Outubro Rosa: Webinar APM/AMB traz debate com especialistas

Como parte das ações da campanha Outubro Rosa, a Associação Paulista de Medicina (APM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) promoveram, na noite da última quarta-feira (27), webinar dedicado a discutir a epidemiologia, o rastreio e o diagnóstico do câncer de mama e as atualizações em reconstrução mamária. O encontro foi apresentado por João Sobreira de Moura Neto, 1º vice-presidente da APM, e por César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, e teve moderação de Vicente Tarricone, professor de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.

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Como parte das ações da campanha Outubro Rosa, a Associação Paulista de Medicina (APM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) promoveram, na noite da última quarta-feira (27), webinar dedicado a discutir a epidemiologia, o rastreio e o diagnóstico do câncer de mama e as atualizações em reconstrução mamária. O encontro foi apresentado por João Sobreira de Moura Neto, 1º vice-presidente da APM, e por César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, e teve moderação de Vicente Tarricone, professor de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.

“O câncer se combate não apenas com o Outubro Rosa ou com a atualização dos médicos, mas com informação. Isso é o que promovemos hoje aqui, com dois especialistas de alta capacidade didática e com experiência grande na área, que darão base para médicos de outras especialidades saberem o que fazer em relação ao câncer de mama”, introduziu Tarricone.

A seguir, o moderador apresentou os palestrantes da noite: Gil Facina, livre-docente do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp); e Fábio Bagnoli, professor assistente do Setor de Mastologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Dados epidemiológicos
Com o tema “Epidemiologia, rastreio e diagnóstico do câncer de mama”, Facina ministrou aula recheada de dados amplos sobre essa doença que acomete, anualmente, mais de 2,3 milhões de mulheres ao redor do mundo, causando aproximadamente 660 mil óbitos. No Brasil, cerca de 30% de todos os cânceres em mulheres são de mama, com cerca de 66 mil casos anuais. A taxa de incidência, no País, gira em torno dos 61 casos a cada 100 mil mulheres.

“Em uma conta rápida, chegamos a uma média de um caso novo a cada oito minutos. 55% deles estão na região Sudeste. Grande parte deles no estado de São Paulo, que tem cerca de 18 mil casos anuais”, relatou o palestrante. O câncer de mama é o que mais mata as mulheres brasileiras: representa 16,1% dos óbitos delas por essa classe de doença. Está à frente dos cânceres de pulmão (11,7%), de colo uterino (5,9%) e de cólon (5,8%).

Após detalhar um pouco da epidemiologia da doença, Facina listou os principais fatores de risco envolvidos com a patologia. Eles são divididos entre modificáveis e não-modificáveis. Neste último grupo, se encaixam, por exemplo, antecedente familiar, mutação genética deletéria, idade e idade da menopausa, constituição da mama, primiparidade após os 30 anos e aplicação de radioterapia torácica entre 10 e 30 anos.

Entre os modificáveis – em que os médicos podem atuar orientando as mulheres – se encaixam: amamentação, atividade física, uso de contraceptivos hormonais e terapia hormonal (o uso, segundo o especialista, deve ser reduzido ou feito com boa orientação, evitando que a dose e o tempo de uso sejam extrapolados), primeira gestação antes dos 30 como fator protetor etc.

“Estima-se que, em 2030, teremos 22,2 milhões de casos anuais de câncer no mundo. Um aumento de 75% em relação a 2008. Isso decorrerá principalmente dos fatores associados ao estilo de vida, dentre eles: dieta, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, aspectos reprodutivos e fatores hormonais. Tudo isso não afeta somente o risco de desenvolvimento da doença, mas também as taxas de recorrência e a sobrevida”, completou.

Novas diretrizes
Fábio Bagnoli, debatendo o tema “Atualização em reconstrução mamária”, trouxe as últimas recomendações do National Comprehensive Cancer Network (NCCN) – uma rede de grandes centros dos Estados Unidos que se reúnem para propor guidelines baseados em evidência científica. “Antes, havia muitas contraindicações em relação à reconstrução mamária. Agora, cada vez menos. Essa guideline [versão 1.2021] diz que toda mulher submetida a um tratamento de câncer de mama deverá ser informada sobre a reconstrução.”

Uma das contraindicações que ainda permanecem, como mostrou o especialista da Santa Casa, é o carcinoma inflamatório. Ainda assim, nesses casos ou em casos com excelente resposta à terapia neoadjuvante – ou quando há necessidade de ampla ressecção de pele e de retalho -, pode-se, sim, pensar na reconstrução. “Associando-se, por exemplo, a um expansor de tecido mamário. Na versão anterior do NCCN, isso não era recomendado.”

De qualquer forma, antes de se pensar em reparação mamária, o palestrante entende que é necessário pensar na cirurgia conservadora – uma intervenção em que é realizada uma quadrantectomia (retirada de apenas parte da mama, diferente da mastectomia, em que a mama é retirada de maneira integral).

“Vemos pacientes submetidas à quadrantectomia seguida de radioterapia, em tumores iniciais, evoluindo com bons prognósticos, semelhantes àquelas submetidas à mastectomia. Inúmeros estudos mostraram que mesmo em tumores de maior dimensão, a cirurgia conservadora é eficaz no tratamento do câncer de mama”, disse Bagnoli.

Segundo o mastologista, inclusive, um estudo de análise subjetiva comparou as mulheres submetidas à cirurgia conservadora e mastectomia. Aquelas que passaram por quadrantectomia, em geral, apresentaram melhor qualidade de vida, mais satisfação com o tratamento e menos medo de recidiva.

“A cirurgia conservadora é o padrão ouro no tratamento cirúrgico do câncer de mama. Já a reconstrução mamária deve ser indicada para alguns casos (não se aplica em todos). Quando a paciente é submetida à mastectomia, a reconstrução – quando possível – deve ser feita imediatamente. Para quem não pode, podemos ofertar em um segundo momento”, sintetizou.

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