Integrantes do Projeto Moçambique, iniciativa do CQH, chegam ao Brasil

O encontro aconteceu na sede do Cefor São Paulo (Centro de Formação de Recursos Humanos para o SUS-SP) e reuniu gestores em Saúde brasileiros e moçambicanos

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Na última segunda-feira, 30 de janeiro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), da Associação Paulista de Medicina, realizou a integração e apresentação da proposta de capacitação do Projeto Moçambique. O encontro aconteceu na sede do Cefor São Paulo (Centro de Formação de Recursos Humanos para o SUS-SP) e reuniu gestores em Saúde brasileiros e moçambicanos.

Os profissionais de Moçambique ficarão no País até o dia 17 de fevereiro, realizando uma série de atividades e visitas técnicas em hospitais, a fim de aprenderem como funciona a gestão da Saúde brasileira, para assim, entenderem, adaptarem e replicarem este sistema em seu país. Melhorar efetivamente a qualidade na gestão hospitalar com base nos moldes do Brasil é a principal premissa do Projeto.

As boas-vindas aos participantes foram feitas por Milton Osaki, coordenador do Programa CQH; Maria Aparecida Novaes, coordenadora de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e do Grupo de Benchmarking Pessoas do CQH; Eudes Quintino, chefe de gabinete da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo; Josué Ferreira Nunes, da Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e Maria da Felicidade Munguambe, diretora administrativa do Hospital Central de Maputo, um dos maios conceituados de Moçambique.

“Para o Programa CQH, é uma honra imensa isso que estamos vivendo. Neste momento, estamos dando o pontapé inicial para esse projeto que, carinhosamente, chamamos de Projeto Moçambique. Esperamos implantá-lo e fazer com que os demais hospitais de Moçambique também possam se aperfeiçoar na gestão. Com o avanço das plataformas digitais, o CQH tem a possibilidade de ir para outros países, então vamos trabalhar bastante neste sentido”, estabeleceu Osaki.

Aprimoramento

Durante o encontro de integração, o grupo realizou uma série de atividades no intuito de evidenciar os principais desafios que esperam superar durante os próximos dias para, assim, aplicar os novos aprendizados em suas rotinas profissionais quando retornarem a Moçambique. Neste contexto, destacaram-se a melhoria da qualidade, que promoverá o aprimoramento dos cuidados de saúde nos hospitais; inovação; aperfeiçoamento do processo de comunicação; e, em termos de gestão, concentração dos cuidados em uma área específica, para assim, analisar resultados e replicar boas práticas e padrões de qualidade nos demais serviços.

De acordo com Maria da Felicidade Munguambe, o Hospital Central de Maputo é um hospital-escola que possui autonomia científica, mas não financeira, por isso é fundamental entender como o Brasil chegou a esse formato, reaproveitando caminhos e analisando erros cometidos no País, para que estes não sejam reproduzidos ao retornarem para Moçambique.

“O papel dos gestores é muito importante para melhorar os desafios que ocorrem no dia a dia da qualidade sanitária. É muito gratificante para mim, como parte do setor administrativo hospitalar, poder participar deste encontro em que médicos estão focados na importância da gestão de qualidade em Saúde. Estaremos alinhados, e ao sairmos daqui, vamos criar condições para que todos aqueles que estão no nível de direção, no topo das nossas unidades sanitárias, tenham uma réplica do que aprendemos”, disse.

Para o chefe de gabinete da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Eudes Quintino, “compartilhamento” é uma palavra que define corretamente os próximos passos. “É algo que traz grandiosidade. São ações voltadas para os mesmos objetivos, com a intenção de atingir outras pessoas e propagar todo o conhecimento que vão adquirir. Vocês serão os arautos do seu país em poder proporcionar à comunidade local uma oferta melhor, principalmente na área da Saúde”.

Por sua vez, o membro da Agência Brasileira de Cooperação, Josué Ferreira Nunes, relembrou que, antes dos gestores moçambicanos virem ao Brasil, os brasileiros também foram a Moçambique, a fim de alinhar posicionamentos que contribuiriam para solidificar todo o projeto e, assim, fornecer ajuda e apoio ao país na busca por mais aprimoramento.

“Este projeto envolve, entre tantas coisas, o Programa CQH. Aqui, temos muito a explorar, inclusive o próprio Sistema Único de Saúde, em que vocês irão se espelhar na sua aplicabilidade, aprendendo a capacitação e a questão da referência, para fazer a regulação dos pacientes. O Hospital Central de Maputo tem que exercer a sua função de um hospital-escola, isso é muito importante porque vai dar continuidade às capacitações, sustentabilidade ao que vocês estão aprendendo aqui e a garantia de que tenhamos um bom resultado alcançado”, esclareceu.

Sobre o Projeto

O Projeto Moçambique surgiu de um convite de um dos diretores da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão), que durante a sua vinda ao Brasil conheceu o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar, se tornando mentor de um projeto de grande sucesso que implantou o CQH em um hospital da Guatemala. Desta forma, ao ir para Moçambique, procurou novamente o CQH e questionou se haveria a possibilidade de implantar o programa no país, de modo que os membros foram convidados a conhecer o sistema de saúde de lá.

“Nós fizemos um diagnóstico e apresentamos para a Jica Moçambique, que no ano passado solicitou um aprofundamento do estudo. Em setembro de 2022, estivemos lá com eles, dando continuidade ao diagnóstico e desenhando este projeto que está iniciando hoje, com o objetivo de implantar o CQH no principal hospital de Moçambique, que é o Hospital Central de Maputo para, assim, disseminar um modelo para outras instituições”, relatou Milton Osaki.

Para o médico, entre os principais desafios está o modelo de saúde moçambicano, que ainda está incipiente na descentralização, pois, enquanto o Brasil já possui o Sistema Único de Saúde preparado e consolidado, em Moçambique ainda estão se preparando para adentrar neste âmbito. Além disso, o financiamento também se destaca como outra questão, já que a mão de obra é restrita e há poucos médicos formados em comparação ao número de profissionais brasileiros na área.

No entanto, Osaki demonstra que as expectativas são de colher ótimos frutos. “Durante os 31 anos do CQH, ele desenvolveu projetos semelhantes em outros países e este tem um carinho especial por se tratar de um momento muito importante para nós. Somos pioneiros na implantação da acreditação aqui no Brasil. Devido a esses programas de responsabilidade social, o CQH deixou de ser restrito apenas ao estado de São Paulo, podendo crescer cada vez mais.

Fotos: Marina Bustos