Brasil estreia robô-cirurgião flexível com quatro braços

Médicos brasileiros estrearam no país o uso de um novo tipo de robô-cirurgião: uma máquina de quatro braços que podem se separar e se reagrupar em diferentes configurações, tal qual um “transformer”. O equipamento foi usado ontem por uma equipe do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em uma cirurgia de remoção de próstata

O que diz a mídia

Médicos brasileiros estrearam no país o uso de um novo tipo de robô-cirurgião: uma máquina de quatro braços que podem se separar e se reagrupar em diferentes configurações, tal qual um “transformer”. O equipamento foi usado ontem por uma equipe do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em uma cirurgia de remoção de próstata.
A instituição, que não divulgou o valor do investimento no dispositivo, afirma que ele vai integrar o núcleo de cirurgia robótica do hospital, que já realiza procedimentos de precisão com outros tipos de robô.
Desenvolvido pela multinacional Medtronic, a primeira unidade robótica do tipo chegou ao país no mês passado. O uroíogista Arie Carneiro, que já era especialista em cirurgia robótica, passou por um treinamento específico para manejar o aparelho, e foi o primeiro a comandá-lo em um cenário real de operação no Brasil.
A adoção de robôs-cirurgiões em centros médicos de ponta está se ampliando porque eles permitem ao médico fazer incisões menores e mais precisas. Usados em procedimentos de laparos- copia (cirurgias minimamente invasivas com auxílio de microcâmeras), eles não só aumentam a acurácia do médico, mas aceleram a recuperação dos pacientes, em certos tipos de cirurgia.
Em outras palavras: o custo de implementação da tecnologia é grande (tipicamente na casa dos milhões de dólares), mas ele compensa em custo-efetividade. Além de elevar a taxa de sucesso em algumas categorias de operação, o uso do robô também reduz a demanda de infraes- trutura no pós-operatório.
— Entre várias plataformas que analisamos no mercado, a gente entendeu que esta era a mais segura e tinha diferenciais nos quais valia a pena investir como novidade para um novo arsenal terapêutico — diz Nam Jin Kim, diretor de cirurgia robótica no Einstein.
OUTROS MODELOS O hospital já possui hoje outras dez unidades de robôs- cirurgiões de um outro modelo, o Da Vinci, da empresa Intuitive, que também possui quatro braços, mas que não são modulares. Um robô dessa categoria, que custa cerca de US$ 2,5 milhões, foi alocado pelo Einstein no Hospital Municipal Vila Santa Catarina, em São Paulo, e está à disposição de procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Da Vinci, porém, tem menos flexibilidade que o novo modelo. Quando não há necessidade de uso dos quatro braços, o Hugo (o mais novo) oferece até a pos- sibilidade de ser separado em dois e usadoem cirurgias diferentes, simultâneas.
— Isso permite evitar a ociosidade de um equipamento que não é barato e você pode aproveitar em outra sala de cirurgia — afirma Sidney Klajner, presidente do Einstein, que também é cirurgião do aparelho digestivo e potencial usuário do novo robô.
Klajner diz ter a ambição de ampliar a formação e treinamento de médicos para uso dessas novas tecnologias dentro do hospital, que já qualificou mais de mil cirurgiões para uso do Da Vinci e outras plataformas. Os primeiros médicos a usarem o Hugo, porém, ainda têm de fazer parte do treinamento fora do Einstein, porque há diferenças de comandos e consoles.
—Se você é piloto de avião e trabalhou com um Boeing por 20 anos, para passar a pilotar um Airbus tem que treinar, mas o conceito de como o avião voa permanece o mesmo — diz Klajner, que pretende qualificar o Einstein para ampliar o número de usuários do equipamento.
Segundo a Medtronic, um dos recursos do novo robô foi já pensado para facilitar o treinamento de novos cirurgiões, um trabalho que precisa ser cuidadoso e costuma consumir um bocado de esforço nos hospitais que o adotam.
— No conceito de console aberto, um cirurgião pode se comunicar com o ambiente cirúrgico de forma bastante ampliada, o que também nos ajuda a treinar novos usuários. A gente acredita que isso vai facilitar a expansão e o acesso à tecnologia—afirma a ginecologista brasileira Carla Perón, vice-presidente de pesquisa clínica e inovação cirúrgica da empresa.

Fontes: O Globo/Rafael Garcia.