Ministério da Saúde relaciona casos de dengue no contexto da pandemia de Covid-19

O mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, apresentou uma análise a respeito dos casos de dengue registrados no Brasil dentro do contexto da pandemia de coronavírus

Últimas notícias

O mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, apresentou uma análise a respeito dos casos de dengue registrados no Brasil dentro do contexto da pandemia de coronavírus.

A dengue teve um avanço endêmico considerável durante 2015, 2016 e 2019 – quando houve o registro de mais de um milhão de casos por ano – no entanto, apresentou uma queda de 38,6% em 2020, em que o cenário pandêmico de Covid-19 começou a afligir o País e o mundo.

Desta forma, o Boletim buscou analisar se os casos de dengue registrados em 2020 possuíam características clínicas, epidemiológicas e laboratoriais já reportadas nas análises de anos anteriores ou se revelaram diferenças consideráveis, com potencial de relevância epidemiológica.

Além disso, a publicação também procurou evidenciar se os registros da dengue no Brasil podem ter sido afetados devido ao impacto da pandemia de Covid-19 no sistema de Saúde nacional, visto que até a 11ª Semana Epidemiológica de 2020 os números de casos prováveis já ultrapassavam as ocorrências do mesmo período em 2019.

Registros

Dos casos notificados em 2020, os prováveis corresponderam a 64% (948.562/1.482.709), dos quais 82,9% (786.402/948.562) foram confirmados, 16,9% (160.599/948.562) foram considerados inconclusivos e 1,3% (12.165/948.562) seguiu em investigação. Em relação ao critério de confirmação de casos, 316.324 ocorreram por critério laboratorial em 2020.

O sexo feminino registrou o maior número de ocorrências, de 55,2% (524.053/948.562) em 2020, bem como as pessoas entre 20 a 39 anos, com 37,9% (359.446/948.562). No mesmo ano, os brancos representaram 44,3% (420.253/948.564) dos casos prováveis registrados.

Quanto às taxas de incidência, o Centro-Oeste se destacou, com 1.178,8 casos/100 mil habitantes, seguido da região Sul (918,2 casos/100 mil habitantes). As unidades federativas com as maiores ocorrências foram o Paraná, com 2.270,9 casos/100 mil habitantes, e o Mato Grosso do Sul, representando 1.833,8 casos/100 mil habitantes.

Já os municípios com a maiores taxas de dengue em 2020 foram Iracema do Oeste (23.510 casos/100 mil habitantes), Santa Inês (22.321 casos/100 mil habitantes) e Santo Antônio do Caiuá (18.307/100 mil habitantes), todos no Paraná.

Os óbitos por dengue totalizaram 574 em 2020, indicando uma redução de 31,6%. A região Sul registrou o maior número de mortes pela arbovirose em todo o País, 338, seguida do Sudeste, com 168. O perfil sociodemográfico dos óbitos indica que a faixa etária mais afetada pela dengue é a de maiores de 60 anos, com 56,9% (327/574) dos registros em 2020. O sexo masculino registrou a maior prevalência de óbitos, 52,2% (300/574).

Covid-19

Diante desta conjuntura, foi observado que o Norte, mesmo apresentando elevadas taxas em relação à Covid-19 em 2020, teve uma notável queda na incidência da dengue, de 32,5% quando comparada ao mesmo período em 2019.

A análise das demais regiões também mostrou essa tendência de queda para os casos de dengue diante do cenário de evolução da Covid-19. Por exemplo, no Nordeste, o estado de Sergipe foi o que apresentou o maior número de casos de coronavírus em 2020, totalizando 5.021,5 a cada 100 mil habitantes, enquanto houve uma diminuição de 69,6% na taxa de incidência de dengue – comparado ao mesmo período de análise em 2019.

O Sul foi a região que mais se diferenciou. Lá, Santa Catarina era o estado com as maiores taxas de pacientes com coronavírus, totalizando 2.340,4 casos/100 mil habitantes. No entanto, ao invés de observar queda na incidência de dengue, houve um acréscimo de 449,1% para a doença. No Centro-Oeste também foi registrada uma situação semelhante, visto que no Mato Grosso houve uma incidência de 2.907,9 casos de Covid-19 a cada 100.000 mil habitantes, enquanto a dengue também evoluiu, 210,1%.