18º warm up do GS Telemedicine & Digital Health traz visão das operadoras e provedores

Nesta quinta-feira, 19 de agosto, aconteceu mais um evento de aquecimento para o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2021 – que ocorre de 9 a 12 de novembro. O warm up teve como tema “Operadoras e provedores: visões da saúde digital e Telemedicina no Brasil e Além-Mar”. O evento foi moderado por Jefferson Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS, e Antônio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina.

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Nesta quinta-feira, 19 de agosto, aconteceu mais um evento de aquecimento para o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2021 – que ocorre de 9 a 12 de novembro. O warm up teve como tema “Operadoras e provedores: visões da saúde digital e Telemedicina no Brasil e Além-Mar”. O evento foi moderado por Jefferson Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS, e Antônio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina.

“Todos os meses, trazemos profissionais com experiência no tema da Telemedicina, Telessaúde e Saúde Digital para o warm up do GS. Esta edição do evento em novembro será especial, com mais de 200 palestrantes, 20 conferencistas internacionais, seis painéis internacionais, 36 painéis nacionais etc. Vamos abordar uma diversidade de temas que irá interessar a todo o ecossistema da Saúde Digital”, explicou Fernandes, que também é diretor do programa de Educação da Sociedade Internacional de Telemedicina e e-Health (ISfTeH).

A primeira palestra do warm up foi conduzida por Viviane Mathias, gerente de Telemedicina e Serviços Digitais da SulAmérica, abordando a Telemedicina como viabilizadora de um cuidado integral e personalizado ao paciente. “Além de gerente na SulAmérica, sou mãe de pet, tia e mergulhadora amadora. Por que falo isso? Para pensarmos em como podemos levar em conta várias facetas que existem dentro de nós para levarmos cuidado personalizado e integral ao paciente”, disse.

Para ilustrar esse raciocínio, a palestrante apresentou o caso de uma paciente fictícia, chamada Vanda, que tem convivido há alguns dias com dor de estômago. “Ela não tem tempo para médicos. É divorciada, está se dividindo entre os afazeres de casa, com dois filhos. Além disso, sua empresa não está pagando o salário integral. Ela está muito preocupada.”

Segundo raciocínio de Viviane, caso ela buscasse uma consulta médica, talvez ocorresse ao profissional realizar uma prescrição sintomática e solicitar alguns exames. “Mas, será que isso seria suficiente? Será que essa dor não está associada ao estresse que ela vem passando? Por isso é tão importante falarmos de saúde integral”, refletiu.

É importante levar isso em conta porque os sistemas dos players do mercado não estão, em sua visão, genuinamente preparados para que esse cuidado integral seja aplicado, de maneira a encarar corpo e mente como indivisíveis, além de observar o lado financeiro dos pacientes – atualmente, são 14 milhões de desempregados e isso impacta na saúde emocional e na nutrição das pessoas.

“A Telemedicina vai apoiar e resolver esses problemas? Acreditamos que sim, pois ela é um meio, não um final. Boa parte das questões são resolvidas a distância, mas além disso, ela também funciona como gatilho para buscar apoio em redes complementares”, afirma.

A palestrante mostrou, ainda, estudo que aponta que 50% das seguradoras do mundo já oferecem serviços de Telemedicina. Na SulAmérica, houve aumento de 5.000% em atendimentos remotos quando comparado ao período pré-pandemia. “Realizamos mais de 850 mil consultas de pronto-atendimento e de especialidade, com 95% de resolutividade (com acompanhamento posterior de 48 horas, para ver se não teve serviço adicional)”, completou.

Apostas e desafios
Na sequência, Fernando Ferrari, diretor geral da DOC24 no Brasil, falou sobre Inovação em saúde digital: novas apostas e desafios. Em referência à palestra anterior, ele afirmou que todos nós, de fato, conhecemos diversas Vandas e que há preocupação em trazer mais qualidade de vida e atendimento médico para todos.

“Nesse sentido, vejo a pandemia como grande divisor de águas. Não só no modelo de relação pessoal, mas principalmente na questão do atendimento médico. Antes, nós tínhamos um modelo super tradicional de atendimento, em que pessoas e os próprios médicos tinham necessidade do toque e do atendimento presencial.”

Disso, segundo Ferrari, passamos para um cenário em que as pessoas não podiam mais sair de casa por questões de segurança sanitária, tornando os modelos híbridos de atendimento muito relevantes.

