APM realiza o primeiro warm up do Global Summit Telemedicine & Digital Health 2023

Para o presidente do GS, Jefferson Fernandes, a pandemia de Covid-19 permitiu a ascensão da Telemedicina no País. No entanto, agora é o momento para evoluir e disseminar informação

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O Global Summit Telemedicine & Digital Health APM chega à sua quinta edição neste ano. O evento da Associação Paulista de Medicina, que desde 2019 vem ganhando destaque nas áreas da Telemedicina e da Saúde Digital, acontece este ano de 20 a 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. E como forma de aquecimento, na última quinta-feira, 11 de maio, a sede da APM foi palco do primeiro warm up.

Para o presidente do GS, Jefferson Fernandes, a pandemia de Covid-19 permitiu a ascensão da Telemedicina no País. No entanto, agora é o momento para evoluir e disseminar informação, conhecimento e experiência para que a Saúde Digital continue prosperando e tenha um papel de protagonismo. “A capacitação e a educação são extremamente importantes não só para o médico, mas para todos os outros profissionais da área. Estamos vivendo momentos de grandes transformações, que já estão influenciando o cuidado do paciente, por isso, é fundamental que o conhecimento possa ser transmitido e a experiência possa ser dividida.”

No intuito de reforçar a importância do compartilhamento de informações, a primeira palestra do dia contou com a presença do presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde, Chao Lung Wen, apresentando o tema “Telemedicina de Logística e Telessaúde Integrada para a Saúde do Futuro 5.0”. Chao, que trabalha com Telemedicina há mais de 25 anos, destacou a necessidade de o setor rejuvenescer e se modernizar.

O médico relembrou que após a pandemia de Covid-19, o verdadeiro conceito de Telemedicina se confundiu, já que muitas pessoas assumem que o termo automaticamente descreva apenas as teleconsultas, sendo que, na realidade, abrange muito além. Para ele, a Saúde Digital também é fundamental para evitar desperdícios. “Telemedicina e Telessaúde são boas para criar linhas de cuidado. Para economizar e reduzir custos, é preciso promover saúde, manter o paciente saudável e, assim, reduzir de fato o custo no tratamento de doenças.”

O especialista acredita que até 2030, o atendimento exclusivamente presencial não será mais recomendado e que, neste período, haverá uma mudança tão grande no perfil demográfico que se não houver uma atualização nos conceitos, o sistema de Saúde entrará em colapso. “Ou nós somos capazes de aumentar tecnologias ou a Telemedicina estará fadada à banalização, o sistema precisa rejuvenescer. O futuro já está aqui, apenas não foi uniformemente distribuído. Temos que criar sistemas que gerem uma estruturação múltipla”, concluiu.

Qualidade

Em seguida, o cardiologista do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, Carlos Pedrotti, falou sobre “Medicina em escala – Como garantir a qualidade do atendimento”. Segundo o médico, o cuidado prestado nos atendimentos a distância já possui tão alto nível em sua qualidade, que já pode ser equiparado ao atendimento prestado face a face. “Isso nós vemos quando estamos dentro de um centro de pesquisa. Quando expandimos para o restante da população, para o mundo real, aí é que temos grandes dificuldades. Temos que brigar para ver se a qualidade no atendimento é possível de ser mantida.”

Pedrotti pontuou que um dos grandes benefícios da Saúde Digital é permitir muito mais facilidade no acesso aos dados do paciente, uma vez que no formato presencial as informações podem não se cruzar, sendo encaixadas em outros sistemas e sem haver diálogo entre os profissionais que participam do cuidado.

Além disso, o especialista destacou que, embora a Telessaúde seja uma facilidade, é fundamental que os médicos priorizem os principais critérios de segurança de seus pacientes, analisando em que momento precisam ser direcionados ao atendimento presencial por estarem diante de situações que podem caracterizar risco de vida.

