InCor e Oswaldo Cruz desenvolvem material para a correção cirúrgica de deformação na caixa torácica

Casos de pectus excavatum que só poderiam ser tratados por cirurgia aberta, agora, podem ser feitos com mais segurança para o paciente por meio de procedimento minimamente invasivo

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Projeto de pesquisa desenvolvido pelo InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) – com apoio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e parceria da empresa de tecnologia médica Traumec – desenvolveu novo material cirúrgico que amplia as possibilidades da cirurgia minimamente invasiva para a correção do pectus excavatum (PE), má-formação no crescimento das cartilagens do tórax que provoca deformação na caixa torácica. A doença impacta 1,2% da população e pode afetar órgãos, como o coração e os pulmões, a autoestima e a qualidade de vida do paciente. 

De acordo com Miguel Tedde, cirurgião torácico do InCor e do Oswaldo Cruz e coordenador do projeto de pesquisa, o reparo minimamente invasivo do pectus excavatum depende de se implantar próteses (barras metálicas) no tórax do paciente para corrigir a posição do osso esterno e das cartilagens. Até então, o material disponível era importado e não era adequado para quando se necessitava de mais de uma barra. “O novo material, desenvolvido por indústria nacional, além de permitir a utilização de uma ou mais barras metálicas, de acordo com a necessidade de cada paciente, tem um sistema de fixação que torna o procedimento muito mais seguro”, afirma. 

Esse novo material, implantado com sucesso em 50 cirurgias realizadas no InCor durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa, já recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, já estão sendo realizadas cirurgias em pacientes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e em outros hospitais, uma vez que a tecnologia está disponível para todo o País.  

Segundo o cirurgião, há outras vantagens. Na primeira fase do estudo, o tempo de internação pós-cirurgia, que era de sete dias, passou para cinco. Já na segunda fase de trabalho, passou para quatro dias. “Casos que só poderiam ser tratados por cirurgia aberta, agora, podem ser corrigidos por meio da videotoracoscopia, com melhora da correção anatômica, menor tempo de internação e uma recuperação mais rápida”, assegura. 

Outro ponto importante é que a parceria na pesquisa entre centros de excelência público e privado, como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e o InCor, com a indústria médica nacional, possibilitou que um produto desenvolvido em nosso meio possa substituir com vantagens um produto importado.