Especialistas debatem casos clínicos em live do Congresso de Cefaleia

A Sociedade Brasileira de Cefaleia promoveu, na noite da última quinta-feira (8), live de aquecimento para o 36º Congresso Brasileiro de Cefaleia e 17º Congresso de Dor Orofacial – no canal da Associação Paulista de Medicina no YouTube.

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A Sociedade Brasileira de Cefaleia promoveu, na noite da última quinta-feira (8), live de aquecimento para o 36º Congresso Brasileiro de Cefaleia e 17º Congresso de Dor Orofacial – no canal da Associação Paulista de Medicina no YouTube. O tema do evento on-line foi “Discussão de casos clínicos de cefaleia – enxaqueca menstrual, cefaleia crônica e uso excessivo de analgésicos”.

Yara Dadalti Fragoso, presidente do Congresso, iniciou a sessão convidando os participantes para o evento – que ocorre entre os dias 28 e 29 de outubro – e apresentando os palestrantes convidados para a live, sendo eles Eliana Melhado, docente de Neurologia e Semiologia da Faculdade de Medicina de Catanduva, e Elder Machado Sarmento, mestre e doutor pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

“A Sociedade Brasileira de Cefaleia é uma instituição que visa o aprimoramento, estudo e divulgação do conhecimento para pessoas que se interessam por cefaleia. Temos uma representatividade importante junto a outras empresas, e estamos entre os primeiros países com maior representatividade sobre o tema. Esperamos que todos estejam presentes no Congresso, em que poderemos compartilhar experiências e assistir aulas presenciais. Temos total condição de fazer um evento seguro e com muito debate sobre temáticas relevantes”, enfatizou Sarmento.

Eliana, por sua vez, complementou dizendo que o intuito principal do evento é a propagação de informações para especialistas da área e de outras especialidades, a fim de divulgar a cefaleia e alertar sobre suas consequências.

Caso clínico

Para exemplificar o diagnóstico e tratamento usado no combate à cefaleia, a professora de Catanduva apresentou um caso clínico fictício, de uma mulher de 38 anos, advogada, casada, mãe de dois filhos e que apresenta fortes dores de cabeça desde os seus 15 anos. “Para identificar o problema, é preciso esclarecer as principais características da dor, neste caso, era caracterizada de forma pulsátil, na região fronto temporal à direita, com aversão a luz e barulho e frequentes episódios de náuseas.”

A especialista destacou que a paciente teve piora na frequência das dores quando apresentava as aversões, e sem a procura de atendimento médico, o que resultou em episódios frequentes de fortes dores de dor de cabeça aos 20 anos. Quando procurou atendimento em um pronto-socorro, o clínico receitou medicamentos à base de ergotamina, ocasionando melhora durante as crises, mas o que apenas maquiava a dor.

“O que faltou no atendimento do pronto-socorro foi não ter a encaminhado para o neurologista para a realização de um tratamento ideal. É uma necessidade não atendida. Aos 27 anos, a paciente já apresentava dores de 3 a 4 vezes por semana em crises prolongadas, o que se intensificou após engravidar e dar à luz a gêmeos”, enfatizou Eliana.

Apresentando o desfecho do caso, a palestrante pontuou que, aos 35 anos, as dores se intensificaram para 5 vezes na semana e, em dado momento, a paciente finalmente resolveu procurar um clínico geral para cuidar de sua cefaleia menstrual, que prescreveu anti-inflamatórios e medicamentos sintomáticos.

“As crises melhoravam com o uso dos sintomáticos, mas só porque eram usados em excesso. Quando as doses começaram a perder o efeito necessário para amenizar a dor, a paciente se consultou com um ginecologista, que manteve a pílula anticoncepcional e a encaminhou ao neurologista, recebendo tratamento profilático e trazendo, finalmente, melhoras significativas para o seu quadro”, finalizou.

