Saúde confirma 1º caso de nova subvariante da Ômicron

O Ministério da Saúde confirmou ontem o primeiro caso de covid-19 pela subvariante XE (recombinante da BA.1 e BA.2 da Ômicron). A pasta foi notificada na quarta-feira pelo Instituto Butantan.

O que diz a mídia

O Ministério da Saúde confirmou ontem o primeiro caso de covid-19 pela subvariante XE (recombinante da BA.1 e BA.2 da Ômicron). A pasta foi notificada na quarta-feira pelo Instituto Butantan.

Em nota, o ministério diz manter constante monitoramento do cenário epidemiológico da covid-19. “Reforça a importância do esquema vacinal completo para garantir a máxima proteção contra o vírus e evitar o avanço de novas variantes no País”, acrescentou.

Embora ainda sejam necessários mais estudos sobre a descoberta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a subvariante conhecida como XE pode ser a mais infecciosa dentre todas as versões já identificadas do novo coronavírus até o momento.

Desde que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido, em 19 de janeiro, mais de 700 casos já foram associados ao recombinante, segundo autoridades britânicas. Embora no Brasil a situação tenha se estabilizado, China, Reino Unido, Alemanha e França, por exemplo, voltaram a registrar aumento de infecções causadas pela Ômicron e subvariantes.

A pesquisadora e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino avalia que, daqui em diante, é preciso acompanhar recombinantes ou variantes que venham da Ômicron, assim como o cenário no Reino Unido com a subvariante XE. “Os países que ainda não tiveram a Ômicron vão ter. No entanto, com a vacinação e infecção prévia pela Ômicron, é provável que não tenhamos grandes surtos, embora a gente precise acompanhar os números”, diz.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, concorda que há menos chances de a XE ser uma subvariante de preocupação.

“Diferentemente da Ômicron, que chegou e em semanas atingiu o planeta inteiro, hoje temos uma situação que vemos a substituição de uma variante ou subvariante por outra. Os mecanismos de evasão e escape dos vírus são esses mesmos”, acrescenta.


RECOMBINANTE

A subvariante XE é um recombinante que mistura materiais genéticos da BA.1 – cepa original da Ômicron – e da BA.2, uma subvariante da Ômicron. Ou seja, uma pessoa pode ser infectada simultaneamente por duas sublinhagens da mesma variante.

A situação também pode ocorrer com duas cepas diferentes, caso da Deltacron.
Estimativas da OMS apontam que a XE é aproximadamente 10% mais transmissível que a BA.2, mas ainda faltam evidências mais sólidas para determinar essa característica.

“Estimativas iniciais indicam uma vantagem na taxa de crescimento da comunidade de 10% em comparação com BA.2. No entanto, essa descoberta requer confirmação adicional.

A XE pertence à variante Ômicron até que diferenças significativas na transmissão e nas características da doença, incluindo gravidade, possam ser relatadas”, disse a organização, em nota, recentemente.

REINO UNIDO

Segundo as últimas estatísticas da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA), foram detectados 763 casos da Ômicron XE no Reino Unido até 22 de março, enquanto o país registra alta de infecções por covid19, a maioria detectada no sul e sudeste da Inglaterra, assim como em Londres. No último fim de semana, o país tinha 4,9 milhões de casos da doença, segundo o Instituto Nacional de Estatística (ONS). Na quarta, a Índia reportou que registrou o primeiro caso da XE.
Até agora, porém, não há evidências no Reino Unido que indiquem sintomas mais graves da subvariante.

A conselheira médica da UKHSA, Susan Hopkins, disse em comunicado que, como outros tipos, a maioria das variantes e subvariantes morrerá de forma relativamente rápida. “Este recombinante XE tem apresentado taxa de crescimento variável e ainda não podemos confirmar se tem uma verdadeira vantagem de crescimento. Até agora não há evidências suficientes para tirar conclusões sobre a transmissibilidade, gravidade ou eficácia da vacina”, disse.

“Com as próximas variantes e subvariantes, é provável que a imunidade associada à vacinação fique forte suficientemente para segurar novos picos, mas o vírus vai continuar circulando em baixa quantidade, apresentando alguma variação que o torne capaz de provocar pequenos surtos”, acrescenta Ester Sabino, da USP.

“Acredito em surto imediato, como o da Ômicron, somente em regiões como a China, que tem a população vacinada, mas pouca exposição anterior.
Já Brasil, Índia, África do Sul e Europa podem ter esses picos, mas não tão preocupantes”, acredita a pesquisadora.

Fonte: O Estado de S.Paulo