Brasil começa estudo com doses fracionadas

Pesquisa em Belém e Natal vai avaliar resultados com as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca contra a Covid-19.

O que diz a mídia

Pesquisa em Belém e Natal vai avaliar resultados com as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca contra a Covid-19.

Uni novo estudo iniciado recentemente no Brasil testa uma estratégia de vacinação capaz de alcançar mais pessoas com menos doses de imunizantes contra Covid-19: reforço com aplicações fracionadas de vacinas já aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de dezenas de agências internacionais. São 700 pessoas participantes nas cidades de Belém (PA) e Natal (RN).

O trabalho é fruto de uma parceria entre os pesquisadores de Oxford responsáveis por desenvolver a vacina contra a Covid-19 no Brasil e no Reino Unido além da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI).

Neste momento, a pesquisa já recruta voluntários e busca analisar a resposta desses “boosters” fracio- nados em pessoas com vacinação inicial com a Coro- naVac há pelo menos seis meses. Divididos em grupos, os participantes receberão doses — fracionadas ou completas —dos imunizantes Oxford/AstraZene- caou Pfizer/BioNTech.

— Estamos testando meia dose de vacinas comparando com dose inteira. Essaes- tratégia pode definir novas políticas em relação a intervalos de aplicação, produção e oferta, e diminuir rea- togenicidade das vacinas, uma vez que reduzimos a dose— explicaSueAnn Clemens, principal investigadora deste estudo e autora do livro “História de uma vacina: O relato da cientista brasileiraque liderou os testes da vacina Oxford/Astra- Zeneca no país”.

Embora caia como uma luva para a atual situação, — em que países mais pobres não conseguem arcar com a logística de vacinação contra a Covid-19 —a estratégia de fracionar doses de imunizante é uma alternativa que já rendeu fr u- tospositivos em epidemias de febre amarela e pólio.

Clemens afirmou que há interesse do Ministério da Saúde, parceiro da análise, para saber o desfecho do estudo. Elaexplicaque ter evidências sobre a vacinação é uma estratégia de governo para conter a Covid-19 e que pode ser utilizada no futuro.

REFORÇO NA BERLINDA

O Brasil, vale dizer, apresenta dificuldades em avançar na vacinação de reforço. De acordo com levantamento realizado pelo Ministério da Saúde a pedido do GLOBO, 46 milhões de adultos ainda não foram aos postos receber a terceira aplicação contra a Covid-19 — um passo fundamental para reduzir a força da variante ômicron e suas derivadas, em ampla circulação no país atualmente.

Outros 17 milhões de brasileiros nem mesmo foram aos postos de saúde receber a segunda dose, ou seja, estão apenas com uma única dose de imunizantecon- tra Covid-19 no braço, o que já era insuficiente e ficou ainda mais dianteda alta de casos atual no país.

Especialistas em saúde explicam que, em casos assim, oatraso vacinai se dá por falsa sensação de segurança, medo de efeitos adversos e uma comu nicação errônea de que a terceira dose, por exemplo, seria uma aplicação extra, fundamental somente aos grupos de risco —o que é um entendimento equivocado.

Fonte: O Globo