XIV Congresso Paulista de Neurologia une ciência e cinema em atividade

Entre mesas, simpósios, plenárias, reuniões e assembleias, um dos destaques da programação será o Neurocinema

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Falta pouco para a 14ª edição do Congresso Paulista de Neurologia, promovido pela Associação Paulista de Neurologia (Apan), com realização e comercialização da Associação Paulista de Medicina (APM). O evento, que figura entre os mais tradicionais da especialidade no Brasil, desta vez acontecerá na cidade de Santos (SP).

Haverá um número expressivo de congressistas, palestrantes e representantes da indústria farmacêutica passando pelo Blue Med Convention Center de 31 de maio a 3 de junho. Entre mesas, simpósios, plenárias, reuniões e assembleias, um dos destaques da programação será o Neurocinema, atividade coordenada por Ronaldo Abraham.

Quando a Neurologia encontra a sétima arte

O termo não é novo. Há algumas décadas, Neurocinema constitui um campo interdisciplinar de estudo que combina neurociência e cinema, buscando compreender como a experiência cinematográfica afeta o cérebro humano. Envolve a aplicação de técnicas e teorias da neurociência para analisar e investigar como o nosso cérebro processa e responde aos estímulos visuais, narrativos e emocionais presentes nos filmes.

Que atire a primeira pedra quem nunca prendeu a respiração vendo o mocinho se afogar ou retraiu o corpo ao assistir a alguma cena de violência física. No Congresso Paulista de Neurologia, entretanto, o termo designa uma atividade já conhecida e bastante apreciada pelos participantes.

“Imagine um evento imenso, repleto de médicos, com salas e mais salas onde se discute neurofisiologia, neuro-oncologia, neuro-oftalmologia, neurologia infantil e tantas outras subespecialidades. De repente, na porta de uma dessas salas, há um pipoqueiro. Dentro dela, um sem fim de cadeiras para que os espectadores se acomodem confortavelmente e se maravilhem com o cinema e ao mesmo tempo com a ciência.”

Quem descreve o ambiente é a presidente do encontro, Elza Márcia Targas Yacubian. Ela explica que o objetivo da sessão, seguida por um debate, é trazer, através da ficção, um momento de ludicidade ao Congresso – sem abrir mão, contudo, do aprimoramento científico dos congressistas. Por isso, as películas escolhidas são sempre aquelas que de alguma forma dialogam diretamente com a Neurologia.

“Em outra edição, assistimos ao filme ‘João, o Maestro’, sobre a vida do pianista e maestro João Carlos Martins. Desde os 18 anos, ele enfrentou sintomas de uma distonia focal, um distúrbio neurológico que se caracteriza pela contração involuntária de músculos. Um grande obstáculo, é claro, na sua carreira. Depois da sessão, o médico debatedor esmiuçou o caso da mão João Carlos, explicou por que as luvas biônicas usadas por ele ajudaram tanto. Foi muito interessante e bonito”, conta.

Alzheimer na tela

Nos dias 1 e 2 de junho, quinta e sexta-feira, duas produções premiadas serão exibidas. A primeira é o drama “Meu pai”, de 2020, dirigido por Florian Zeller. Nele, Anthony, o protagonista interpretado por Anthony Hopkins, tem a doença de Alzheimer. A trama aborda o seu esforço contra a perda de memória, as confusões mentais e como isso afeta sua relação com a filha, Anne, interpretada por Olivia Colman.

A segunda, “Amor”, de 2012, dirigida por Michael Haneke, acompanha o casal de idosos Georges e Anne, interpretados por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva. A mulher sofre um derrame que deixa um lado do corpo paralisado e começa a apresentar os primeiros sinais de Alzheimer, sendo cuidada pelo marido.

Ronaldo Abraham coordenará as exibições. Mestre e doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo, ele é professor assistente da Universidade de Taubaté e revisor de artigos para a Revista Arquivos de Neuropsiquiatria.

Os comentaristas de “Meu pai” e “Amor” serão, respectivamente, Sonia Maria Dozzi Brucki, coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas e professora do curso de Pós-Graduação em Neurologia da FMUSP, e Eduardo Mutarelli, professor do Departamento de Neurologia da FMUSP.