Na manhã da última quinta-feira (20), em continuidade às rodadas de aquecimento para o 3º Global Summit Telemedicine & Digital Health – que ocorre de 9 a 12 de novembro de 2021, foi realizado o terceiro warm up do ano. Transmitido ao vivo no site do GS, teve como tema “Telemedicina para grandes populações: desafios e oportunidades”.
Desde o início da pandemia, muito se fala sobre a integração da Telemedicina no cotidiano e nas necessidades dos pacientes, porém, é preciso aproveitar as oportunidades e entender os desafios a serem enfrentados para que o atendimento possa chegar a grandes populações de forma segura e eficaz. Jefferson Gomes Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS, e Antônio Carlos Endrigo, diretor adjunto de TI da Associação Paulista de Medicina, foram os moderadores do evento e fizeram as apresentações dos palestrantes convidados.
“Todos os palestrantes são fundadores da Saúde Digital Brasil (SDB), uma associação recém-criada de empresas que prestam serviços na área de Telemedicina e Telessaúde”, introduziu Fernandes. A SDB está focada no avanço pleno da Telessaúde de forma ética e responsável, defendendo a regulamentação perante o Governo e servindo como referência de boas práticas no âmbito de saúde digital. Representa uma rede de prestadores de serviços, desde fornecedores de soluções, assim como provedores de tecnologia para soluções de saúde digital na totalidade.
Os associados da SDB somaram, em um ano, 7,5 milhões de atendimentos, sendo 91% de pronto-atendimento digital, dos quais 87% primeiras consultas, com resolutividade de 85%, satisfação de 90% com ótimo e bom e nenhuma contestação judicial ou evento adverso. As consultas feitas por associados da SDB mostraram que o atendimento mediado por Telemedicina foi essencial para salvar vidas de pacientes que estavam com medo de ir ao hospital e contrair o coronavírus.
Soluções digitais
O primeiro palestrante a se apresentar foi o médico Guilherme Weigert, cardiologista e CEO da Conexa Saúde – plataforma que facilita a conexão entre pacientes, médicos e instituições de Saúde com a tecnologia da Telemedicina -, que trouxe dados sobre o uso da ferramenta e o que mudou desde o início da pandemia.
“Hoje, temos mais de 210 milhões de brasileiros e apenas 47 milhões têm seguro saúde, então, você tem no mercado 163 milhões utilizando o SUS. Nosso propósito é o de democratizar a saúde de qualidade através da tecnologia e aproveitar a oportunidade que temos para isso”, explica. A Conexa possui mais de 6,5 milhões de usuários, com mais de 300 companhias envolvidas, que prestaram mais de 2 milhões de atendimentos em 2020.
“O pronto-atendimento virtual foi a porta de entrada, e já temos mais de 23 especialidades, focando no cuidado de atenção primária e conectando com a atenção secundária. Acreditamos que esse modelo seja o ideal. O usuário não sabe necessariamente qual seu problema, então é preciso fazer avaliação inicial, diagnóstico e um direcionamento”, completa.
Fábio Tiepollo, CEO da Docway Co., também trouxe dados e os desafios a serem superados para que o teleatendimento possa chegar a grandes populações de forma segura e democrática. A Docway é uma empresa pautada em três pilares: saúde, humanização e inovação, que juntos trazem a digitalização do setor, cuidado inteligente e unificação de saúde e tecnologia para promover e transformar o sistema.
Entre os desafios a serem superados, ele cita: monitoramento da população e identificação de indivíduos elegíveis para o programa, estratificação do risco, estratégias de inclusão e engajamento. “Chegamos à conclusão de que quanto melhor as ferramentas digitais são aproveitadas, mais sucesso o cliente tem em relação à saúde populacional”, destaca.
A jornada do paciente dentro da plataforma conta com ferramentas para melhorar o atendimento através de chat, áudio, vídeo, consultoria e assistência em domicílio caso necessário. “A raiz da Docway é ser um gatekeeper para sistemas mais complexos, permitindo consultas de baixa complexidade e acompanhamento, coordenação do cuidado ao paciente e elaboração de melhores mapas de risco”, explica.
Avanços e atendimento na pandemia
A Teladoc Health é uma empresa que nasceu nos Estados Unidos, em 2002, e vem se especializando desde então, em produtos que visam aumentar o acesso a profissionais de alta qualidade. Com unidades da empresa espalhadas por diversos países, em 2020, foram realizados 10 milhões de atendimentos médicos.
Especificamente para a pandemia, a empresa criou em seu app a Jornada Covid-19, com dados atualizados, protocolos, tratamentos e possibilidade do paciente se comunicar com um médico 24h por dia, com consulta por vídeo e chatbot. “Nas últimas quatro semanas, vivemos um aumento significativo de casos, o que nos traz alguns desafios, já que prestar atendimento médico requer muita responsabilidade, principalmente agora”, afirma Caio Soares, diretor Médico da empresa.
Entre os desafios citados pelo especialista estão: qualidade do corpo clínico, atenção primária, cultura / comportamento, investimento contínuo, segurança pessoal, profissional, informações e autonomia. “Na situação em que vivemos agora e conhecendo o sistema de Saúde deste País, a atenção primaria é a nossa prioridade e continuará sendo. Dos quase 300 profissionais que trabalham conosco, 95% são médicos de família e comunidade”, ressalta.
Já Eduardo Cordioli, gerente médico de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou o impasse e a importância da regulamentação da prática da Telemedicina no País – que já se mostrou segura não só durante o tempo de pandemia, mas também como uma forma de pacientes de outros estados, cidades e até mesmo de bairros distantes dos postos de assistência terem a oportunidade de um bom atendimento.
“Telemedicina para grandes populações, na verdade, é Medicina para o Brasil. E só através da tecnologia vamos conseguir chegar a todos os brasileiros. Sem Telemedicina e tecnologia não vamos conseguir entregar Medicina, as pessoas ficarão desassistidas.”
De acordo com ele, a pandemia não provocou somente mortes por coronavírus: “Pessoas morreram por falta de assistência a pacientes com doenças crônicas e outras patologias. Inúmeras mortes poderiam ter sido evitadas se a Telemedicina já estivesse regulamentada em nosso País”, ressalta.