Na última quinta-feira (25), o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), de responsabilidade social da Associação Paulista de Medicina, promoveu mais uma edição do Encontro dos hospitais selados. Nesta edição, a convidada foi Graciane Regina de Paula, coordenadora de Enfermagem e do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital Policlin de Taubaté.
A palestrante, também especialista em auditoria e compliance, focou o debate na gestão de riscos, mostrando como a sua unidade planejou recursos e materiais para tornar o ambiente da Enfermagem – e de todo o hospital – mais seguro.
O evento foi moderado por Antônio Eduardo Fernandes D’Aguiar, membro da Governança do Programa CQH e presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Abrampas). “Essa é o quarto encontro do ano, um sucesso apesar das limitações da pandemia. Pela ferramenta virtual, evitamos viagens, mas temos os limites da tecnologia. Hoje, vamos falar de gestão de riscos, um assunto bastante atual para quem está não somente na gestão hospitalar, mas também na operação”, introduziu D’Aguiar.
Preceitos da Enfermagem
Segundo Graciane, antes de se falar em gestão de risco, é necessário pensar sobre quais são os desejos, sonhos e ideias da equipe de Enfermagem e multiprofissional e, em cima disso, analisar os riscos. “A Enfermagem é uma ciência que tem como principal objetivo o cuidado permeado por nossos fundamentos. Ou seja, a ética, que é o pilar de nossa profissão, norteando todas as atividades; o encontro com a nossa melhor marca; e o embasamento em conhecimento técnico-científico, a Enfermagem baseada em evidências”, detalhou a convidada.
Com isso em mente e se baseando nas recomendações do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), o Policlin Taubaté reestruturou a sua equipe em 2017. Hoje, são 30 enfermeiros trabalhando em planos assistenciais sistematizados, com modelo de gestão e teorias de Enfermagem.
A coordenadora de Enfermagem explica que o objetivo é sempre prestar um cuidado baseado em valor e, para tanto, a estratégia deve ser um pacote que leva em consideração diversas ações e recomendações. “Fazemos rondas periódicas de equipe, sempre com informações precisas para os pacientes; temos passagem de plantão na beira do leito, sempre respeitando o doente, os horários e a conveniência de cada um; temos rondas de liderança com papel extremamente proativo no gerenciamento de risco, identificando predisponentes de incidentes ou eventos; e temos um modelo de cuidado com comunicação assertiva com o paciente.”
É importante que esses cuidados sejam levados em consideração, para a palestrante, já que estudos apontam uma ocorrência de incidentes relacionados à assistência em saúde entre 4% e 16% dos pacientes hospitalizados em países desenvolvidos. “Temos que buscar estratégias sólidas para prestar cuidado, sendo membros proativos e diretamente responsáveis pela garantia da segurança do paciente, bem como da promoção da cultura de segurança. Temos que focar na comunicação, identificar erros e vê-los como oportunidades de aprendizado e valorizar os profissionais através de educação permanente”, recomendou.
Por fim, Graciane lembrou que a Enfermagem não deve ser a única responsável por essa busca, sendo necessário que toda a equipe multiprofissional coopere com a segurança. “Dizemos aqui: somos todos gestores de riscos. Da ponta até a equipe especializada.”