduzida por Othon Mercadante Becker, diretor da 3ª Distrital da APM, e pode ser conferida por meio deste link.

“Este programa tem como objetivo principal trazer convidados que tenham conhecimento e expertise sobre determinada área da Saúde, para levar informações de qualidade. Hoje, estamos em um mundo repleto de fake news, mas aqui não. Aqui encontramos conhecimento comprovado”, destacou Becker.

Dando início ao bate-papo, Antonio Gonçalves relembrou que a Associação Paulista de Medicina é uma entidade que congrega médicos e que possui dois pilares fundamentais, um deles voltado à boa formação do médico e o outro referente à boa assistência à população.

Neste sentido, o médico elucidou de que maneira enxerga que a Medicina vem sendo prejudica pela mercantilização de escolas voltadas à área. “Até o final do século passado, existia um número restrito de faculdades de Medicina e havia a necessidade de se formar mais médicos. Só que para você fazer uma escola de Medicina, precisa ter hospital e uma estrutura de professores, e o professor de Medicina não se forma da noite para o dia. O nosso País não formou professores com essa celeridade.”

Gonçalves acrescenta que as faculdades de Medicina foram entendidas como um grande negócio, com mensalidades elevadas. “A grande maioria delas sem nenhuma condição e sem controle adequado. Nós tínhamos, no final dos anos 1990, 50% das escolas médicas públicas. Hoje, são apenas 20%, então a proliferação foi em cima de instituições privadas visando fundamentalmente o lucro.”

Qualidade da formação

De acordo com o presidente da APM, na última avaliação do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), um quarto das faculdades de Medicina conseguiram alcançar nota 2 – em um teste que tem nota máxima até 5. Para ele, isso demonstra que o próprio Ministério de Educação, que é o órgão de fiscalização, entende que autorizou a abertura de escolas que não têm condições de funcionar, mas que continuam ativas. “Por isso nós queremos fazer o Exame de Proficiência em Medicina. Esta é uma das maneiras que encontramos para minimizar esse problema.”

Para o especialista, atualmente o Brasil não precisa de mais médicos, mas sim, melhores profissionais e uma distribuição adequada deles, relembrando que, recentemente, a Associação Médica Brasileira, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, lançou a nova edição da Demografia Médica Brasileira, que mostra claramente tais disparidades.

Ele também recordou o recente projeto do Governo Federal, o Enamed (Exame Nacional de Avaliação de Formação Médica), que tem como intuito avaliar os alunos, mas sem impedir o exercício profissional daqueles que forem reprovados. “Nós temos que ter a preocupação com os alunos, mas a nossa preocupação maior é com o paciente que ele vai atender.”

Título de especialista

Durante a entrevista, outro tópico abordado foi a valorização do Título de Especialista Médico – tema de recente campanha da Associação Médica Brasileira. Segundo Antonio Gonçalves, atualmente existem duas maneiras de um médico se tornar especialista, a primeira é por meio do programa de Residência Médica credenciando ao MEC e a segunda é prestando o título de especialista pela AMB e pelas sociedades de especialidades.

“É um exame muito sério, com índice de reprovação entre 40% e 50%. A AMB quer, junto com a APM, evitar que se faça com a especialização médica o mesmo que fizeram com a graduação, por meio do Mais Médicos, e que acabem com a única forma de aperfeiçoamento médico”, disse.

O médico finaliza indicando que, para ele, a má avaliação interfere no paciente, na economia do sistema de saúde – público e privado – uma vez que são solicitados exames desnecessários, e na questão de classificar resultados e prescrever medicamentos.

Foto: Divulgação