CQH: Infecções relacionadas à assistência são tema de webinar

O Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina, realizou um webinar como o tema “Infecções relacionadas à assistência à Saúde” (IRAS), com palestra da infectologista e assistente da Comissão de controle de infecção hospitalar da USP, Aleia Campos

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Na última quinta-feira, 18 de maio, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina, realizou um webinar como o tema “Infecções relacionadas à assistência à Saúde” (IRAS), com palestra da infectologista e assistente da Comissão de controle de infecção hospitalar da USP, Aleia Campos.

Participaram virtualmente membros de diversos hospitais e entidades de São Paulo, no encontro apresentado por Marcia Farias Mergulhão, analista de Qualidade do CQH, e moderado pelo coordenador do programa, Milton Osaki.

Ao introduzir o tema, Aleia falou sobre a diferença entre a infecção hospitalar e as IRAS, pois as infecções relacionadas à assistência à Saúde podem ser adquiridas em qualquer lugar, seja na assistência domiciliar, instituições de longa permanência ou até clínica de diálise. Por esse motivo, é importante ter em mente essa distinção.

Fatores de risco

“Falar de IRAS é importante porque isso tem um impacto em relação ao aumento do tempo de permanência do paciente. Sabe-se que infecções de corrente sanguínea e infecções de centro cirúrgico tendem a aumentar cerca de 7 dias o tempo de internação hospitalar, além de serem uma causa direta de mortalidade. Em torno de 1% dos pacientes morre devido a essas infecções”, explicou a infectologista.

Segundo a palestrante, o próprio paciente pode trazer consigo o risco de adquirir infecções, em destaque os transplantados, usuários de medicamentos e antibióticos ou até mesmo aqueles que já ficaram internados por muito tempo em ocasiões anteriores. Outro ponto abordado por ela foram os procedimentos cirúrgico e o pós-cirúrgico, visto que são altamente intrusivos e necessitam que o paciente fique por um determinado tempo com cateteres e tubos, no caso do pós-cirúrgico.

Sobre o uso do cateter venoso central, a especialista fez importantes alertas: “A contaminação dos pacientes geralmente ocorre durante a inserção do cateter, ou devido à manipulação inadequada do instrumento. Portanto, é indispensável a higienização com álcool 70% para evitar que as bactérias da pele do próprio paciente sejam potenciais contaminadoras do cateter, e as mãos dos próprios colaboradores que, se não higienizadas adequadamente, podem ser um veículo de contaminação”.

Aleia Campos afirmou ainda que os indivíduos com lesões na pele, neutropênicos e bebês prematuros possuem maior tendência a contrair infecções, por necessitarem de uma internação prolongada, não possuírem acesso venoso periférico ou nutrição parenteral.

Medidas preventivas

“A medida mais eficaz para a redução das infecções é a higienização das mãos. A OMS define os cinco principais momentos para a higienização das mãos dos profissionais de Saúde: antes do contato como o paciente, antes da realização do processo asséptico, após risco de exposição a fluidos corporais, após o contato com o paciente e caso tenha tocado em superfícies em contágio”, recomendou.

Segundo pesquisas apresentadas pela médica, a higiene oral do paciente que se encontra com tubos é de extrema importância para a descontaminação do sistema digestivo. O uso de clorexidina, escovação manual e oral reduzem 40% a probabilidade de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação em adultos criticamente doentes.

Outra recomendação feita pela infectologista foi sobre a inserção de cateteres somente para indicações apropriadas, e com remoção o mais rápido possível assim que não for mais necessário, além da certificação de que apenas profissionais treinados insiram e os manuseiem.

Finalizando, a palestrante evidenciou o discernimento que todos os agentes da Saúde devem ter: “Encerro aqui a aula deixando em destaque a responsabilidade que todos os membros da equipe profissional devem ter, pois este é um contexto multidisciplinar e todos devemos colaborar com as práticas corretas a fim de evitar que tais problemas ocorram nas nossas entidades e com nossos pacientes”.

Imagens: Reprodução Webinar CQH