Infecção hospitalar: por que é difícil combater o problema de saúde pública

As infecções hospitalares são aquelas adquiridas enquanto os pacientes recebem cuidados de saúde para outra condição

O que diz a mídia

As infecções hospitalares são aquelas adquiridas enquanto os pacientes recebem cuidados de saúde para outra condição. O problema de saúde pública pode ocorrer em qualquer estabelecimento de saúde, incluindo hospitais, centros cirúrgicos ambulatoriais e instalações de cuidados de longo prazo. Entre as causas mais comuns estão bactérias, fungos e vírus.
A falta de serviços básicos de higiene, como água e sabão ou álcool em gel, contribui para aumentar os riscos de infecções hospitalares. A escassez afeta metade das unidades de saúde em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para chamar a atenção para a importância das ações de prevenção e de controle, o dia 15 de maio foi definido como o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares. Especialistas explicam quais são os pontos de maior risco de infecção em uma unidade de saúde, os principais desafios no combate ao problema e como é possível diminuir a incidência.
“A infecção hospitalar é toda infecção que ocorre 48 horas após a admissão do paciente e pode ter início durante a internação ou até mesmo após a alta. O termo infecção hospitalar não é mais utilizado, sendo o mais correto o conceito de infecções relacionadas à assistência à saúde, ou IRAS, considerando não apenas os ambientes hospitalares, mas também ambientes de assistência a saúde, como clínicas de diálise, hospital dia e unidades oncológicas”, explica a médica infectologista Carla Kobayashi, do Hospital Sírio-Libanês.
Desafios e prevenção A higiene das mãos tem sido considerada um dos pilares da prevenção e do controle de infecções nos serviços de saúde. Estudos indicam que quando os serviços de saúde e suas equipes conhecem a magnitude do problema e passam a aderir aos programas para prevenção e controle, pode ocorrer uma redução de mais de 70% de algumas infecções como, por exemplo, as infecções da corrente sanguínea.
“Uma das medidas mais importantes para a prevenção e controle de infecções é que os profissionais de saúde pratiquem a higiene adequada das mãos. E isso significa apenas limpar regularmente as mãos onde quer que estejam interagindo com os pacientes. Agora, para fazer isso, é claro, eles precisam ter acesso a bastante água e sabão. E também as compressas com álcool podem ser muito úteis porque são mais rápidas e fáceis para os funcionários usarem”, diz Johnston.
O pesquisador destaca que a higiene das mãos é importante para proteger os pacientes, cuidadores e visitantes, mas também os próprios profissionais de saúde. “Médicos, enfermeiros e outros funcionários das unidades de saúde são muito vulneráveis ​​a contrair infecções por meio de todos os contatos que têm com pessoas doentes”, diz.
O Controle de Infecção no Brasil foi regulamentado em 1983. Uma portaria do Ministério da Saúde, de 1998, exige a criação de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para que os hospitais coloquem em prática as ações do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) – um conjunto de ações com o objetivo de reduzir a incidência e gravidade das infecções nas unidades de saúde. Desde 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável pelas ações nacionais de prevenção e controle desse tipo de infecção.
A pesquisadora da Fiocruz destaca que a prevenção requer esforços conjuntos, incluindo profissionais da ponta, equipes de limpeza, médicos e gestores de saúde. “É um desafio muito grande combater essas infecções. É um trabalho muito árduo, que depende não só do profissional especializado”, afirma Diana. “A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar é a responsável por elaborar e implementar as medidas de controle de infecção num hospital”, completa.
Resistência De acordo com a OMS, um em cada dez pacientes afetados morre em decorrência da infecção hospitalar. Quando se trata de pacientes infectados por microrganismos resistentes, a mortalidade é pelo menos duas a três vezes maior.
A resistência aos antimicrobianos ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas não respondem mais aos medicamentos disponíveis. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros agentes antimicrobianos tornam-se ineficazes e infecções comuns tornam-se difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de disseminação de doenças, casos graves e mortes.
Nesse contexto, a prevenção das infecções hospitalares está diretamente relacionada com a prevenção de resistência microbiana nos serviços de saúde. O uso indiscriminado de medicamentos em práticas hospitalares tem contribuído para o aumento da resistência, como explica a pesquisadora Ana Paula Assef, da Fiocruz.
“A rotina hospitalar, por exemplo, conta com uma série de procedimentos invasivos que são portas de entrada para as bactérias – como a utilização de ventilação mecânica e de cateteres venosos. Em consequência ao aumento das infecções hospitalares associadas a esses instrumentos, o uso de antibióticos é intensificado, o que promove a seleção de bactérias resistentes nesse ambiente”, diz.

Fonte: CNN Brasil Online.