Vacinação de crianças contra covid tem início lento na cidade de SP

A campanha de vacinação contra a covid-19 de crianças de 6 meses a 3 anos começou devagar na cidade de São Paulo

O que diz a mídia

A campanha de vacinação contra a covid-19 de crianças de 6 meses a 3 anos começou devagar na cidade de São Paulo. O imunizante Pfizer Baby começou a ser aplicado na capital paulista ontem em crianças com comorbidades – imunossuprimidos e com deficiência permanente – ou indígenas, como foi recomendado pelo Ministério da Saúde. Porém, nas quatro UBSs em que a reportagem do Estadão esteve presente – nos bairros Vila Mariana, Cambuci, Santa Cecília e Vila Madalena – poucas ou nenhuma criança foi vacinada.
De acordo com funcionários dessas unidades de saúde e também na análise de pediatras, o motivo do início lento é o público-alvo da campanha já que, nesta faixa etária, muitas crianças ainda não receberam diagnóstico de doenças crônicas ou deficiência.
Segundo a pediatra e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Mônica Levi, a lógica de priorização de imunização de pessoas com comorbidade fazia sentido no início da pandemia e para adultos, já que as doses de vacina estavam começando a ser produzidas e era preciso conter o número de mortes, mas não hoje nem para as crianças.
QUEIXA. “A recomendação da câmara técnica ao Ministério da Saúde foi de que fossem compradas doses suficientes para imunizar todas as crianças”, diz a especialista. Segundo ela, a estratégia utilizada pelo Ministério da Saúde na campanha infantil não considerou as especificidades das crianças.
“Eles pegaram uma tabela de comorbidades comuns em adultos e quiseram adotar para a campanha infantil. Isso não funciona”, diz.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que 699 doses do imunizante Pfizer Baby foram aplicadas ontem nas 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital.
PROTEÇÃO. Entre as poucas crianças que se vacinaram contra a covid-19 na capital paulista ontem estava o filho de Maria Aparecida Souza, Pedro, de 2 anos. Ele tem encefalopatia e transtornos do desenvolvimento.
“Eu fiquei sabendo que começaria a campanha de vacinação para os bebês hoje e fui incentivada na AACD a vacinar.
Decidi ir hoje (ontem) mesmo à UBS porque sei o quão importante é prevenir essa doença”, diz a mãe.
Com a baixa procura pela vacina, há risco de perda de doses.
A ampola da Pfizer Baby contém dez doses e, depois de aberta, tem validade de 12 horas.
Por isso, se ao final do dia, não forem aplicadas todas as doses, a vacina é perdida. São Paulo recebeu ao todo 34.840 vacinas pediátricas.
Os grupos de 6 meses de idade a até 2 anos e 11 meses estão recebendo a chamada Pfizer Baby (tampa de cor vinho), que é a única vacina autorizada atualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa faixa etária. O esquema vacinal será em três doses. A segunda dose deve ser administrada após intervalo de quatro semanas da primeira. A terceira pode ser aplicada oito semanas após a segunda.

Fonte: Giovanna Castro / O Estado de S. Paulo