A Associação Brasileira de Mulheres Médicas (ABMM) realizou a cerimônia de entrega – na última quinta-feira, 23 de novembro, na sede da Associação Paulista de Medicina – do Prêmio Profª Dra. Therezinha Verrastro Almeida às especialistas Nelci Zanon Collange, Walkiria Samuel Ávila e Marilene Rezende Melo.
A presidente da ABMM, Elizabeth Giunco Alexandre, relembrou que a iniciativa de entregar um prêmio aos grandes nomes femininos da Medicina surgiu após a pandemia de Covid-19, uma vez que as profissionais de Saúde de todo o mundo tiveram um papel fundamental no cuidado e foram responsáveis por descrever inúmeros fenômenos que, até então, não eram conhecidos a respeito da infecção.
“Foi então que, em 2022, resolvemos instituir esta premiação com o nome da professora Therezinha Verrastro, que foi uma grande médica, pioneira da Hematologia e Hemoterapia. Uma pessoa que desbravou e contribuiu muito pela Ciência em um tempo em que era muito difícil ser mulher médica. Este ano, estamos aqui, na segunda edição da premiação e esperamos continuar com ela, homenageando as mulheres médicas que tiveram uma efetiva contribuição à Ciência médica brasileira”, expressou.
A presidente da seccional São Paulo da ABMM, Ana Regina Vlainich, salientou a satisfação de trabalhar com um grupo que sabe lidar tão bem com as diferenças. “Tenho certeza de que o mundo não teria guerras se tivesse mais mulheres em postos de comando. Gostaria que no ano que vem fizéssemos um esforço maior para ampliar o nosso quadro de associadas, para representar a força que as mulheres devem ter no Brasil e no mundo.”


Homenageadas
Nelci Zanon Collange, que é neurocirurgiã pediátrica, graduada pela Universidade de Caxias do Sul, em 1986, e realiza ações voluntárias ao redor de todo o mundo, durante o seu discurso de agradecimento, enfatizou a importância que o Sistema Único de Saúde tem para a população brasileira e salientou que o número de mulheres no seu campo de atuação ainda é muito baixo.
“Estamos abaixo de 15% de mulheres na Neurocirurgia no Brasil e no mundo. O mundo da Cirurgia não é feminino. A Neurocirurgia me ensinou bastante coisa, uma delas é que em um período da vida, para vencer em um ambiente árido, às vezes você tem que adotar um comportamento defensivo, depois de ter conseguido o respeito, você pode dar passos para trás e conseguir crescer.”

Já Walkiria Samuel Ávila, cardiopneumologista formada pela Pontifícia Universidade Católica/Sorocaba, em 1975, e com grau de doutora pela Universidade de São Paulo, é pioneira no tratamento de cardiopatia na gravidez – área que ainda está em crescimento no Brasil. Segundo a médica, ela quase seguiu para a Obstetrícia, no entanto, após conhecer o homem que anos depois viria a se tornar seu marido e que, na época, fazia residência em Cardiologia, ela se apaixonou por esta área.
“Quando o InCor foi fundado, na década de 1980, eu vi uma brecha de que poderia trabalhar em uma área que ainda não existia, que era a mulher cardiopata grávida, que na época, tinha mortalidade de 70%. Nós tivemos o pioneirismo e atualmente já temos 5.025 mulheres acompanhadas, fundamos o departamento de Cardiopatia em Gravidez em 1989, indo por todo o Brasil, que cresceu muito e agora estamos iniciando o departamento de Cardiologia da Mulher, já que no nosso País, a doença cardiovascular é a que mais leva mulheres a óbito”, disse.

Finalizando os discursos, Marilene Rezende Melo – que já foi presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas e é um dos grandes nomes que contribuem na composição da entidade, além de possuir uma intensa vida associativa – relembrou a importância de mulheres ocuparem papeis de protagonismo, convidando as colegas a fazerem parte da representação feminina na Academia de Medicina de São Paulo. “Eu represento a AMSP e convido todas a entrarem na Academia, que é uma entidade de alto nível para profissionais com um currículo notável.”

Texto: Julia Rohrer
Fotos: Alexandre Diniz