Covid-19 trouxe à tona preparação médica para atuação remota, destacam palestrantes de Warm up

Diante do cenário atual de pandemia pelo novo coronavírus, aumentou de forma significativa o número de médicos e profissionais da Saúde que passaram a aderir à Telemedicina como recurso de atendimento a distância

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Diante do cenário atual de pandemia pelo novo coronavírus, aumentou de forma significativa o número de médicos e profissionais da Saúde que passaram a aderir à Telemedicina como recurso de atendimento a distância. Em caráter de excepcionalidade, enquanto durar a crise da Covid-19, a Lei 13.989/2020, a Portaria do Ministério da Saúde 467/2020 e o Ofício do Conselho Federal de Medicina 1756/2020 autorizaram o uso da ferramenta.

A lei estabelece que por Telemedicina deve ser considerado “o exercício da Medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde”. E os médicos ainda estão autorizados a emitir atestados ou receitas desde que assinem os documentos eletronicamente.

No entanto, muitos profissionais ainda apresentam dificuldades para se adaptar às novas tecnologias digitais. “Não basta ter um computador, temos que nos preocupar com o acesso efetivo. Como incluir os médicos neste mercado tecnológico?”, questiona o CEO da Health Innova Hub, Fernando Cembranelli, um dos mediadores do Warm Up São Paulo – evento de aquecimento ao Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020 -, ocorrido no dia 23 de abril de forma on-line.

“De fato, é uma pergunta que sempre nos é feita em eventos, por e-mail e mídias sociais. São demandas de colegas médicos, das mais variadas idades, questionando como entrar neste mundo, o que podem fazer para acessar, qual ferramenta utilizar. O ponto específico ideal é formar parcerias, nosso principal drive. Certamente, precisamos unir forças para termos um ramo de tecnologia que ajude a divulgar solução”, defende o diretor de Inovação e Produtos da Teladoc, Jimmy Ayoub.

Em linhas gerais, Ayoub esclarece que não basta sair ao mercado e oferecer uma plataforma digital avulsa ao médico, sem preencher suas necessidades pontuais. “Quando falamos em usuário final, não é só o paciente, mas o médico que consome a Telemedicina.”

Neste sentido, neste mês de abril, a Associação Paulista de Medicina desenvolveu uma plataforma segura e robusta, em parceria com a Teladoc Health, que fornece ao médico associado toda a estrutura necessária para realizar um atendimento remoto de qualidade. A primeira iniciativa visa educar os médicos com curso on-line de capacitação básica em Telemedicina, passando pelos conceitos de teleconsulta, segurança e regulamentação.

“A APM é uma das fontes que o profissional deve estabelecer contato para se apropriar das novas tecnologias. Quando o médico sai da faculdade, essas entidades podem ajudá-lo nesse processo, a exemplo do curso EAD. Reforço a dica de realmente utilizar as Associações em benefício do seu trabalho e do seu dia a dia”, sugere o vice-presidente da Crenet Health Tech, Fernando Paiva.

Grade curricular acadêmica

Sem sombras de dúvida, a entrada da tecnologia na área médica transformou a atuação profissional. No entanto, o currículo de formação acadêmica, principalmente das universidades mais tradicionais, tem resistência em incluir o tema na grade disciplinar, como informa o diretor de Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Marco Bego.

“Talvez seja importante criar, no momento da residência médica, o contato com essa tecnologia. No entanto, o que temos visto, muitas vezes, são locais de formação sem acesso à digitalização. Esse médico terá contato apenas lá na ponta, quando entrar no mercado. Então, você precisa realmente modificar partes desse currículo.”

A temática sobre o ensino tecnológico não é um assunto novo. “Infelizmente, tivemos de passar por uma crise pandêmica para que pudéssemos acelerar essa discussão com os profissionais que lidam com a educação e com os que trabalham na Saúde. Perdemos tempo demais com discussões e hoje temos gap até com ensino dos professores. Faço um apelo aos docentes e comitês de currículo pedagógico para prezarem por esse ensino”, acrescenta o gerente de Inovação Aberta da Dasa e CuboHealth, Thiago Julio.

A entrada da tecnologia na área médica também causa dúvidas sobre a existência futura de determinada área. “Precisamos preparar talvez o residente para usar melhor essas ferramentas, sabendo que o mercado se modificou, pode ser que algumas carreiras com o passar do tempo terão dificuldades para coexistir com a tecnologia, o que é natural nessa transformação. Acredito que não é só a dificuldade de o médico entender a tecnologia, há também uma mudança importante naquilo que ele fazia até então”, sintetiza Bego.

O Warm up São Paulo foi mediado pelo diretor de Tecnologia da Informação da APM e presidente do Comitê Organizador do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Antonio Carlos Endrigo; pelo presidente do Conselho Curador do GS, Jefferson Gomes Fernandes; e pelo CEO da Health Innova Hub, Fernando Cembranelli.

vídeo completo está disponível no Canal do Youtube do Transamerica Expo Center, que é parceiro da APM na realização do Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020, que ocorre entre os dias 13 e 15 de outubro deste ano, em São Paulo.