Vírus respiratórios já sobrecarregam as UTIs infantis em São Paulo

Com a chegada do frio, hospitais em Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco têm visto uma explosão de crianças internadas.

O que diz a mídia

Com a chegada do frio, hospitais em Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco têm visto uma explosão de crianças internadas.

A causa principal são vírus respiratórios, comuns nesta época. A diferença neste ano, dizem os médicos, é que um número alto de bebês e crianças teve contato com esses vírus ao mesmo tempo, após dois anos de pandemia em que ficaram isoladas em casa.

O resultado é de sobrecarga: faltam leitos de UTI, se formam filas e já houve mortes de bebês à espera de uma vaga.

O Sabará Hospital Infantil, na capital paulista, adotou um plano de contingência para fazer frente ao volume excessivo de atendimentos em seu prontosocorro. Parte incluiu a abertura temporária de leitos externos e o aumento em 20% dos de internação para cuidados intensivos, totalizando 133 vagas dedicadas apenas a internação pediátrica. Na noite desta quarta-feira, o serviço encontravase com 95% de ocupação, valor alto em relação ao ideal de rotina hospitalar.

Os motivos de busca que têm pressionado o atendimento, ainda segundo o hospital, são a bronquiolite e as síndromes gripais, dentre essas últimas a covid-19, que apresentou aumento significativo nas últimas semanas, juntamente com outros vírus (rinovírus, metapneumovírus e enterovírus, bocavírus). “Em compromisso com a saúde infantil, ainda, temos um plano de expansão já em andamento para o próximo triênio”, informou.

INTERIOR

No interior paulista, as regiões de Campinas, Franca e Araçatuba têm alas pediátricas lotadas. Na segundafeira, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), se reuniu com representantes da Secretaria Estadual de Saúde e, segundo ele, foi definida a instalação de 70 leitos de enfermaria pediátrica e UTI neonatal na região. O cronograma ainda será definido. “Abrimos mais leitos, mas a situação continua crítica e, por isso, fizemos cobrança ao governo do Estado, que se prontificou a abrir mais vagas.

O momento é delicado”, disse Saadi, que fez apelo em favor da vacinação contra gripe e sarampo.
Em Araçatuba, a Santa Casa estava com 100% de ocupação de leitos na enfermaria pediátrica.
E o número de leitos já foi ampliado de 19 para 26.

Conforme o hospital, 21 crianças aguardavam vaga e a prefeitura pediu socorro ao Estado.
Em Franca, o pronto-socorro infantil Magid Bachur Filho convive com a superlotação desde a semana passada, quando crianças e bebês tiveram de esperar até seis horas pelo atendimento. Conforme a Secretaria de Saúde, uma média de 462 atendimentos tem sido registrada neste mês na unidade, que tem 11 médicos, no plantão diurno e noturno.
Também haverá reforço de 18 enfermeiros, aprovados em concurso público neste ano.

A Secretaria da Saúde paulista disse estudar a criação de vagas. “É importante salientar que a abertura de novos leitos não é prerrogativa apenas do Estado, mas também dos municípios e da União”, destaca, em nota. Conforme a pasta, São Paulo tem cerca de 600 leitos pediátricos de enfermaria, com ocupação de 49,8%, e aproximadamente 300 de UTI (43,8%).

SAZONAL

O infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta que em todo outono ocorre alta expressiva de doenças respiratórias, sobretudo em crianças, uma vez que o tempo seco é mais propício para a propagação do rinovírus, adenovírus e vírus sincicial respiratório, antecedendo a estação do vírus influenza (gripe). “Há um aumento natural nesta época, mas o que tem de diferente este ano é que houve aumento expressivo de casos em comparação com os dois últimos anos, em que não teve a circulação desses vírus”, explica.

Segundo ele, o distanciamento social e o uso de máscaras por causa da covid-19 reprimiram a circulação das viroses. “Isso acumulou crianças nessa idade suscetíveis”, alerta.

“Os sinais de alerta para buscar os serviços médicos, independentemente de qual seja o vírus, são falta de ar, cansaço, febre alta, tosse. São os sinais que os pais devem observar.”

Fonte: O Estado de S.Paulo