Ministério atualiza dados sobre tuberculose no País

Segundo o mais recente boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foram notificados 68.271 casos novos de tuberculose (TB) em 2021, com incidência de 32 casos por 100 mil habitantes.

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Segundo o mais recente boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foram notificados 68.271 casos novos de tuberculose (TB) em 2021, com incidência de 32 casos por 100 mil habitantes.

Em 2020, estima-se que a doença tenha acometido cerca de 9,9 milhões de pessoas no mundo, sendo responsável por 1,3 milhão de óbitos. No mesmo ano, o País foi responsável por 93% da redução das notificações de TB no mundo, junto a outros 15 países

Entretanto, mesmo com a queda constante de casos entre os anos de 2012 e 2015, o coeficiente de incidência da TB no Brasil aumentou entre os anos de 2016 e 2019. Já ao longo da pandemia de Covid-19 (2020 e 2021), observou-se redução evidente na incidência, em comparação aos anos anteriores.

Em relação às unidades federativas (UF), o estado do Amazonas registrou a maior incidência de casos, 71,3 para cada 100 mil habitantes. Em seguida, Rio de Janeiro (67,4), Roraima (54,6), Acre (50,3), Pernambuco (45,9), Pará (42,6), Rio Grande do Sul (36,5), Mato Grosso do Sul (34,9), Espírito Santo (34,7), Amapá (35,2) e São Paulo (33,8).

Grande parte dos novos casos de TB foram notificados em pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, números que apresentaram um crescimento ao longo dos anos, variando entre 61,9% e 69% entre 2012 e 2021, respectivamente. Entre pessoas brancas, a doença seguiu em declínio durante todo o período analisado, variando entre 35,9% e 28,9%. Nos anos de análise, permaneceu constante o percentual de TB em pessoas amarelas ou indígenas em cerca de 2,1%.

Dos 59.735 novos casos de TB pulmonar notificados no ano de 2021, 41.904 (70,1%) ocorreram em pessoas do sexo masculino, em todas as faixas etárias, com exceção do grupo de 10 a 14 anos. Segundo o boletim, homens de 20 a 34 anos apresentam 2,8 vezes mais risco de adoecimento por TB pulmonar do que mulheres na mesma faixa etária, com exceção do grupo de 50 a 64 anos, que apresenta risco de adoecimento 2,6 vezes maior.

TB na infância e populações vulneráveis

No ano de 2021, do número de novos casos da doença registrados no País, 2.077 (3,0) foram notificados em menores de 15 anos de idade, dos quais 833 em menores de cinco anos, sendo o maior percentual já registrado na faixa etária nos anos de 2013 e 2019, com 3,4% dos casos.

Na mesma faixa etária, 19,4% dos casos da doença apresentaram forma clínica extrapulmonar em 2012, dados que atingiram maior percentual no ano de 2020 (23,9%) e leve queda em 2021, registrando 21,8%.

Sobre as notificações de tuberculose em populações vulneráveis, entre 2015 e 2021, o número de casos de TB apresentou aumento, variando de 17.442 a 24.710 casos nos anos de 2015 e 2019, com queda nas notificações em 2021 (20.064). Nos anos analisados, registrou-se variação de 5.860 a 6.773 casos de TB em pessoas privadas de liberdade (PPL); 1.689 a 1.809 em pessoas em situação de rua (PSR); 355 a 427 em imigrantes; e 837 a 1.023 em profissionais de Saúde (PS).

Já para a população drogarresistente, foram diagnosticados 6.698 novos casos de tuberculose no País, sendo 848 no ano de 2021, em todos os estados brasileiros. Do número total, 4.666 (69,7%) ocorreram em pessoas do sexo masculino, 4.401 (65,7%) em pessoas negras e 3.315 (52,5%) em indivíduos entre 15 e 39 anos de idade. Ressalta-se que 97,8% (6.552) apresentaram tuberculose pulmonar.

A proporção de casos novos de TB testados para HIV registrou aumento de 15% de 2012 a 2019, chegando a 76,9% em 2019. Nos anos de 2020 e 2021, observou-se decréscimo de novos casos, com incidência de 82,2% e 76,9%, respectivamente. Apresentaram os maiores índices de testagem para o HIV os estados do Acre (92.3%), Rio Grande do Norte (87,6%) e Amapá (87,1%). Notificando as maiores coinfecções de TB e HIV estão o Distrito Federal (14,5%), Rio Grande de Sul (13,7%) e Santa Catarina (11,5%).

Tratamento

Em relação ao tratamento, 68,4% de casos novos de TB pulmonar confirmados por critério laboratorial encerraram o tratamento como cura no ano de 2020. Apresentaram índices de cura inferiores ao valor nacional as regiões Centro-Oeste (60,3%), Sul (63,25%) e Nordeste (66,8%).

Por outro lado, 12,9% dos casos foram encerrados como abandono. Notificaram taxa de abandono superior à observada no País as regiões Centro-Oeste (14,2%) e Sudeste (14,1%). Já nas capitais, os maiores índices de abandono de casos confirmados por critério laboratorial ocorreram em Porto Velho (31%), Porto Alegre (29,9%) e Fortaleza (22,5%).

Entre 2019 e 2020, observou-se também uma redução de 6,8% no percentual de cura (73,3% e 67,4%, respectivamente) e aumento de 4% na taxa de abandono (12,4% e 12,9%, respectivamente)

Sobre as populações especiais, de 2018 a 2020 observou-se diminuição gradual da proporção de cura e leve aumento da quantidade de casos em transferência e casos não avaliados nas quatro populações citadas.

De acordo com as informações, foi registrado pequeno aumento no número de abandono de tratamento entre os anos de 2018 e 2019, seguido de decréscimo no ano de 2020 para PPL e PSR. A taxa para população imigrante segue decrescente, ao contrário dos casos em PS, que registraram tendência ascendente no número de casos.

Vigilância

As informações ressaltam que a queda de casos de TB nos anos de 2020 e 2021 pode estar relacionada à pandemia de Covid-19. As notificações em 2021 (82.680) foram menores quando comparado ao ano de 2020 (83.741) e ambos registraram números menores do que no ano de 2019 (93.208).

Também se observou aumento no índice de casos novos de TB pulmonar confirmados por critério laboratorial, ou seja, com pelo menos um resultado positivo nos exames de baciloscopia de escarro, TRM-TB ou cultura. Entre 2018 e 2021, o percentual variou entre 73,9% e 72,3%.

Diante da necessidade de melhorias na qualificação das ações de atenção, vigilância e gestão para o controle da doença no País, a Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas (CGDR) criou o Plano Nacional pelo fim da TB como problema de saúde pública.

O objetivo da iniciativa visa diminuir a incidência de TB para menos de 10 casos para cada 100 mil habitantes e menos de 230 óbitos até o ano de 2035.