Brasil realizou mais de 10 milhões de exames para esquistossomose em 12 anos

Saneamento básico precarizado e contato com regiões de água doce em que haja a existência de caramujos infectados são as principais formas de adquirir esquistossomose

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Saneamento básico precarizado e contato com regiões de água doce em que haja a existência de caramujos infectados são as principais formas de adquirir esquistossomose – doença parasitária ocasionada pelo Schistosoma mansoni. Desta maneira, a mais recente versão do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, buscou analisar os dados obtidos em relação à doença de janeiro de 2010 a outubro de 2022.

A pesquisa aponta que, durante este período, foram registrados 10.731.884 exames para esquistossomose ao redor das áreas endêmicas do País. Apesar de a doença ser descrita como assintomática na maioria dos casos, na fase aguda os pacientes podem apresentar uma série de sintomas: febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarreia.

Quando agravada, a infecção leva ao emagrecimento, aumento do volume do abdômen e causa fraqueza acentuada. Caso não seja realizado o tratamento correto, os quadros podem chegar a internações e até mesmo a óbitos.

No Brasil, a esquistossomose se faz presente na maioria dos estados, mas principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Os estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo, Maranhão e Minas Gerais são áreas endêmicas, com transmissão já estabelecida, de modo que o boletim destaca que há milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, podendo contrair a doença.

Houve um percentual de diminuição de casos positivos, que foram de 4,7% (75.080 confirmações para o 1.600.809 de exames realizados) em 2010, para 3,3% (10.798/327.708) em 2021. Em 2022, o percentual de casos confirmados está em 2,6%, contudo, este valor pode sofrer alterações, levando em consideração que o ano ainda não terminou.

Em relação às infecções severas, estas também acompanharam a tendência de redução, já que em 2010 foi registrado um percentual de 0,3%, passando para 0,2% em 2021 e 0,1% em 2022 – ainda que este número possa mudar.

Resultados

Durante os 12 anos de análise, foram detectados caramujos infectados pelo Schistosoma mansoni em 78 localidades, sendo que de 2010 a 2014, 44 deles estavam nos estados do Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Pará e Sergipe; de 2015 a 2018, foram identificados 28 em Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Sergipe; enquanto de 2019 a 2022 houve seis localidades de infecção, espalhadas entre Bahia, Ceará e Piauí.

Foi registrado um total de 2.389 internações ocasionadas pela esquistossomose entre os anos de 2010 e 2022, de modo que a média é de 184 internações a cada ano. Houve uma discreta redução na taxa de internação hospitalar, que era de 291 em 2010 e passou para 200 em 2019. Em 2020, foram registradas 105 internações, enquanto o número apresentado em 2021 foi de 127. Por estarem sujeitos a alterações, os resultados de 2022 não foram divulgados. As taxas mais elevadas de internação foram observadas no Nordeste e Sudeste.

O total de óbitos por esquistossomose no período foi de 6.130, representando uma taxa média de 472 óbitos por ano. Além disso, é válido salientar que a taxa de mortalidade por esquistossomose no Brasil teve pouca variação, já que em 2010 os valores eram de 0,26 (514) óbito para cada 100 mil habitantes, enquanto em 2020 passou para 0,23/100 mil hab. (482). Os dados referentes a 2021 e 2022 ainda estão em análise pelo sistema.

Assim como no número de casos, mais óbitos e as maiores taxas de mortalidade também foram apresentados pelas regiões Nordeste e Sudeste, majoritariamente pelas unidades federativas endêmicas.

De acordo com o boletim, embora as taxas nacionais de casos positivos e infecções severas tenham tendência de queda no Brasil, ainda há uma média de altas taxas em determinadas localidades.

Por isso, a fim de que o País possa erradicar efetivamente a infecção, são necessárias ações voltadas à Atenção Básica, principalmente no que se entende como saneamento básico de qualidade, podendo assim fornecer garantia de saúde para as populações que vivem em áreas vulneráveis.