O palestrante relatou que respeitar a autonomia do paciente é primordial, assim como a do profissional – ainda que este precise de capacitação, já que está começando a se adaptar ao sistema digital. “Temos que ter critérios para não transformar a Telemedicina e o atendimento a distância em um atendimento frio e sem consistência. É preciso haver controle na qualidade dos serviços de Telessaúde e Telemedicina, precisamos prestar atenção no que está sendo entregue para fornecer melhores resultados. Pergunte ao paciente e estabeleça protocolos.”

Inteligência Artificial

Dando continuidade às apresentações, o neurologista Victor Gadelha falou sobre Inteligência Artificial. Ele explicou que o termo se entende como tudo aquilo que não é uma inteligência natural, ou seja, vinda do ser humano, mas sim a possibilidade de adaptar o desempenho cognitivo para uma máquina como se ela fosse o homem, de forma repetitiva e eficiente. Atualmente, a IA está dividida em três categorias, sendo elas estreita, geral e super – esta, o padrão ouro, em que é possível performar igual ou melhor que um ser humano.

“A inteligência artificial é uma parte avançada das Ciências da Computação, que surgiu por volta de 1965, na Alemanha. Aprendemos muito sobre o tema e quisemos criar algoritmos capazes de dar diagnósticos, porém, entendemos que não é bem isso, mas que esta ferramenta, de fato, é para servir como um suporte na tomada de decisões visando ganhar eficiência no tratamento e na identificação de doenças. Além de tantas outras coisas que podemos fazer com ela, que vem alcançando uma performance impressionante em poucos anos”, explicou.

Para o palestrante, a transformação digital e a evolução matemática são fatores que podem explicar a melhora no desenvolvimento que a Inteligência Artificial vem tendo, possibilitando a aplicação de técnicas muito mais robustas, embora o setor ainda lide com uma série de desafios.

“O primeiro é o DataSet, o tamanho desse banco de dados. O segundo é o balanceamento das classes, temos que equilibrar ao máximo a performance na análise de dados raros. E o terceiro são as múltiplas variáveis, quanto mais dados eu coloco para treinar um algoritmo, mais difícil é realizar isso, já que lidamos com padrões muito complexos, o que acaba se tornando um grande desafio”, complementou.

Interoperabilidade

Encerrando as apresentações do dia, o diretor de Tecnologia de Informação da APM e copresidente do GS, Antônio Carlos Endrigo, falou sobre Interoperabilidade, relembrando que ela é dividida em quatro níveis, fundamental, estrutural, semântico e organizacional. Além disso, destacou que interoperabilidade e integração são dois conceitos completamente diferentes, uma vez que o assunto tema de sua palestra agiliza e facilita não só o esforço de se ter dados interoperáveis, como a qualidade do próprio dado em um único ambiente.

Apesar de o restante do mundo estar vendo um avanço na quantidade de dados operáveis, eles ainda são muito pouco utilizados. No Brasil, por conta da fragmentação dos sistemas de Saúde – tanto público quanto privado – e da distribuição irregular das informações, os dados também são afetados.

“Em termos gerais, a Saúde unifica as informações. O setor público está bem adiantado, embora o conjunto mínimo de dados existentes hoje ainda seja pouco. Mas, com isso, damos empoderamento ao paciente e ao prestador de serviço, já que facilita muito o desfecho clínico”, explicou.

Pensando nos gestores, a interoperabilidade permite a oportunidade de criar produtos, gerir a saúde populacional e prever riscos, tendo maior controle dos custos. Entre os desafios estão o impacto das incorporações tecnológicas, o aumento no custo da Saúde e a mudança que aconteceria no modelo de remuneração.

“Já por parte dos prestadores, eles teriam a oportunidade de ter uma crescente demanda nacional, lidariam com o constante uso de inovação e seriam remunerados por meio do novo modelo. No entanto, teriam que lidar com o desafio de fidelizar seus pacientes, conhecer novos desfechos clínicos e apresentar uma resolutividade médica abaixo do esperado”, finalizou.

Fotos: Alexandre Diniz