Visão de outros especialistas

Após a apresentação do caso, Yara e Sarmento fizeram suas considerações. A presidente do Congresso salientou que, ao contrário da situação apresentada, muitos pacientes procuram ajuda com especialistas da área, mas são expostos a exames de forma desnecessária, frisando que o mais importante é o contato entre médico e paciente.

“Gosto de enfatizar que a conversa sobre o problema irá definir o que realmente está acontecendo com o indivíduo, muito mais do que na clínica de Radiologia. O contato com o paciente e seu relato sobre a dor se tornam imprescindíveis para o diagnóstico completo”, destacou a moderadora.

Sobre as formas encontradas pela paciente para o controle e tratamento da dor, a especialista pontuou que o pronto-socorro é o pior lugar para se tratar enxaqueca, pois o paciente só terá a prescrição de medicamentos que irão para maquiar a dor e, enquanto funcionarem, estará bom, mas se tornará algo crônico e rotativo ao longo do tempo.

“O atendimento em pronto-socorro não trata nenhuma doença. Ninguém vai ao pronto-socorro para realizar um diagnóstico, mas sim para realizar o tratamento do sintoma que está sentindo em determinado momento. É fato que sem o tratamento adequado, a dor se irá cronificar ainda mais, tornando o tratamento ainda mais difícil”, complementou.

O doutor pela faculdade fluminense acrescentou dizendo que o caso aparentemente preenche critérios de cefaleia primária, classificado como padrão de enxaqueca. “Precisamos identificar se a paciente apresenta alterações sistêmicas associadas, febre, rigidez de nuca e questões

neurológicas. Neste caso, ela começou a apresentar dor de cabeça menstrual, e com certeza a ergotamina não estava mais fazendo efeito em nenhuma de suas dores.”

O especialista também complementou dizendo que é preciso fazer o diário de relatos da dor, uma arma muito importante a ser usada em determinados momentos, para que seja possível mapear o que está acontecendo. “O aumento de frequência é um marcador essencial e precisamos estar atentos à frequência progressiva das crises de enxaqueca. É a maior evidência que podemos ter, por isso é importante estar registrado.”

Respondendo sobre as características de uso excessivo de medicamentos, Eliana Melhado destacou que ocorre quando o uso de analgésicos combinados, anti-inflamatórios ou opioides se torna constante entre 10 e 12 dias. “A preocupação começa quando o paciente atinge esses percentuais no mês, algo que se torna de fato excessivo. Quando o excesso ocorre por via de analgésicos simples, por exemplo a dipirona, o uso poderia ocorrer até mais de 12 dias ao mês. O excesso destes medicamentos, além de afetar fígado, rins e estômago, torna a dor de cabeça algo crônico. Desta forma, o ciclo vicioso se torna inevitável, e o tratamento ainda mais difícil.”

Complementando, Yara Fragoso ressaltou que, tomando mais de 10 doses por mês, o paciente está em risco de cronificação e, para que não chegue a este limite, informa a seus pacientes que o número máximo de dosagem é seis. “Deixo o limite em seis, para nunca chegarmos a 10 e muito menos a 12, pois o tratamento se torna muito mais complicado e fica fora de nosso alcance”, disse.

Sobre o evento

Promovido pela Sociedade Brasileira de Cefaleia e com organização da Associação Paulista de Medicina, o 36° Congresso Brasileiro de Cefaleia e 17° Congresso de Dor Orofacial ocorre nos dias 28 e 29 de outubro no Sheraton Santos Hotel, com espaços para discussões, simpósios e apresentação de trabalhos científicos.

Antes do evento, será realizado o pré-congresso no dia 27 de outubro, na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), que trará cursos sobre Pesquisa Experimental em Cefaleia, Cefaleia na Mulher, Curso Multidisciplinar, Tratamento do Paciente com Cefaleia na Urgência/Cefaleias Primárias na prática Diária e outros temas relevantes para a área.

Para garantir sua inscrição, basta clicar neste endereço. Marque na agenda e não perca!

Imagens: Reprodução live