Experiências europeias são discutidas em warm up internacional do GS

Na última terça-feira, 21 de setembro, foi realizada mais uma edição do warm up – evento de aquecimento para o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2021, que ocorre de 9 a 12 de novembro. Desta vez, o encontro foi internacional, com moderação e palestrantes europeus, que abordaram o tema “Skills for digital health - What is the need and what does good look like?”.

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Na última terça-feira, 21 de setembro, foi realizada mais uma edição do warm up – evento de aquecimento para o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2021, que ocorre de 9 a 12 de novembro. Desta vez, o encontro foi internacional, com moderação e palestrantes europeus, que abordaram o tema “Skills for digital health – What is the need and what does good look like?”.

“Esse warm up é realizado em parceria com a ECHAlliance e teremos palestrantes que focarão nas necessidades de treinamento e de habilidades em Saúde Digital”, introduziu Jefferson Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS, antes de apresentar o moderador do dia: Andy Bleaden, diretor de comunidade na ECHAlliance, entidade sem fins lucrativos que conecta diversos atores globais, entre pacientes, empresas, hospitais etc. interessados em desenvolver saúde digital.

Conforme apresentou Bleaden, a ECHAlliance reúne mais de 850 organizações globais, envolvendo 78 países e alcançando uma representação de 4,6 bilhões de pessoas. Ao todo, estão cerca de 17 mil especialistas da cadeia de saúde no grupo. “Pretendemos conectar os pontos criando ecossistemas de saúde digital divididos por temas ou por regiões geográficas. Assim, é possível que haja cooperação entre diferentes atores e nós podemos apoiar esse processo”, detalhou.

Entre as ações que são desenvolvidas pelos membros da ECHAlliance estão encontros para aumentar o networking, grupos de trabalho, financiamento de projetos colaborativos, acesso a ecossistemas de saúde digital, promoção de organizações, eventos e conexão para oportunidades de palestras.

“Com todos esses atores, podemos ver o macro da saúde digital. Nos últimos dois anos, inclusive, por conta da pandemia de Covid-19, o nosso ecossistema tem dobrado de tamanho, nos dando uma ferramenta vital para a colaboração entre países, como fazemos agora no Brasil e na América Latina, ou como fazemos na África, Ásia, Índia ou Austrália”, acrescentou o moderador.

Cuidadores europeus
Da Bélgica, uma das palestrantes foi Claire Champeix, diretora de política e projetos da Eurocarers, instituição que reúne 75 entidades, em 26 países europeus, representativas de cuidadores – desde universidades a instituições privadas e públicas de pesquisa.

Antes de seguir a apresentação, a especialista apresentou a definição de cuidador informal segundo a Eurocarers: qualquer pessoa que proporciona cuidado – usualmente sem remuneração – a alguém com uma doença crônica, deficiência ou outra condição de saúde de longa duração que demande cuidados, fora do mercado de trabalho profissional ou formal.

“Essas pessoas são, normalmente, os familiares, mas podem ser também amigos e vizinhos. Também é importante distinguirmos que há esses cuidadores informais, que definimos, e os cuidadores profissionais que atuam no mercado de trabalho informal – são diferentes questões. Não avaliamos os cuidadores informais como bons ou ruins, mas lidamos com a realidade deles”, explicou Claire.

Fato é que, segundo os dados apresentados, 80% das vezes o cuidado de longo prazo a doentes é feito por cuidadores informais, que podem alcançar até 20% de uma população. É importante reconhecer essa situação, já que muitas vezes esses cuidadores enfrentam obstáculos para acessar educação ou o mercado de trabalho, por terem de cuidar de outras pessoas, gerando problemas financeiros.

“Ser um cuidador informal é estar em risco e as pessoas não percebem. Ainda mais se você estiver fazendo isso por muito tempo ou em uma época de isolamento. Você não cuida de você mesmo, é submetido a estresse e coloca a sua saúde física e mental em risco. Precisamos fazer com que essas pessoas percebam suas habilidades e encontrem caminhos de educação e trabalho. Precisamos mostrar o valor do cuidado na sociedade, algo que foi deixado de lado por algum tempo”, completou.

O tema também foi abordado por Theresa Morrison, diretora de serviços clínicos e treinamentos da Connected Academy, instituição formada por provedores de cuidados sociais e de saúde. Ao todo, são cerca de 1.300 cuidadores atuando na Irlanda, na Irlanda do Norte e no Reino Unido. Cada uma das jurisdições é formada por membros diferentes, mas mantendo padrões mínimos, inclusive no treinamento.

“O trabalho é baseado nos nosso ‘três Ts’. Talento, treinamento e tecnologia. Precisamos disso, já que as pessoas estão vivendo cada vez mais e querem, quando possível, permanecer cuidando de sua saúde em casa, sendo o mais independente possível”, explicou Theresa.

Na avaliação da especialista, isso também ficou claro com a pandemia de Covid-19, que destacou a necessidade de os cidadãos serem tratados diretamente de suas casas. Além disso, o número de mortes em casa foi reduzido em comparação aos serviços de cuidado e repouso. “Há uma necessidade crescente de trabalhadores qualificados para atenderem as necessidades dessas pessoas nas casas delas.”

Nesse sentido, a Connected Academy tem trabalhado para prover conhecimento e habilidades dos cuidadores, desenvolvendo programas de treinamento que permitam a essas pessoas se empoderarem e ingressarem no mercado de trabalho.

Perspectiva nacional
O outro palestrante do dia foi Martin Curley, diretor de transformação digital do Health Service Executive (HSE), sistema público de saúde da Irlanda. O especialista definiu o tempo que vivemos como “único”, dado que nunca tantas tecnologias disruptivas surgiram ao mesmo tempo.

Neste contexto, o convidado indicou que o HSE tem uma estratégia para atingir um novo modelo de saúde digital que diminua custos e aumente efetividade. Esse contexto será baseado nas comunidades, contará com monitoramento remoto e irá trazer atendimentos proativos e preditivos na saúde. “Isso terá de ser baseado em nuvens, em fonte aberta, para que haja integração e mobilidade.”

Hoje, como explicou, o HSE trabalha com cinco principais pilares para atingir a transformação digital: a informação, com sua Academia Digital; a ignição, com seus fóruns; a identificação, com inovações abertas; a interação, com seus laboratórios digitais; e a implementação, com inovação disruptiva e mudanças digitais.

Essa condução resultou, por exemplo, na constituição de um mestrado em Transformação em Saúde Digital, que contou com 90 trabalhadores do HSE, de diversas áreas, como alunos. Desse ambiente, surgiram mais de 20 projetos a serem trabalhados no sistema de saúde.