Vacina contra câncer de pâncreas tem bons resultados

Cinco anos atrás, um pequeno grupo de cientistas de câncer reunidos no restaurante de um hospital religioso em Mainz, na Alemanha, elaborou um plano audacioso: testariam sua nova vacina contra uma das formas mais virulentas da doença, um câncer notório por contra-atacar mesmo em pacientes cujos tumores foram removidos

O que diz a mídia

Cinco anos atrás, um pequeno grupo de cientistas de câncer reunidos no restaurante de um hospital religioso em Mainz, na Alemanha, elaborou um plano audacioso: testariam sua nova vacina contra uma das formas mais virulentas da doença, um câncer notório por contra-atacar mesmo em pacientes cujos tumores foram removidos.
A vacina talvez não conseguisse evitar essas recaídas, alguns imaginaram. Mas os pacientes estavam desesperados.
E a velocidade com que o câncer pancreático reaparecia poderia ser uma vantagem para os cientistas: para o bem ou para o mal, eles logo descobririam se a vacina ajudava.
Na quarta-feira, os cientistas relataram resultados que foram contra todas as probabilidades.
A vacina provocou resposta imune em metade dos pacientes tratados, e essas pessoas não apresentaram recidiva do câncer durante o estudo, uma descoberta que especialistas externos qualificaram como extremamente promissora.
MARCO. O estudo, publicado na Nature, foi um marco no movimento de anos para fazer vacinas contra o câncer sob medida para os tumores de pacientes individuais. Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center em Nova York, liderados por Vinod Balachandran, extraíram tumores e enviaram amostras para a Alemanha.
Lá, cientistas da BioNTech, empresa que produziu com a Pfizer uma vacina contra a covid-19 de grande sucesso, analisaram a composição genética de certas proteínas na superfície das células.
Usando esses dados genéticos, os cientistas produziram vacinas personalizadas, projetadas para ensinar o sistema imunológico de cada paciente a atacar os tumores. Assim como as vacinas contra a covid19 da BioNTech, as contra o câncer usavam a técnica do RNA mensageiro. Nesse caso, as vacinas instruíram as células dos pacientes a produzir algumas das mesmas proteínas encontradas em seus tumores extirpados, potencialmente provocando uma resposta imune que seria útil contra células cancerígenas de verdade.
“É o primeiro sucesso demonstrável – e vou chamá-lo de sucesso, apesar da natureza preliminar do estudo – de uma vacina de mRNA no câncer de pâncreas”, disse Anirban Maitra, especialista na doença do Anderson Cancer Center da Universidade do Texas.
O estudo foi pequeno: 16 pacientes, todos brancos, receberam a vacina, parte de um tratamento que incluía quimioterapia e um medicamento para impedir que os tumores escapassem das respostas imunes. E não pôde descartar que outros fatores tenham contribuído para melhores resultados.

Fontes: O Estado de S.Paulo/Benjamin Mueller.