Nesta quinta-feira, 17 de abril, a Associação Paulista de Medicina lança oficialmente a segunda temporada do seu videocast oficial, o APMCast. Nesta edição, a série irá trazer diversos conteúdos voltados especialmente aos médicos jovens, com episódios apresentados pelo diretor de Marketing da APM, David Alves de Souza Lima.
Segundo Lima, complementar os estudos na área médica e querer viver em outro país são fatores que motivam profissionais a buscarem por um intercâmbio. E para falar mais sobre o tema, o primeiro episódio da nova temporada do APMCast é com Rafael Duarte, fundador da empresa RD Medicine, que auxilia médicos que querem atuar nos Estados Unidos.
Rafael relembra que a RD surgiu a partir da insegurança que sentia com a Medicina no País em termos de futuro. “Eu via que a Medicina estava cada vez mais na mão de grandes redes e dos planos de saúde. Eu gosto muito de fazer o exercício de olhar para os médicos que são mais experientes e que são exemplos para mim, mas eu via que não batia muito, porque eles trabalhavam em muitas instituições, ficavam presos ao telefone e eu comecei a ficar preocupado e a pensar que eu precisava fazer alguma coisa.”
Foi por meio de um amigo que o médico conheceu o processo de validação do diploma nos Estados Unidos e viu ali a oportunidade para construir carreira fora. Duarte destaca que para se tornar médico no território americano, é necessário realizar duas provas técnicas – as mesmas as quais todas as pessoas que fizeram faculdade de Medicina nos Estados Unidos também são submetidas: “Eles não podem exercer a Medicina sem fazer essas provas. Aliás, também não podem exercer sem fazer Residência”, comenta o entrevistado, que complementa que no caso dos estrangeiros, também é necessário ser aprovado em uma prova de inglês, o Occupational English Test (OET).
Após passar na residência nos Estados Unidos, ele começou a ajudar pessoas que também compartilhavam esse mesmo interesse, em uma espécie de “mentoria solidária”, como o próprio descreve. “A RD tem dois anos e meio e explodiu. Hoje, temos quase três mil alunos, 100% de aprovação, toda uma gama de softwares próprios e um sistema de educação completamente bilíngue, com professores bilíngues e validados.”
O fundador da RD Medicine salienta que a instituição é composta de três vertentes, sendo elas, mentoria, em que se molda o aluno, o currículo dele e a aplicação no sistema americano; o inglês médico, para fazê-los se sentir à vontade e conseguirem causar uma boa impressão por meio de outro idioma – que, no caso dos médicos, tende a ser muito técnico; e os estudos para as provas.
Vencendo barreiras
Para Rafael, o principal fator impeditivo nesta jornada é o medo do desconhecido. No entanto, ele destaca que o processo para se tornar médico nos Estados Unidos é justo e é natural que muitos estrangeiros sejam recebidos. Além disso, o medo de falar inglês e errar é uma barreira para os brasileiros que visam tentar uma carreira internacional.
“Você vai avançando aos poucos, o seu inglês vai melhorando e eles não estão nem aí para o seu sotaque. Eu sempre fui muito respeitado desde o primeiro dia de residência, não existe xenofobia ou preconceito, até porque quase 30% dos Estados Unidos é formado por estrangeiros. Os pacientes estão acostumados e tem chefes de serviços importantíssimos que são estrangeiros. Depois de três meses, seis meses, você já está fluente”, incentiva.
Mesmo tendo atuado nos Estados Unidos, o entrevistado descreve que a Medicina brasileira de ponta possui nível de excelência. “Eu sou apaixonado pela Medicina brasileira. O bom médico brasileiro, em qualquer especialidade, sejam elas clínicas ou cirúrgicas, é igual ao médico americano. O médico brasileiro é muito bem-visto nos Estados Unidos, dentro dos hospitais eles querem brasileiros, porque nós olhamos no olho do paciente, somos pessoas de se relacionar mais, com competência técnica alta e que não reclamam de trabalho. Somos pessoas de garra e estamos ali para fazer acontecer mesmo.”
O médico argumenta que se mudar para os Estados Unidos de vez pode ser uma opção para alguns, mas para outros pode ser apenas uma experiência. Para ele, é importante entender que esta é uma oportunidade que está ao alcance de todos e fazer a residência lá se configura como uma porta de entrada para atuar em diversos outros países, como Austrália, Inglaterra e Canadá.
“E se quiser voltar para o Brasil, volta em uma posição diferenciada, em que você pode assumir liderança, gestão, papéis importantes na educação médica. Então, a mensagem final é a validação nos Estados Unidos, a experiência internacional, que é acessível a todos que querem. É uma experiência muito engrandecedora”, complementa.
O APMCast está disponível no Spotify e no YouTube. Assista, compartilhe com os colegas e fique de olho nos próximos episódios, que abordarão os temas: mídias sociais, danos decorrentes da prestação de serviços de Saúde (anteriormente chamados de erro médico), contabilidade, ascensão das mulheres e negros na Medicina, cursinhos pré-residência, empreendedorismo e jovens e o associativismo.