Webinar: Especialistas debatem cardiomiopatia e eventos cardioembólicos

A Associação Paulista de Medicina realizou, na última quarta-feira (17), mais uma edição de seu webinar, desta vez em parceria com as Regionais de Osasco e de São José do Rio Preto.

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A Associação Paulista de Medicina realizou, na última quarta-feira (17), mais uma edição de seu webinar, desta vez em parceria com as Regionais de Osasco e de São José do Rio Preto.

João Sobreira de Moura Neto, 1° vice-presidente da APM Estadual, foi o apresentador do evento, que teve como moderadores o presidente e o diretor de Defesa Profissional da APM Osasco, respectivamente Édson Umeda e Leonardo Giglio Dragone; e Leandro Freitas Colturato e Eduardo Palmegiani, respectivamente presidente e diretor Científico da APM São José do Rio Preto.

“Os temas de debate são riquíssimos, e tenho certeza de que irão acrescentar na prática diária, e a discussão só tem a favorecer nossos colegas, não só cardiologistas, mas de várias outras áreas de especialização”, enfatizou Dragone.

Cardiomiopatia causada por estresse

Marcos Valério de Resende, diretor financeiro da Socesp e médico ecocardiografista dos Hospitais Albert Einstein e Samaritano Paulista, foi o palestrante escolhido pela Regional Osasco para palestrar sobre cardiomiopatia por estresse. “A síndrome foi descrita em 1990, no Japão, e tratava de uma forma de doença miocárdica reversível, com comprometimento apical e que se acreditava, naquela época, que fosse recorrente, já que acometia várias partes do coração”, explicou.

O especialista também explicou que a doença ficou restrita ao território oriental, e a primeira descrição relacionada ao estresse foi realizada apenas sete anos depois, causada por eventos emocionais, diante da perda de entes queridos. “Somente 14 anos depois, após revisão, foram mostrados casos fora do Japão, com apresentação variada e atípica, ligada a desordens físicas e sem comprometimento de vasos epicárdicos.”

Estudos também registram que pessoas do sexo feminino são extremamente mais acometidas, principalmente a partir dos 70 anos. Entre os principais gatilhos, 36% dos casos estão relacionados a fatores físicos, em seguida estão os emocionais (27,7%), ambos (7,8%) e nenhum fator evidente (28,5%). “A maioria dos casos clínicos ocorre em mulheres com menopausa, apresentando dor aguda, com dispneia, tontura e manifestações de baixo débito cardíaco. Para o diagnóstico da doença, ressalto que é muito importante observar as alterações transitórias, porém, ainda precisamos desenvolver mais informações para termos um diagnóstico concreto”, ressaltou.

Apesar de ser uma doença reversível, não é benigna, e entre as principais complicações causadas pela cardiomiopatia por estresse estão taquicardia ventricular, arritmia, fibrilação atrial e edema pulmonar. “É um quadro variado e muito grave, podendo gerar sérias consequências para a saúde do paciente, desencadeando possíveis outros quadros”, destacou Resende.

Concluindo, o cardiologista falou sobre a relação com a Covid-19, enfatizando que pacientes tiveram comprometimento apical, acometendo pessoas jovens e do sexo masculino. “Precisamos destacar que os fatores relacionados ao aumento do risco da doença em decorrência da Covid-19 estão diretamente ligados à carga de estresse mental e físico, aumento de atividades simpática e inflamatória, que exigem diagnóstico diferencial de injúria miocárdica”, finalizou.

Eventos cardioembólicos na fibrilação atrial

O tema foi abordado por Alberto Menezes Lorga Filho, doutor em Cardiologia pelo InCor/FMUSP e responsável pelo Setor de Eletrofisiologia do IMC da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. “A fibrilação atrial é uma patologia muito antiga. O diagnóstico é muito simples, por outro lado, as formas de tratamento e conhecimento vêm crescendo e se modificando”, iniciou.

O palestrante explicou que a fibrilação atrial é um dos principais fatores relacionados à formação de trombos no átrio esquerdo. Ainda ressaltou que mesmo conhecendo toda a complexidade da doença, não existe prescrição correta de quando oferecer anticoagulantes antes do diagnóstico de FA ao paciente.

Outras formas de prevenção citadas pelo especialista são o uso de HAS-BLED, que avalia os riscos de sangramento dos pacientes e a consolidação dos NOACS, anticoagulantes não dependentes de vitamina K, que trouxeram uma comodidade muito grande de prática clínica e maior facilidade de manutenção de doses adequadas.

“Com a consolidação dos NOACs na prática clínica, conseguimos diminuir 19% dos AVCs, 10% das mortes por todas as causas, 51% de AVCs hemorrágicos e 52% de sangramento intracraniano. Esses são fatores que nos trazem uma importante segurança no tratamento do paciente, principalmente nos idosos”, enfatizou Lorga Filho.

De acordo com ele, para o diagnóstico de fibrilação atrial, é preciso registros de eletrocardiograma de 12 canais ou de derivação única em FA com duração mínima de 30 segundos. “É importante frisar que independente do padrão da FA, seja por episódio único, paroxística, persistente ou permanente, não está definida a necessidade de tromboprofilaxia.”

Concluindo, o especialista trouxe recomendações para pacientes que não podem recorrer ao uso de anticoagulantes: “Para paciente que tem contraindicação para anticoagulação a longo prazo e que realmente apresenta riscos importantes para sangramento ou tromboembolismo, a oclusão do apêndice atrial é a melhor recomendação”.

Encerrando o evento, João Sobreira agradeceu e parabenizou os palestrantes pelas excelentes aulas. “Em poucas horas, ampliamos nosso conhecimento, mesmo aqueles que não são destas áreas de atuação. A pandemia nos fez termos contato a distância, mas com certeza estamos muito mais próximos, compartilhando informações de diferentes especialidades”, concluiu.

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