O diretor da DOC24 lembrou que, em breve, vamos passar por uma discussão importante da questão regulatória. “Já há debates no Congresso sobre a nova regulamentação da Telemedicina e da Telessaúde a partir do momento em que deixarmos de viver em estado de pandemia. O ponto que não há como evitar: precisamos correr atrás de tecnologia e sempre manter o foco na inovação, possibilitando todos os avanços aos pacientes.”

Experiência em MG
A seguir, Larissa Vilela Cruz relatou a experiência da Central de Consultas on-line da Unimed Belo Horizonte, onde é gerente médica. Ela mostrou, por exemplo, a constituição dos consultórios-cabines, nos quais os profissionais médicos atendiam os pacientes a distância, em um local de atendimento presencial conectado com a central on-line.

“Em 2021, tivemos muita evolução. Constituímos um pronto-atendimento on-line, um ambulatório de egressos pós-Covid19, e o atendimento – disponível 24 horas – para pequenas urgências, com consultas no mesmo dia, com clínicos, pediatras e médicos de família”, explicou Larissa.

Em relação às boas práticas, a palestrante afirma que a Unimed BH manteve o foco na educação permanente e na entrega de protocolos. De tal maneira, foram produzidos protocolos para as principais doenças atendidas virtualmente, entregues aos médicos digitalmente e via podcasts, vídeos e aulas virtuais.

“O ambulatório de egressos pós-Covid19 foi a última iniciativa. Quem tem alta dos hospitais recebe contato e é convidado a buscar o ambulatório para uma transição do cuidado. Os médicos na central on-line fazem as consultas com eles e criam planos de cuidado. Sendo necessário, são encaminhados para os outros ambulatórios para avaliação ou para equipe multidisciplinar, pensando na reabilitação. Entregamos integralidade ao paciente”, detalhou a gerente.

Para finalizar, ela apresentou alguns números do Centro de Consultas on-line: são 409 médicos e 21 colaboradores dando suporte à operação. Os profissionais são distribuídos em 85 postos de trabalho simultâneos, exigindo esforço na administração centralizada. O Centro já fez mais de 484 mil consultas de pequenas urgências e mais de 23 mil atendimentos nos consultórios-cabines. “Mais que números, entregamos qualidade, com 92% de resolutividade em 72 horas.”

Contribuição internacional
O último palestrante do dia foi Daniel Ferreira, diretor do Centro Clínico Digital do Hospital da Luz, em Lisboa (Portugal), com o tema Uma luz sobre o futuro da Saúde Digital: tão longe e tão perto. “Tenho dificuldades em fazer predições do futuro, é muito difícil. Poderia utilizar o chavão de ‘o futuro é agora’. Mas, de fato é. Com a robótica, a realidade aumentada, a terapia genética, as tecnologias de Saúde Digital, a realidade virtual etc. Elas já estão aí, sendo utilizadas em todo o mundo, sobretudo no mundo Ocidental”, iniciou Ferreira.

Na sequência, ele lembrou que a Telemedicina é um fato já previsto em 1925, há quase um século e que, em Portugal, há mais de 20 anos há experiências em, por exemplo, Telecardiologia pediátrica. Apesar disso, e de os benefícios da Telemedicina serem conhecidos, ainda há um temor de que o atendimento remoto possa ser prejudicial.

“Há um grande receio que a Telemedicina interfira na relação médico-doente. Me sinto um pouco ofendido. Sou clínico e penso que se eu fosse admitir que comprometesse a minha relação com meus doentes, ficaria ofendido. Temos que pensar que a Telemedicina é uma nova forma de cuidar. E cuidar presencialmente não significa necessariamente que tenha mais ou menos sucesso do que o cuidado remoto.”

Corroborando o raciocínio, ele mostrou um vídeo, rodado em Recife (PE), em que os pacientes eram questionados sobre o que queriam durante um atendimento médico e todos reclamavam que muitos profissionais não os olhavam no rosto, evidenciando a importância da Medicina humanizada.

“Cuidar dos pacientes tem que ser a motivação de qualquer prestador de Saúde que se empenhe. Já reconhecemos os pontos negativos e positivos da Telessaúde e é verdade que a Telemedicina exige cuidados. Somos entusiastas, mas tem de ter cuidado. Não pode prejudicar a relação médico-doente”, declarou o especialista português.