A Secretaria de Vigilância em Saúde, componente do Ministério da Saúde, divulgou na última semana o Boletim Epidemiológico Especial que analisa o panorama da hanseníase no Brasil. De acordo com os dados disponibilizados pela análise, durante os anos de 2017 a 2021, 119.698 novos casos da enfermidade foram registrados no País.
A hanseníase se caracteriza por ser uma doença infecciosa, transmissível e de caráter crônico – descrita como um grave problema de saúde pública no território nacional. Ela é ocasionada pelo Mycobacterium leprae, bactéria que afeta, majoritariamente, nervos periféricos, olhos e pele. A evolução dos casos pode ser lenta e progressiva, e, caso eles sejam tratados tardiamente ou não haja tratamento, podem causar deformidades e incapacidades físicas nos pacientes – situações irreversíveis em grande parte casos.
Índia, Brasil e Indonésia são os países com o maior número de registros de hanseníase em todo o mundo. No País, do número total de casos, 66.613 deles foram documentados em pacientes do sexo masculino, ou seja, 55,7%, uma tendência observada em todas as faixas etárias durante os anos de pesquisa, sendo mais frequente entre a faixa etária dos 50 a 59 anos – que apresentaram 23.192 novos diagnósticos.
Além disso, dos casos apresentados durante o período da análise da Secretaria e do Ministério da Saúde, foi observado que a maior frequência das notificações foi registrada entre indivíduos autodeclarados pardos (51,6%), seguidos por autodeclarados brancos (21,6%). Neste sentido, o boletim aponta também que Sul e Sudeste foram as regiões que apresentam as maiores proporções de novos casos na população branca, totalizando 70% e 41,5%, respectivamente, enquanto as demais regiões tiveram predominância dos casos na população parda.
Em relação às áreas alto de risco, Mato Grosso, em 2021, foi a unidade federativa com a maior taxa de detecção geral da infecção, totalizando 58,76 novos casos a cada 100 mil habitantes, de modo que a capital Cuiabá, apresentou taxa de 22,45 casos/100 mil habitantes. Em segundo lugar, está o Tocantins, com 47,97 novos casos/100 mil habitantes, sendo que a capital Palmas, teve taxa de 79,78 casos/100 mil habitantes – a maior de todas as capitais brasileiras.
Dentre as abordagens realizadas no estudo, também se buscou identificar o nível de escolaridade dos infectados. Sendo assim, os novos casos de hanseníase no Brasil tiveram predomínio entre pacientes com o ensino fundamental incompleto (40,9%), seguidos por aqueles que têm a educação superior incompleta (15,1%).
O número de casos de hanseníase registrados no final de 2021 foi de 22.426, com uma taxa de prevalência de 1,05 por 10 mil habitantes. Em dez anos, o País alcançou uma redução de 30,4% na taxa de prevalência, porém, não houve nenhuma mudança no parâmetro oficial da endemicidade, que continuou classificada como “média”. Todavia, apesar desta redução, é válido salientar que ela pode estar diretamente relacionada à sobrecarga dos serviços de saúde ocasionados pela pandemia de coronavírus.
Sobre o ano de 2022, dados preliminares obtidos até o momento apontam que foram diagnosticados 14.962 novos casos de hanseníase, sendo 645 (4,3%) deles ocorridos em pacientes menores de 15 anos. A unidade federativa com o maior número de casos na população geral é o Maranhão, englobando 1.860 deles, em seguida está Mato Grosso, Pernambuco, Bahia e Pará, em que cada um apresentou mais de mil novas infecções no decorrer do último ano.