No último dia 28 de maio, a Associação Paulista de Medicina realizou o webinar “Diabetes – uma revolução no tratamento”, sob a moderação dos diretores Científicos da APM, Paulo Manuel Pêgo Fernandes e Marianne Yumi Nakai. O encontro reuniu especialistas para discutir sobre as mais recentes inovações e avanços científicos no tratamento da doença, por meio da integração de tecnologia, ciência e uma visão centrada no paciente.
Antes do início das apresentações, os moderadores agradeceram a participação dos palestrantes. “É um prazer integrar mais um webinar promovido pela Associação Paulista de Medicina sobre um tema tão relevante. Agradeço ao colega Luiz Clemente Rolim, que falará sobre o tema ‘Diabetes tipo 2 – diagnóstico e tratamento’, e ao colega Sergio Atala Dib, cuja palestra será a respeito do ‘Diabetes tipo 1 – quais as novidades?’”, destacou Paulo Pêgo.
Diabetes tipo 2
Luiz Clemente Rolim, mestre em Endocrinologia pela Universidade Federal de São Paulo e professor do Departamento de Atenção Primária da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, apresentou um panorama epidemiológico do avanço alarmante do Diabetes tipo 2, tanto no Brasil quanto no mundo.
Segundo o médico, o DM2 é um grupo heterogêneo de condições metabólicas, caracterizado por hiperglicemia resultante do comprometimento tanto da ação quanto da secreção de insulina. Trata-se de uma condição multifatorial, na qual fatores ambientais interagem com variantes genéticas para o desenvolvimento da doença. “Indivíduos com predisposição genética para o DM2 frequentemente apresentam também aumento do peso corpóreo”, explicou.
Ele destacou que a prevalência global do diabetes deve aumentar em 45% nos próximos 25 anos, sendo o DM2 o tipo mais prevalente. “Atualmente, aproximadamente 17 milhões de brasileiros adultos têm diabetes e 32% ainda não sabem que têm a doença, o que pode elevar esse número para cerca de 20 milhões. No Brasil, um em cada 9,4 adultos é diabético; entre os idosos, um em cada quatro”, pontuou.
Rolim alertou para o cenário preocupante, uma vez que o País é o quinto no ranking mundial em prevalência de diabetes entre idosos. “Até 2050, devemos ultrapassar o Japão e ocupar a quarta posição com mais pessoas diabéticas. Além disso, em termos de gastos com Saúde relacionados à doença, o Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Em 2024, o País gastou 45 bilhões de dólares com diabetes.”
Na classificação atual do Diabetes Mellitus, estão divididos em tipo 1 (autoimune), tipo 2, diabetes mellitus gestacional e DM associado a outras condições ou síndromes. “Na prática, existem mais de 54 tipos de diferentes de Diabetes Mellitus e é importante fazer o diagnóstico inicial por conta do tratamento”, acrescentou.
O objetivo do tratamento do DM2 é prevenir ou retardar complicações, assim como melhorar a qualidade de vida do doente, por meio de uma abordagem multissistêmica com equipe multidisciplinar. “O tratamento do diabetes tem uma abordagem centrada na pessoa, porque ela impacta o indivíduo, a família e a sociedade. Sete itens são importantes destacar, como estilo de vida e sono, terapia nutricional, atividade física, perda de peso, cessação do tabagismo, apoio psicológico e educação e suporte para o autocuidado.”
Diabetes tipo 1
Na segunda parte do webinar, o professor titular livre-docente e chefe da Disciplina de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Sergio Atala Dib, abordou as principais novidades do Diabetes tipo 1 (DM1). Segundo ele, a doença pode se manifestar em qualquer idade.
O médico também citou a mudança do perfil de diagnóstico do DM1. “O indivíduo com DM1 sempre foi magro e, hoje em dia, a gente sabe que pode encontrar o diabetes duplo, com características de DM2 e DM1 na mesma pessoa. Outra coisa que evoluiu muito foi o conhecimento da sua história natural, proporcionando um diagnóstico em uma fase pré-clínica e o desenvolvimento de medicamentos que possam retardar as primeiras manifestações do Diabetes tipo 1. Vale dizer também sobre os avanços na reposição das novas formulações de insulina e monitoração da glicemia”, complementou.
Dib explicou que os pacientes candidatos à insulina são aqueles com hipoglicemia grave recorrente ou assintomática, que não conseguem um bom controle glicêmico, mesmo usando todos os recursos disponíveis. No entanto, acrescentou que o tratamento para o Diabetes tipo 1 evoluiu muito nas últimas décadas, assim com seu custo também. “Essa é uma grande barreira nos países em desenvolvimento”, finalizou.
Foto: Reprodução Webinar APM