Ministério da Saúde divulga boletim sobre novos casos de hanseníase

140.594 casos novos foram reportados em todo o mundo, com o Brasil ocupando a segunda posição do ranking e notificando 18.318 novos casos (13%) à Organização Mundial da Saúde (OMS)

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Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou uma nova edição de Boletim Epidemiológico, desta vez com um panorama completo sobre a tendência temporal de casos novos de hanseníase no Brasil entre 2010 e 2021. No último ano do levantamento, 140.594 casos novos foram reportados em todo o mundo, com o Brasil ocupando a segunda posição do ranking e notificando 18.318 novos casos (13%) à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre os 11 anos que o estudo apresenta, o País diagnosticou um total de 337.935 casos novos. E apesar de ser um número relativamente alto, é observada uma queda considerável no período. Em 2010, havia 19 casos por 100 mil habitantes, e em 2021 o número ficou em 10 casos/100 mil hab.

Os estados do Brasil com maior incidência no ano inicial das pesquisas eram Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Roraima, Maranhão, Piauí e Pará, com todas essas unidades em estado hiperendêmico. No ano final dos estudos, apenas Mato Grosso e Tocantins permaneceram no mesmo grau de detecção. Em contrapartida, Rio Grande do Sul foi o único que permaneceu com baixos números de diagnósticos, com Santa Catarina alcançando-o em 2021.

De acordo com a análise feita pela Secretaria de Vigilância Sanitária em Saúde e Ambiente, os índices em todas as regiões do Brasil foram decrescentes, principalmente em relação aos estados que se encontravam em situação crítica. Nesta configuração, destacam-se os estados de Amapá, Mato Grosso e Tocantins.

Os dados da pesquisa encontram-se divididos entre os casos gerais e os acometidos pela enfermidade abaixo de 15 anos. Para analisar os casos do quadro geral, foram levadas em conta a morbidade, a magnitude e a tendência. Já para os menores de 15 anos, além desses dois últimos fatores, mediram-se ainda a força da transmissão recente da doença.

Em 2010, no Brasil, a quantidade de diagnósticos em indivíduos abaixo de 15 anos foi de aproximadamente 5,5 casos/100 mil hab.; e de 2019 para 2020 houve uma queda expressiva, passando de 3,5 casos/100 mil hab. para 1,5 caso/100 mil hab. O Boletim aponta ainda que esse fenômeno ocorreu, principalmente, por causa da pandemia de Covid-19, que impossibilitou a detecção de novos casos.

Os parâmetros referentes aos estados brasileiros com a maior quantidade de novos casos de hanseníase em pessoas com até 15 anos em 2010 segue o panorama geral: Acre, Rondônia, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Pernambuco e Espírito Santo; e no ano de 2021, somente Mato Grosso permanecia com o status de hiperendêmcio. Já no Rio Grande do Sul e em Roraima, não houve casos registrados no ano de conclusão do estudo. O total de pessoas abaixo de 15 anos diagnosticadas com a doença caiu especialmente nos estados de Sergipe, Tocantins e Mato Grosso.

Causas e transmissão

O Boletim Epidemiológico coloca também em discussão as causas relacionadas aos níveis hiperendêmico, muito alto e alto, que são frequentes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Aponta que o fenômeno está relacionado à vulnerabilidade no controle da doença, sendo a pobreza um fator determinante da hanseníase, visto que a escassez de alimentos, o analfabetismo e a baixa renda estão ligados diretamente à doença.

Os levantamentos indicam ainda que a redução no número de casos nas últimas décadas é em decorrência das mudanças econômicas, políticas, demográficas e sociais, as quais impactaram diretamente a população. A OMS registrou um declínio de 42% em casos novos na população geral, e de 62% em casos novos em menores de 15 anos no mundo. Apesar da diminuição, o objetivo da Organização é que os países alcancem a meta de transmissão zero da hanseníase.

A hanseníase destaca-se como um dos problemas de saúde pública mais antigos, devido ao alto nível de contágio do indivíduo pela bactéria Mycobacterium leprae. Trata-se de uma doença infecciosa crônica, que causa lesões principalmente na pele, afetando também os nervos periféricos.

A transmissão ocorre através do contato direto e por tempo prolongado com indivíduos acometidos pela doença – com alto índice de gravidade e que não foram tratados. A principal via de entrada no corpo humano é o sistema respiratório. O período médio para contenção da hanseníase por pessoa é entre dois e cinco anos, podendo chegar a 10 anos.